O setor segurador brasileiro encerrou o primeiro trimestre de 2025 com crescimento de 5,9% na arrecadação, mesmo diante de um ambiente econômico marcado por instabilidade e juros elevados. De acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), o volume arrecadado com prêmios de seguros, contribuições para planos de previdência, capitalização e saúde suplementar totalizou R$ 188,8 bilhões no período.
Já os pagamentos de indenizações, benefícios, resgates, sorteios e despesas assistenciais somaram R$ 131,7 bilhões, o que representa um avanço de 11,4% em relação ao primeiro trimestre de 2024.
Segundo Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, o desempenho do setor foi impactado, sobretudo, pelos planos de Previdência Aberta, que sofreram retração em função do cenário econômico. As contribuições para essa modalidade recuaram 4,7%, o equivalente a R$ 2,2 bilhões a menos em receitas, ao mesmo tempo em que os resgates e benefícios pagos cresceram expressivos 26,5%.
A captação líquida dos planos de Previdência Aberta foi de R$ 5,4 bilhões no trimestre, uma queda de 65,4% frente ao mesmo período de 2024. Esse movimento reflete também a tendência observada na indústria de fundos de investimento, que registrou resgate líquido de R$ 39,8 bilhões, com saídas concentradas nos fundos de ações e multimercados. Mesmo os fundos de renda fixa, que ainda mantiveram captação positiva de R$ 43,2 bilhões, apresentaram desempenho significativamente inferior ao do ano anterior (R$ 134,4 bilhões), registrando o segundo pior resultado em cinco anos para o período.
Em tempos de incerteza e juros altos, os investidores brasileiros têm optado por aplicações mais conservadoras, como CDBs, LCIs, LCAs e títulos do Tesouro Direto atrelados à inflação. Embora os planos de Previdência Aberta tenham mantido saldo positivo, o ritmo de crescimento foi bem mais modesto.
O cenário pode se agravar com a nova regra de incidência de IOF sobre aportes em planos VGBL. A partir de 11 de junho de 2025, aportes que ultrapassarem R$ 300 mil em uma mesma seguradora até o fim do ano sofrerão incidência de 5% de IOF. A partir de 2026, a alíquota será aplicada a valores anuais acima de R$ 600 mil, mesmo que distribuídos entre diferentes instituições. A medida deve impactar negativamente o desempenho do segmento ao longo do ano.
Por outro lado, ao desconsiderar os efeitos da Previdência Aberta, observa-se que o setor teria registrado alta de 9,7% na arrecadação e crescimento de 6,0% nos pagamentos no comparativo com o primeiro trimestre de 2024, sinalizando um desempenho sólido em outras frentes do mercado segurador.