A era dos recursos humanos foi definitivamente substituída pela gestão humanizada. Isso quer dizer que os talentos não são mais ‘recursos’ nas organizações como no movimento industrial. As pessoas são o foco, estão acima da lucratividade. Por outro lado, o mais interessante é que as organizações modernas já enxergam o fato não como uma tendência. Mas sim, como um futuro presente que dá lucro, pode ser sustentável, gera rentabilidade empresarial e proporciona boas condições de trabalho.
O profissional do futuro já está entre nós e sabe bem como equilibrar suas habilidades a uma gestão humanizada versus resultados. Entre hard e soft skills, ele compreende que sua capacitação depende dele mesmo, de onde quer chegar e como alinhar com seus valores. Definitivamente, entende que ‘emprego’ está sendo substituído por ‘trabalho’. No futuro não muito distante, o profissional terá vários contratos de trabalho e poderá inclusive exercer atividades distintas entre elas, sendo multipotencial. Isso porque ele possui muitas habilidades, pelas quais pode ser remunerado. Entretanto, o que é importante ressaltar é que esse profissional do futuro não fará mais funções mecânicas, mas criativas e com propósito.
Autocapacitação e autoconhecimento
De acordo com a gerente de Gente e Gestão da Lojacorr, Luciana Grande, esse profissional do futuro precisa se autoconhecer constantemente, observando quem ele é, quais são seus valores, dons, talentos, visão de futuro e competências. “O profissional precisa saber o que ele quer para a vida dele e que tipo de profissional que ele quer ser. Primordialmente, ele deve identificar no que é bom, no que dá conta de entregar, no que é fácil e conectar isso a sua essência para a humanidade e para o próximo. Como transformar a sua potência de trabalho em resultado e soluções”, diz.
Todavia a gestora diz que é muito mais sobre o outro que o próprio profissional. De antemão, a liderança de si passa pela transformação que a pessoa quer gerar no mundo, por meio daquilo que ela é e sabe fazer.
“Esse direcionamento não é algo que uma empresa possa definir pelo colaborador no plano de carreira, mas sim gerida pelo profissional. Assim deve ser no futuro e isso é extremamente positivo, já que as empresas ganham profissionais mais robustos tecnicamente e pessoalmente. Para os profissionais, a autocapacitação e autoconhecimento serão requisitados e reconhecidos, o que proporciona mais trabalho a esse ser humano”, explica Luciana.
Gestão humanizada x resultados
Desde que as organizações existem, não há como ter chegado até aqui sem a intervenção do homem. Entretanto, a diferença da era industrial para o comportamento organizacional de 2023, por exemplo, é a forma como as empresas estão preocupadas em oferecer um ambiente de trabalho ideal para seus talentos por meio de uma gestão humanizada. Antes de tudo, houve também algumas lutas e revoluções que fizeram as organizações prestarem mais atenção às necessidades dos seus profissionais. Isso inclui desde remuneração, até reconhecimento, benefícios, confiança, saúde mental e colaboração.
Para Luciana, a lucratividade não deve nunca ultrapassar as questões humanas, só que a pandemia mostrou muito mais a necessidade de observar que o profissional satisfeito, feliz, reconhecido e saudável produz mais e melhor. “O ser humano é e sempre foi a razão da humanidade”, conta.
Valorização profissional e o formato de trabalho
O profissional de valor busca uma cesta de qualidades organizacionais para alinhar sua entrega. Em primeiro lugar, é importante dizer que o que retém talentos não é uma única coisa, mas sim várias delas e em equilíbrio. Sobretudo, salário versus reconhecimento resume que o profissional busca benefícios por questões financeiras, mas da mesma forma que deseja impactar e fazer a diferença.
Luciana explica que o trabalho já está bastante flexibilizado e que é uma questão de tempo que o formato híbrido nas contratações tome mais corpo. O profissional que procura apenas por contratação CLT deve abrir sua cabeça para contratos PJ, pois o futuro é multifacetado e não binário. É necessário se abrir para o novo e para as diversas formas de atuação profissional.
“Podemos hoje trabalhar em qualquer lugar com o anywhere office, e também precisamos entender as movimentações contratuais. Os resultados, no futuro, estarão muito mais ligados a projetos do que empregos. Dessa forma, o profissional deve observar como pode gerar valor para o mundo por meio das suas competências, tangibilizando isso em soluções. Esse é o mundo VUCA (sigla em inglês, formada pela primeira letra das palavras volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade. E ele já está presente hoje”, acrescenta.
