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ESG

ESG entra efetivamente na agenda das empresas de seguros

Vocação por proteger e nova Circular da Susep trazem protagonismo ao mercado brasileiro

Imagem: Freepik
Imagem: Freepik

Empresas de todos os setores e portes estão seguindo os pilares do conceito ESG, por questões de sobrevivência e competitividade. Essa é uma tendência mundial: segundo o relatório ESG Radar 2023, divulgado pela consultoria Infosys, as organizações devem investir US$ 53 trilhões nesta área até 2025, o equivalente a um terço dos ativos globais sob gestão.  

E o mercado de seguros, que naturalmente possui uma função de proteção social, vem ganhando destaque nesta atuação.

Pilares

A sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança, em tradução) chegou para mostrar que as companhias devem enxergar além do lucro, buscar ações para cuidar do meio ambiente, ter responsabilidade social e adotar melhores práticas de governança. Segundo um estudo realizado pelo The Boston Consulting Group (BCG), as que têm boas práticas nesses campos apresentam resultados melhores ao longo do tempo, e o conceito também pode ser critério de escolha dos investidores.

Environmental (Ambiental) – Como a empresa reduz o impacto ambiental e se preocupa com questões como aquecimento global e emissão de carbono; eficiência energética; gestão de resíduos; poluição e recursos naturais.

Social (Social) – Como a empresa respeita os seus parceiros: clientes, colaboradores e funcionários. Os temas envolvidos nesta pauta são inclusão e diversidade; direitos humanos; engajamento dos funcionários; privacidade e proteção de dados; políticas e relações de trabalho; relações com comunidades e treinamento da força de trabalho.

Governance (Governança) – Como a companhia adota as melhores práticas de gestão corporativa. Como diversidade no conselho; ética e transparência; estrutura dos comitês de auditoria e fiscal; e política de remuneração da alta administração; canal de denúncias.

Incentivo da Susep

O mercado de seguros, que naturalmente possui uma função de proteção social, até pouco tempo atrás não tinha um marco regulatório que demandasse ações sustentáveis. Após a publicação da Circular Susep 666/22, em agosto do ano passado, passando a vigorar em dezembro para as sociedades seguradoras segmentadas como S1, a pauta deixou de ser tratada como agenda paralela e passou efetivamente a fazer parte dos negócios das seguradoras.

Para a autarquia, o tema sustentabilidade é muito oportuno neste momento, e traz um processo extremamente inovador ao mercado de seguros, pois até agora, somente se tem notícia de que, no mundo, o Brasil tenha regulado o conceito.

O conceito ESG abrange o tripé governança, sociedade e ambiente. Dentro desse molde a Circular trata da gestão dos riscos de sustentabilidade: a própria segurada faz o estudo de materialidade e comunica este estudo, faz a inclusão desses critérios no Sistema de Controles Internos (SCI) e Estrutura de Gestão de Riscos (EGR) e pode aplicar esses critérios para precificação e subscrição de riscos. Aí se determina também a política de sustentabilidade, princípios e diretrizes, garantindo e sendo considerada na condução dos negócios. Dentro do processo de governança é considerada a alta administração, e o acompanhamento é feito através dos relatórios de sustentabilidade, apresentados não somente para o regulador (Susep), mas também para a sociedade.

O mercado de seguros pode contribuir decisivamente para a difusão de práticas sustentáveis em outros setores da economia, considerando seu papel de tomador de riscos e de investidor institucional.

Benefícios

Inúmeros estudos indicam que empresas com atributos de sustentabilidade levam a uma performance superior ao longo do tempo, e aumenta a busca por investimentos que gerem rentabilidade associada à impacto positivo no mundo. A pandemia evidenciou os assuntos socioambientais e as questões climáticas sempre foram prioritárias dentro do mercado de seguros, pelo alto impacto que pode sofrer com o avanço de crises do meio ambiente.

As práticas sustentáveis são uma forma de garantir que o mundo e os negócios tenham continuidade, então o mercado de seguros, que trabalha com prevenção de perdas para perenidade de projetos, deve ser protagonista também nesta área. A popularização das práticas ESG está ligada ao comportamento das novas gerações, que além do lucro, importam-se também com questões que incluem todo o processo dos diferentes players, isto é, têm preocupação com políticas de transparência, de meio ambiente, de direitos humanos, entre outros aspectos.

Seguradoras atentas

A gestão de riscos torna-se protagonista para a perenidade e sustentabilidade das empresas, por isso é de suma importância o investimento das empresas em cada um dos três pilares que compõem a sigla para o futuro da sustentabilidade.

Levantamento recente feito pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) mostra um salto de 43%, em 2016, para 73,7%, em 2021, no número de empresas do setor que levam em consideração questões ASG no desenvolvimento de produtos e serviços.

A SulAmérica, por exemplo, iniciou a integração da sustentabilidade à estratégia há mais de uma década, orientada por compromissos como os Princípios para o Investimento Responsável (PRI), os Princípios para Sustentabilidade em Seguros (PSI) e o Pacto Global da ONU. Hoje, aplicas as práticas ESG em sua jornada digital, no desenvolvimento de produtos e serviços, a fim de gerar impacto positivo para todo o ecossistema.

A filosofia “Good Company”, disseminada pelo Grupo Tokio Marine em todas as suas subsidiárias, se traduz em uma forma única, responsável e sustentável de conduzir os negócios e de fazer a diferença nas comunidades nas quais atua.  No Brasil, a Tokio Marine já desenvolve muitas práticas ESG e conta com uma agenda a ser ampliada de forma significativa nos próximos anos. Com o objetivo de compilar, propor e disseminar boas práticas e novas ideias baseadas em ESG, a Tokio Marine conta, inclusive, com um time multidisciplinar, formado por colaboradores de diferentes áreas. A constituição desse grupo faz parte de uma estratégia abrangente, que ganha a assinatura Tokio ESG, e está inserida no propósito de contribuir para a construção de uma sociedade mais justa, transparente e que use os recursos naturais de forma responsável.

Conhecimento valorizado

O conceito de sustentabilidade tem gerado inúmeras oportunidades para as seguradoras do País e, à medida que o Planeta avança em direção a um futuro sustentável, com atividades voltadas à conscientização para economias verdes, inclusivas e não poluentes, profissionais com conhecimentos acerca dessas práticas são cada vez mais valorizados e demandados.

Para quem pretende atuar no ecossistema da sustentabilidade, a Escola de Negócios e Seguros (ENS) criou a Certificação Avançada em ASG e Seguros.

Inédito no Brasil, o curso ensina os principais aspectos dos pilares ASG para o mercado segurador e demonstra como aplicá-los na cultura das empresas. Dividido em 11 módulos, o programa aborda a influência da pauta ASG na seleção de ativos destinados à constituição de reservas técnicas e mostra como desenvolver um processo robusto de disclosure, via relatório de sustentabilidade da Circular 666/22.