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Entrevista Ping Pong

De xerife do pelotão a gerente de Tecnologia

Alex Martins, gerente de Tecnologia da Lojacorr, foi entrevistado com exclusividade pelo Portal de Notícias Corretora do Futuro. Na ocasião, ele contou sua trajetória, desafios, expectativas e cobranças. Mostrou que tudo pode ser conquistado com dedicação, conhecimento e oportunidades abraçadas.

Alex Martins
Alex Martins e sua família

Quem já teve a chance de trabalhar próximo ao Alex Martins consegue descrever o quão leve é o relacionamento profissional ao lado dele. Cobranças sim. Rigidez, tanto quanto. Entretanto, toda a exigência é equivalente à responsabilidade de uma entrega, mas combinada com uma empatia com a mesma proporção da demanda. Alex Martins, dono de uma visão sistêmica ampla e sorriso largo, é dono também de humildade e perseverança. É aquele típico profissional com equilíbrio de sobra entre seriedade e a sensatez, compromisso e cuidado.

Formado em Administração, tem ênfase em Tecnologia da Informação. Possui habilitação em corretagem de seguros, e especialização em Gestão por Processos de Negócios e Gestão de Pessoas. Trabalha com foco no desenvolvimento das pessoas buscando soluções que visem gerar valor e experiência a cada uma delas, com atitude, liderança, organização, negociação, respeito, comprometimento e relacionamento. 

Portal Corretora do Futuro – Conte sua trajetória profissional até chegar à gerência de Tecnologia da Lojacorr. Foram muitos desafios?

Alex Martins – Realmente foram muitos desafios e oportunidades. Comecei a trabalhar com 12 anos de idade, ajudando meu pai em algumas obras na construção civil. Eu era servente de pedreiro e também fazia limpeza de terrenos com irmão e amigos, para ganhar algum dinheiro e ajudar em casa, sem deixar os estudos de lado, pois era algo que meus pais sempre me diziam, “nunca deixe de estudar”. 

Aos 14 anos passei em um processo seletivo da Guarda Mirim em Curitiba-PR. Foi aí que comecei a me desenvolver profissionalmente, fiz diversos cursos e consegui o meu primeiro emprego no Carrefour Comércio Varejista, como menor aprendiz. Foi uma experiência incrível, pois ali comecei a entender como funciona o mundo corporativo e de pessoas. Iniciei no RH auxiliando a gestora em todas as rotinas administrativas, desde integração de novos colaboradores até homologações em sindicatos. Eram cerca de 300 funcionários. Confesso que ali começou a minha paixão em trabalhar com pessoas. Tive muita disciplina, trabalhava pela manhã, fazia guarda mirim à tarde e, à noite, estudava no ensino médio. Na guarda mirim eu era também o representante da turma. (lá a nomenclatura era xerife do pelotão rsrs).

Aos 18 anos encerrou o meu contrato de trabalho no Carrefour. Eu precisava me alistar no quartel, assim não foi possível minha efetivação. Acabei não servindo por escolha minha, pois eu queria e precisava trabalhar. Voltei a trabalhar com meu pai. Tirei minha carteira de motorista e fiz um curso técnico de Administração. Isso me possibilitou conseguir um estágio na Lojacorr, com 19 Anos. Em agosto de 2007, iniciei na Lojacorr no departamento de cadastro. Eu incluía as informações das propostas de seguro dentro do sistema. Ainda era um alto volume de papel e o sistema era de terceiros. Em quatro meses entrei para o time de emissão, fazendo o acompanhamento das propostas/apólices, ou seja, todo o pós venda. Éramos apenas três colaboradores. Dividíamos as responsabilidades por volume de produção e seguradoras. Cada um cuidava, praticamente, de 10 a 12 seguradoras. 

Após dois anos fui efetivado. Já estava cursando a Faculdade de Administração e passei a fazer parte do time que lançava as comissões no sistema e fazia o fechamento para que o financeiro pudesse pagar. A Lojacorr tinha apenas duas Unidades e cerca de 15 colaboradores no total. Quando entrei para o time de comissões fui convidado a assumir o time de emissão e cadastro como supervisor. Ali comecei a exercer a liderança. A empresa foi evoluindo, novas áreas nascendo e estava sendo desenvolvido o Broker One, Sistema de Gestão, onde tive a oportunidade, junto com demais colegas, de participar na construção. 

Em 2012 fui nomeado Gerente de Operações, responsável por um time de 30 colaboradores, onde éramos responsáveis pelo acompanhamento de propostas, emissões, parcela pendente e cancelamento, sinistros e outros, ou seja, todo o fluxo do seguro. Em 2013 fiz uma pós-graduação em Gestão de Pessoas e, em 2015, convidei o Eder Santos, atual Gerente de Operações, a ser Coordenador de Operações. Juntos fizemos um grande trabalho com o time. 

