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Entrevista

Júlia Senna: exemplo de sucessão na imprensa gaúcha

Jornalista, especializada no mercado segurador, mostra inovação, criatividade e empreendedorismo

Júlia Senna
Imagem: Divulgação

Em entrevista exclusiva para o Portal de Notícias Corretora do Futuro, Júlia Senna Carvalho, conta sobre sua vida, carreira, filhos e mercado. A empreendedora é editora-chefe da Revista JRS, diretora de Marketing e Comunicação da CVG-RS e repórter do Programa Seguro Sem Mistério   

Portal Corretora do Futuro: Conte sua trajetória profissional até chegar à Diretoria da CVG e JRS? Foram muitos desafios?

Júlia Senna: Eu tinha seis anos de idade quando ia com o meu pai ao centro de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, onde ficavam a maioria das seguradoras no início dos anos 2000. Dos bancos da Praça da Alfândega, onde foi o primeiro “escritório” do JRS, eu acompanhava, com os olhos curiosos e atentos da primeira infância, meu pai coletando informações, conversando com fontes, elaborando notícias e diagramando o periódico que nascia em 31 de julho de 2000: o Jornal Regional de Seguros. Nos primeiros anos, num papel jornal que saia tinta nas mãos, como dizia meu saudoso pai Jota Carvalho, fundador do JRS. 

Sempre ao lado da minha família, eu vi e participei nos anos seguintes do Jornal que virou Revista, que agregou Newsletter, Site, Programa de Rádio e Programa de Televisão. Para isso, eu me especializei em muitas áreas, principalmente a da comunicação, do jornalismo e da gestão. 

Como diz o ditado, “a palavra ensina, o exemplo arrasta”. E, ao ver meu pai e toda família engajada com algo que ia além de um negócio, mas era também uma verdadeira realização para todos, mesmo os maiores desafios que apareceram ao longo dessas mais de duas décadas, foram superados com leveza e com a certeza de estarmos no caminho certo. 

O maior desafio de todos sempre considero que seja estarmos atentos às mudanças de comportamento e em busca da inovação constante. Isso é algo que está no DNA da nossa empresa, que tem como propósito agregar as pessoas e o mercado de seguros através da comunicação. Nesse sentido, estamos na 4ª edição da Maratona da Inovação em Seguros neste ano, e inovamos até mesmo nos eventos tradicionais, como o 22º Troféu JRS, que este ano terá uma mudança de local muito significativa para o mercado.

Um dos nossos valores mais importantes é a frase “Ninguém faz nada sozinho”, que Carvalho dizia muito, e isso se reflete em tudo que fazemos. Reflexo disso, foi o convite por parte da então presidente do CVG RS, Andréia Araújo, para que eu assumisse a pasta da Diretoria de Marketing e Comunicação do CVG RS, em 2018. Ao qual eu aceitei com muita alegria e seguimos até hoje trilhando um caminho muito bonito em prol do desenvolvimento do mercado de seguros de pessoas.

Júlia e os pais

PCF: Você chegou a planejar a sua vida pessoal e profissional, conciliando as atividades para alcançar esta posição ou abraçou as oportunidades que foram se abrindo em sua vida? Como foi esta construção?   

JS: Eu diria que foi um pouco dos dois. Você precisa estar preparada para quando as oportunidades aparecerem. Uma coisa sem a outra não funciona.

Como nasci nesse mercado praticamente e tive muito incentivo de capacitação, trabalho e desenvolvimento pessoal e profissional por parte do meu pai (impossível não citá-lo rsrsrs). 

Para mim essa foi uma jornada leve e que fiz e faço todos os dias com muito amor.

Mas, como a vida tem suas gracinhas, em 2019 o meu pai nos deixou precocemente, tive que rapidamente “recalcular a rota”. E no meio deste recálculo, tive minha filhas gêmeas, Marina e Manuela, hoje com 4 anos de idade. Eu diria que foram elas, na ausência do meu pai, que se tornaram as minhas grandes incentivadoras para que eu continuasse a planejar os anos que estariam por vir, tanto pessoal quanto profissionalmente.

PCF: Como você costuma conciliar a atenção aos negócios, à vida social e familiar? Conte um pouco sobre sua família, costumes, hobbies e o que gostam de fazer juntos? 

JS: Num primeiro momento, assim que assumi como CEO do JRS, confesso que foi difícil conciliar tudo isso. Mas, graças a Deus, sempre tive uma família e uma rede de apoio incríveis, que me ajudaram nesse sentido. Aos poucos, me especializando em gestão e contando com os parceiros certos, a frase que está escrita na nossa parede no escritório “Ninguém faz nada sozinho”, foi se materializando também no investimento de capital humano cada vez maior. E isso me ajudou muito a conseguir conciliar todas as frentes. Hoje posso dizer que sou uma Júlia jornalista, Júlia do JRS, Júlia mãe da Marina e da Manuela, e assim vai…

Quando temos tempo livre em família, gostamos de nos reunir na casa da praia, ficar em Rainha do Mar/Xangri-Lá, que muitas pessoas do mercado já tiveram a oportunidade de conhecer com o “QG JRS”. Lá é um espaço que serviu de muitos encontros e ainda serve de encontros em família, com lembranças maravilhosas.

Poderia dizer que nosso “hobbie” é fazer um bom churrasco juntos (risos).

PCF: Tem alguma espiritualidade? Pratica esportes? O que costuma fazer nos momentos de lazer?

JS: Na minha humilde opinião, todas as crenças são genuínas e válidas. Eu me considero uma pessoa espiritualista (filha de Iemanjá). Sobre esportes, sou mais de frequentar à academia. Considero um momento importante que eu tiro pra mim mesma com meus próprios pensamentos. Nos momentos de lazer, costumo levar as gêmeas para conhecerem lugares novos, ver meus amigos (tenho um grupo grande de amigos e todos eles para mim são essenciais), ler e assistir séries.

