A dolorosa notícia da morte da brasileira Juliana Marins, que caiu em um penhasco durante uma trilha no Monte Rinjani, na Indonésia, serve como um alerta para o mercado de seguros.
Para o corretor, o acontecido mostra a necessidade de uma discussão aprofundada sobre a proteção em viagens internacionais e, mais especificamente, a cobertura para esportes radicais.
É um momento para o profissional se posicionar como um consultor, transformando a repercussão de uma tragédia em aprendizado sobre a importância de um planejamento securitário abrangente.
Para falar sobre as complexidades do tema e oferecer dicas práticas para a atuação dos corretores, buscamos a experiência de Gustavo Fontana Simões, gerente nacional de vendas da Vital Card, empresa parceira da Lojacorr.
Ele detalhou como as apólices de Seguro Viagem podem ser a segurança em destinos que oferecem desde o turismo de compras até as aventuras mais exóticas.
Além do básico na proteção familiar
Ainda que a fatalidade com Juliana Marins seja um evento raro, Simões alerta que acidentes graves se repetem em diversos destinos de aventura, surpreendendo viajantes desprotegidos. O Seguro Viagem surge, portanto, como um item de conveniência e de segurança fundamental.
Simões detalha as provisões da Vital Card para cenários tão críticos: em caso de morte acidental em viagem, a apólice prevê uma cobertura para o traslado do corpo ao país de origem.
Esse serviço envolve custos logísticos e burocráticos altíssimos e é garantido com um limite de 25 mil euros ou dólares. Complementarmente, a família no Brasil recebe uma indenização por morte acidental no valor de R$ 50 mil. Essas coberturas oferecem suporte financeiro e logístico em um dos momentos mais difíceis para a família do segurado.
Um aspecto que exige total transparência do corretor é a limitação referente a operações de resgate em locais remotos. Simões é categórico: essa é uma exclusão comum na maioria dos seguros brasileiros.
Ele explica a complexidade por trás dessa restrição: “Trata-se de uma operação em que as seguradoras encontram muita dificuldade de prestadores, além da burocracia inerente a cada país.”
Para o corretor, é preciso comunicar essa nuance, gerenciando as expectativas do cliente e, talvez, sugerindo que atividades em regiões de difícil acesso demandam planejamento de segurança adicional.
Esportes radicais exigem análise de regulamentação e de perfil do praticante
A popularidade dos esportes de aventura e radicais impõe ao corretor o desafio de decifrar as especificidades das coberturas. Simões esclarece a política da Vital Card: a seguradora estende a cobertura para todos os esportes que possuem confederação ou federação regulamentando sua prática, com a única exceção de artes marciais.
Essa abrangência não é aleatória; ela se baseia na premissa de que a existência de uma regulamentação por essas entidades promove um maior rigor nos padrões de segurança, reduzindo parte do risco.
A distinção entre o perfil do praticante também impacta diretamente a subscrição e a precificação do risco na apólice. Acompanhe.
- Esporte amador: esta modalidade é incluída em todos os planos da Vital Card sem custo adicional. Simões ilustra com um cenário comum: o viajante que, durante um passeio a um destino de neve, decide praticar snowboard ou esqui e sofre uma lesão.
Para a seguradora, essa é uma prática de lazer e, por isso, não exige valor extra na cobertura. O corretor deve destacar essa inclusão como um diferencial, especialmente para clientes que podem se engajar em atividades esportivas durante a viagem.
- Atleta profissional: esta categoria é direcionada ao cliente cujo objetivo principal da viagem é a prática intensa de um esporte ou a participação em competições. Neste caso, devido ao maior nível de exposição e ao risco da atividade profissional, é requerida uma cobertura adicional. O corretor, ao identificar esse perfil, deve orientar o cliente sobre a necessidade de uma proteção mais completa e específica.
Essa clareza na categorização permite ao corretor oferecer a solução mais precisa e justa, além de educar o cliente sobre a importância de declarar corretamente o propósito de sua viagem e as atividades que pretende realizar.
Corretor como facilitador da segurança
A principal orientação de Simões para o corretor ao vender um seguro para esportes radicais é enfática. “Atente-se às condições gerais de cada produto e verifique se o plano ofertado dispõe de cobertura para prática de esportes, seja amador ou profissional.”
Este é o ponto de partida para garantir que as expectativas do cliente estejam alinhadas com a realidade da apólice.
No cenário crítico de um acidente durante a prática, os seguros costumam oferecer ao segurado flexibilidade no protocolo de acionamento, visando a agilidade e a eficácia do suporte:
- Utilização da rede credenciada: o segurado pode optar por contatar a central de atendimento 24 horas da seguradora, que oferece suporte em português e direciona para a rede credenciada de hospitais mais próxima e adequada à sua necessidade.
- Atendimento direto e reembolso: para situações de menor gravidade, ou quando a preferência é por um atendimento médico específico, o segurado pode procurar o hospital de sua escolha e, posteriormente, acionar o seguro pela modalidade de reembolso.
- Emergências de alta gravidade: em situações de risco iminente, a prioridade é sempre o atendimento médico imediato. O acionamento do seguro ou a solicitação de reembolso podem ser realizados posteriormente, garantindo que a cobertura seja aplicada independentemente da ordem.
Além da cobertura médica e hospitalar, que é o cerne de qualquer Seguro Viagem, há a importância de outras garantias que compõem uma apólice abrangente e agregam valor à proteção.
- Repatriação médica: fundamental, esta cobertura garante o retorno do segurado ao seu país de origem em vida, com todo o suporte e cuidados médicos necessários, uma operação que pode ser de altíssimo custo e complexidade logística.
- Prorrogação de estadia: cobre as despesas de hospedagem caso o segurado precise estender sua permanência no destino após a alta hospitalar, até que esteja apto a regressar ao Brasil. Essencial para evitar gastos imprevistos e transtornos.
- Traslado entre hospitais: permite a transferência do segurado entre diferentes unidades hospitalares no país de destino, buscando um atendimento com maior capacidade, especialização ou recursos, se necessário.
- Regresso antecipado: arca com os custos de remarcação de bilhete aéreo caso o segurado seja impedido de prosseguir viagem por uma situação de força maior coberta, como o falecimento de um familiar.
O domínio dessas coberturas e a capacidade de articulá-las de forma clara, empática e consultiva são diferenciais para o corretor. Em um mercado que valoriza a personalização e a compreensão das singularidades de cada viagem, o conhecimento em Seguro Viagem para esportes radicais e o esclarecimento de suas limitações transformam um desafio em confiança e profissionalismo.
Saiba mais: Seguro Viagem obrigatório na Argentina apresenta novo cenário para corretores