Martins e Eder Santos

No mesmo ano iniciei um MBA em Gestão por Processos de Negócio e, em 2017, fui convidado a ser Gerente de Relacionamento e a desenvolver a área de relacionamento com as Unidades de Negócio (filiais da Lojacorr). Confesso que foi um baita desafio. Saí detrás da mesa e fui para a frente, entendendo muito a fundo o dia a dia das Unidades e dos nossos Clientes, os Corretores de Seguro. Viajei de Norte a Sul do Brasil fazendo alinhamentos e ouvindo muito nossos clientes. Como diz o Sr José Heitor (fundador): ‘temos que ter o ouvido no trilho do trem’. 

Em 2019 assumi também a Área Comercial, Marketing e Comunicação. Em conjunto com o time, fizemos evoluções e iniciamos uma vertical de experiência e aquisição de novos clientes. Nesse momento entendi que era preciso conhecer mais sobre seguros. Então fiz a minha habilitação de corretores de seguros. Isso me possibilitou conhecer profundamente os ramos e poder apoiar o time frente aos novos negócios. Em 2020 recebi o convite para a assumir a área de Tecnologia como Gerente. Isso aconteceu devido ao meu conhecimento de negócio e habilidades com Gestão de Pessoas, atuando com os times de engenharia de software, qualidade de software, automação, DevOps e Cloud, Infraestrutura e Segurança da Informação, Engenharia de Dados e Produto. O objetivo era levar tecnologia para o negócio. 

Passamos por uma grande transformação digital, iniciamos uma nova jornada com a implantação das metodologias ágeis, desenvolvemos times multidisciplinares (squads) com áreas de negócios, fizemos grandes entregas aos corretores, melhorando nosso produto Broker One, e outros dois produtos: um de integração com seguradoras através de automação e Apis e outro para gestão da administração da Lojacorr. Trocamos também todo o nosso parque de máquinas durante a pandemia, com toda a segurança necessária aos colaboradores e mudamos de sede, ou seja, toda a estrutura. 

Em 2022 finalizei meu MBA em Gestão de Tecnologia. Enfim, nesse ano completo 17 anos de Lojacorr e 4 anos a frente desse baita time, evoluindo nossos produtos e gerando ainda mais valor aos nossos clientes. 

Premiação como Líder Inspirador e Guardião Realizador, com o diretor Sandro Ribeiro e Raquel Santini, business partner da Lojacorr

PCF – Você chegou a planejar a sua vida pessoal e profissional, conciliando as atividades para alcançar esta posição ou abraçou as oportunidades que foram se abrindo em sua vida? Como foi esta construção?

AM – Sim, eu sempre sabia onde queria chegar, traçando objetivos e estudando muito. Quando comecei a trabalhar planejei fazer a faculdade, ter a minha casa, ter um carro, casar, ter filhos. Sempre converso com minha esposa e tomamos as decisões em conjunto sobre o próximo passo. Ela me apoia muito, sempre me incentivando. A Lojacorr, como uma empresa de oportunidades e vendo onde eu poderia chegar, foi me apresentando também novos desafios. Hoje sou um profundo conhecedor do negócio. Tomei decisões importantes, algumas muito difíceis e fui atrás de novos conhecimentos, pois a cada mudança, eu sabia o que seria exigido de mim. Agradeço muito a todos que fizeram parte de cada etapa, pois aprendi muito com cada time que liderava. Foi preciso muito equilíbrio entre a expectativa e cobrança que eu fazia comigo mesmo e tempo para realizar.

PCF – Como você costuma conciliar a atenção aos negócios e à família? Conte um pouco sobre sua família, costumes, hobbies e o que gostam de fazer juntos? Tem filhos e pets?

AM – Sou casado com a Karina, pai da Julia e tenho um cachorro chamado Matte. Tenho dois irmãos, um irmão gêmeo idêntico (sempre falo para as pessoas, porque somos muito parecidos e, às vezes, encontram ele na rua achando que sou eu rsrs) e outro mais velho. Meu pai já é falecido. Sou muito família. Gosto de estar sempre junto. Busco sempre o equilíbrio, separando um tempo para trabalho, estudos, passeios, esporte, momentos de descanso, viagem. Gosto de ir à praia e, dificilmente, recuso um convite para um churrasco. Escuto música também.

Alex Martins e seu irmão gêmeo

PCF – Tem alguma espiritualidade? Pratica esportes? O que costuma fazer nos momentos de lazer?

AM – Sou católico. Quando adolescente fui coroinha junto com meus irmãos, durante cerca de cinco anos. Foi um momento muito importante da minha vida, pois além de todo trabalho na igreja, visitamos muitos asilos e orfanatos. Sempre fazíamos arrecadações, montamos kits para levar nesses lugares. Faço academia, ando de bicicleta sempre que possível, nos finais de semana, busco respeitar o meu processo e progresso.

PCF – Você prefere TV ou livro? Indique um filme ou série e um livro que lhe trouxe bons ensinamentos?