PCF: Você prefere TV ou livro? Indique um filme ou série e um livro que lhe trouxe bons ensinamentos?

JS: Entre televisão ou livro há uma escolha praticamente impossível, gosto dos dois. Filme eu indico “O nome da Rosa”, que, embora mais antigo, fala de ciência e saber. Livro eu recentemente li “Os 4 compromissos”. Achei bastante válido, mas recomendaria também “A paciente silenciosa”. 

PCF: A sua trajetória profissional começou como repórter de Rádio. Conte um pouco sobre como esse perfil ajuda sua atuação profissional hoje em dia. 

JS: O rádio foi o meu primeiro amor. Em 2004, quando o JRS lançou o Programa Seguro Sem Mistério na Rádio Bandeirantes, eu acompanhava meu pai do outro lado do aquário (onde ficam os produtores do programa). Achava sensacional aquela condução de entrevistas e reportagens. Em 2014, ainda estudante de jornalismo, tive a oportunidade de trabalhar na Rádio Guaíba, e a vivência de uma redação de rádio me auxiliou ainda mais nas capacidades de apuração de fatos e critérios de noticiabilidade.

PCF: Nosso mercado visa proteger pessoas e patrimônios. Como você percebe que a comunicação pode ajudar nessa missão conjunta? 

JS: A comunicação é a verdadeira chave para termos um mercado que consiga levar ainda mais longe os seus produtos e benefícios. Quando o JRS agrega as pessoas e o mercado de seguros, estamos fazendo com que esse mercado se comunique. E um mercado que se comunica, é um mercado fortalecido. Prova disso é que o Rio Grande do Sul, Estado em que nascemos, representa 8% do mercado de seguros do País, enquanto que a população representa 5%. Alguma parcela positiva nisso certamente tivemos ao promover a comunicação desse setor, já que começamos por aqui.

PCF: Como você acredita que a Lojacorr apoia o ecossistema de seguros no Brasil na busca pela proteção da sociedade?

JS: A Lojacorr faz um trabalho que eu considero fundamental. É uma empresa que não só funciona como uma facilitadora importantíssima de mercado, tanto para corretores quanto para seguradoras, como também está sempre em busca de escutar a todos os envolvidos e inovar. Isso é o que faz diferença no nosso mercado e na sociedade.

PCF: O que mais te fascina no âmbito profissional? 

JS: O que mais me fascina é poder evoluir todos os dias e isso refletir na vida de todos que cercam a nossa empresa. Quando falo em evoluir, não me limito às questões externas e monetárias, mas evoluirmos sempre como pessoas que fazem um trabalho que realmente faz a diferença todos os dias na rotina do mercado de seguros.

Da esquerda para a direita: Bruno Carvalho (meu irmão e diretor do JRS), Filipe Tedesco (gerente) e Ana Carvalho (minha mãe e cofundadora do JRS)

PCF: Sendo diretora de um dos grupos mais importantes da imprensa do mercado segurador no Sul você percebe que pode fazer parte da história de milhares de vidas e famílias diretamente ligadas à sua atuação?

JS: Claro, isso fica perceptível no nosso dia a dia. Eu gosto muito de contar uma história que aconteceu recentemente conosco, afinal de contas é uma “prova social”: no ano passado, uma moça que tinha acabado de ser demitida da companhia em que trabalhava veio ao JRS e nos pediu dois ingressos cortesia para a Maratona da Inovação em Seguros. Nós concedemos as cortesias, pois um dos nossos valores também é “Acolhimento garantido”. Esse ano ela e o marido retornaram à redação do JRS para nos contar que estavam embarcando para outro Estado para liderar a filial de uma grande empresa de seguros em que eles se conectaram durante a Maratona. Não é demais ficar sabendo de uma história legal assim? E como essa, temos várias ao longo desses 24 anos de história.

Time de produção da Maratona da Inovação em Seguros, que são amigos também (Grupo Austral)

PCF: Como você avalia o alcance da JRS?

JS: O JRS nasceu no Sul, onde temos a nossa maior comunidade engajada, mas nós não nos limitamos por área geográfica. O digital de hoje em dia nos auxilia a romper fronteiras e estamos sempre estudando novas possibilidades.

PCF: O que você diria para aquele profissional que está começando a carreira, ou que já está estabelecido, mas sonha em crescer profissionalmente?

JS: Eu diria: não desista. Não tire os olhos do foco verdadeiro, o resto é distração. Mesmo que todos estejam fazendo ao contrário, se você tem no seu coração qual é o caminho certo, siga nele. Se prepare e se capacite. E me convide para ir junto, pois adoro um bom desafio hehehe

PCF: Como você vê o futuro do mercado da comunicação em seguros? 

JS: Eu acho que o futuro da comunicação não pertence a nós, mas aos nossos filhos e aos que virão ainda. Nós podemos apenas preparar a próxima geração. Podemos perguntar para Marina e a Manuela o que elas acham disso? 

PCF: Temos falado muito sobre o futuro e as habilidades que precisamos ter e desenvolver para estarmos preparados para ele. Na sua visão, como pensar no futuro, avaliando cenários e tendências, construindo empresas perenes para a sociedade? O que devemos e podemos fazer juntos para apoiar nessa construção?

JS: Na minha opinião, o que podemos fazer é exatamente o que eu disse acima: apoiar a próxima geração. Penso que a responsabilidade é de todos nós. E se nós estivermos dispostos a sempre trocar experiências, ideias e habilidades, ajudando uns aos outros, estaremos no caminho certo.