Empresas humanizadas
A agência Humanizadas de Ratings ESG e Inteligência de Dados divulgou recentemente o relatório “Melhores Empresas para o Brasil 2023”. A pesquisa possui evidências de organizações que estão liderando a transição para uma nova economia no país: Capitalismo de Stakeholders. Essas organizações desafiam os paradigmas do século passado, e lucram a partir da paixão e de um propósito maior.
O estudo apresenta e detalha sólidas evidências de que não apenas é possível fazer negócios de uma maneira mais humana, consciente, sustentável e inovadora, como também comprovam que este é um novo paradigma e um modelo melhor para se fazer negócios visando a geração de valor compartilhado para todos os stakeholders.
Segundo a pesquisa, as organizações brasileiras humanizadas e reconhecidas como Melhores para o Brasil superam a média do mercado brasileiro em todos os capitais analisados: registram maior retorno sobre o patrimônio (615% acima da média do mercado em 12 anos), ambientes de maior bem-estar (156% entre lideranças e 174% entre colaboradores), melhor experiência da própria sociedade, famílias e comunidades em seu entorno (71%), ambientes de maior inclusão e diversidade (162% entre os colaboradores), maior percepção de transparência (124% entre as lideranças), melhor performance ESG (139%), relações mais positivas com os parceiros (80%), maior valor para o meio ambiente (162%), melhor experiência dos clientes (87%), melhor reputação da marca com os clientes (98%) e, é claro, maior perspectiva de futuro com os colaboradores (154%).
“As empresas reconhecidas como Melhores para o Brasil não são perfeitas, obviamente. Assim como nós, humanos, também não somos. No entanto, temos uma série de evidências que reforçam a tese de que a qualidade das relações com os vários públicos de interesse tem grande influência sobre a qualidade dos resultados das organizações. Os dados demonstram que é totalmente possível fazer negócios de uma maneira mais ética, consciente, humana, sustentável e inovadora e, desse modo, mudar as perspectivas de futuro do Brasil”, afirma Cassia Messias, co-CEO da Humanizadas.
Esse fator humano que compreende o seu papel na realização do propósito da empresa entrega mais valor ao cliente e aos parceiros desta empresa incrementando os resultados e a eficiência nos negócios, e impactando a sociedade como um todo. O maior diferencial das organizações humanizadas está justamente em reconhecer a importância sistêmica dessas relações e, assim, gerar valor para todos esses stakeholders – em múltiplas capitais.
“Acreditamos na integração do fator humano na performance das empresas. Reconhecemos que a valorização das pessoas no ambiente de trabalho é essencial para o sucesso a longo prazo. Isso envolve criar uma cultura de respeito, pertencimento e diversidade onde os colaboradores se sintam ouvidos, valorizados e seguros”, reintera Cassia.
Case de Humanização
A ClearSale, autoridade em soluções antifraude e crédito inteligente, está entre as empresas do ranking da Humanizadas. Para a organização, a empresa atribui estar entre as empresas mais humanizadas do Brasil à sua essência. “É necessário demonstrar confiança, vulnerabilidade, e não haver uma máscara entre perfil pessoal e profissional. Olhar para as pessoas como pessoas, gera resultados”, afirma Leonardo Ferraz, diretor de Pessoas da ClearSale.
A pandemia ensinou a sociedade a olhar mais para os aspectos humanos e as organizações perceberam a importância de trabalhar ainda mais o psicoemocional. “É possível perceber que há uma crescente na adesão de funcionários e criação de programas nesse sentido”, acrescenta.
No contexto atual, flexibilidade é um dos fatores mais importantes, além das oportunidades de desenvolvimento (carreira, feedback e liderança), que é o que realmente engaja as pessoas dentro da empresa.
“Nesses pontos, eu destacaria o papel da liderança e da gestão humanizada. Ainda que a empresa possua diversas políticas interessantes, apenas o líder pode torná-las verdadeiras. Por isso, com o trabalho remoto, as empresas precisam olhar ainda mais para a cultura da organização, para que os trabalhos e funções não se tornem iguais e o salário acabe se tornando a única motivação. Na ClearSale, acreditamos que uma gestão humanizada gera resultados, não é necessário escolher um ou outro”, diz.
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