AM – Eu prefiro livro, não sou muito de TV. Um livro que gostaria de indicar foi o “Open Leaders, proibido para mentes fechadas”. Ele aborda muito a colaboração e tem uma forma diferente de falar de liderança, formas de pensar e agir. Traz alguns casos também de empresas que se reinventaram. Estou lendo o livro “Lean Inception, como alinhar pessoas e construir o produto certo”, muito relacionado ao desenvolvimento de novos produtos e mvps.

PCF – A sua trajetória profissional começou como menor aprendiz e teve uma boa parte dela em Gestão de Pessoas. Conte um pouco sobre como esse perfil ajuda sua atuação profissional hoje em dia.

AM – Acredito que sempre fui um bom ouvinte e tenho muita empatia, isso me fez chegar até aqui. Desde muito cedo aprendi que são as pessoas que fazem as coisas acontecerem. Basta confiar no potencial delas, respeitar suas histórias, dar e receber feedback. Isso fez toda a diferença. Meu pai sempre foi uma referência para mim. Ele transparecia a confiança, o caráter e honestidade. É fazer o certo, porque é certo.

PCF – Nosso mercado visa proteger pessoas e patrimônios. Como você trabalha junto a sua equipe a valorização profissional e o papel desse time na sociedade? 

AM – Eu sempre começo uma agenda perguntando como eles estão, pois é preciso buscar o equilíbrio e eles estando bem, tudo em volta vai bem. Eu trabalho com muita confiança e autonomia com o time, todos têm grandes oportunidades. Valorizamos o trabalho de time, a colaboração mútua, o respeito. Sempre falo sobre a importância e o papel de cada um e qual é nossa responsabilidade como tecnologia gerando valor aos nossos clientes. Hoje grande parte do time conhece a importância do seguro na sociedade. Lembro da nossa convenção nacional em 2023, onde em um dos painéis de tecnologia um dos convidados falou que na seguradora onde trabalha os desenvolvedores de software conhecem seguros. A partir disso, pensar em soluções é muito melhor. Acredito muito nisso.

PCF – Como você acredita que a Lojacorr apoia o ecossistema de seguros no Brasil na busca pela proteção da sociedade? 

AM – A Lojacorr está sempre em busca de soluções que deem mais tempo para o corretor, o empoderando para que ele possa levar a proteção cada vez mais a pessoas e empresas, o tornando um profissional admirado pela sociedade, como descreve a nossa causa justa. 


PCF – O que mais te fascina no âmbito profissional?


AM – O que mais me fascina é a certeza de que nunca estamos prontos. Há sempre uma forma diferente de fazer as coisas, por isso a busca de novos conhecimentos sempre.  

PCF – Sendo gerente de Tecnologia, você percebe que pode fazer parte da história de milhares de vidas e famílias diretamente ligadas à sua atuação?


AM – Sim, totalmente, sem esquecer que tecnologia é apenas o meio. Quem faz são as pessoas. Sempre gerando novas oportunidades, incentivando cada colaborador a buscar o próximo passo. Eu me orgulho muito quando um colaborador conta pra mim suas conquistas. Hoje somos mais de 30 profissionais em tecnologia. Estamos espalhados por mais de 9 Estados do Brasil.

PCF – O que você diria para aquele profissional que está começando a carreira, ou que já está estabelecido, mas sonha em crescer profissionalmente?

AM – Tenha muita atitude, dizer ‘não’ é importante e garante o foco, mas cuidado para não dizer apenas ‘não’. Busque sempre o conhecimento, seja curioso, fique atento às tendências do mercado. Respeite o seu processo e comemore as pequenas conquistas. Ter alguém que se inspira é um motivador, mas não queira ser igual, são jornadas diferentes. Antes de ‘estar’ é preciso ‘ser’, ou seja, se você quer dar o próximo passo, já atue ‘como’, e o próximo passo vai acontecer naturalmente. 

PCF – Como você vê o futuro do mercado?

AM – O mercado de seguros cresce a cada ano, ainda há muito espaço para crescer, com estimativa de crescimento de 11,7% neste ano de 2024. Teremos o surgimento de novas insurtechs, a utilização de muita inteligência artificial, machine learning e blockchain. O papel e importância do corretor de seguros continuará relevante, como mostram estudos de preferência de consumidores sobre o papel consultivo do corretor buscando sempre analisar e oferecer o melhor produto que atenda às suas necessidades. 

PCF – Temos falado muito sobre o futuro e as habilidades que precisamos ter e desenvolver para estarmos preparados para ele. Na sua visão, como pensar no futuro, avaliando cenários e tendências, construindo empresas perenes para a sociedade? O que devemos e podemos fazer juntos para apoiar nessa construção? 

AM – Novamente me refiro a estar antenados às tendências do mercado. Falamos a todo momento sobre Inteligência Artificial e isso vai fazer muita diferença, mas não será a solução para tudo. Buscar a capacitação é fundamental e entender como essa tecnologia pode ajudar a sanar as dores e tornar os processos mais rápidos. Investir em práticas de governança, planejamento estratégico e buscar por soluções em nuvem (ferramentas, servidores) também é importante, pois além de poder ser acessada de qualquer lugar, trás mais segurança das informações, se implantada da maneira correta.