Entenda como a avaliação ESG tem influenciado o mercado de seguros agrícolas e suas implicações para produtores e seguradoras
A avaliação ESG (Environmental, Social and Governance ou, em português, Ambiental, Social e Governança) tem como objetivo medir o impacto e a postura das empresas em relação a esses três pilares. Quando uma empresa se distancia de boas práticas nesses aspectos, pode enfrentar desafios que afetam sua gestão de riscos. Adotar medidas para corrigir esses desvios contribui para relações sociais e ambientais mais equilibradas.
Nos seguros agrícolas, um dos poucos requisitos exigidos pelas seguradoras no momento da contratação é o envio do arquivo em formato KML (Keyhole Markup Language), que contém as coordenadas das áreas a serem seguradas.
Esse arquivo, ao ser visualizado no Google Earth, permite uma análise detalhada da localização e das condições da propriedade, sendo essencial para a realização de vistorias e para garantir maior segurança na operação.
As áreas rurais com pendências ambientais podem ser consultadas publicamente por qualquer cidadão no site do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Da mesma forma, é possível verificar terras inseridas em reservas indígenas. As imagens dessas regiões ficam armazenadas em bancos de dados específicos.
Quando uma seguradora recebe uma proposta de Seguro Agrícola, os croquis enviados no formato KML são comparados com as imagens disponíveis nesses bancos de dados. Se houver algum impedimento legal, como desmatamento ilegal ou ocupação irregular de terras indígenas, a proposta é recusada.
O mesmo ocorre para propriedades que foram autuadas por práticas de trabalho análogas à escravidão.
Nas últimas três safras, as seguradoras têm aprimorado esse processo de análise, resultando em um aumento no número de propostas recusadas. As penalidades para quem tenta contratar um seguro em áreas irregulares podem ser severas e afetar toda a cadeia, desde seguradoras até os produtores rurais.
Como cidadão, compreendo que tais medidas são necessárias para garantir a regularização do mercado. Quem desmata ilegalmente ou submete trabalhadores a condições degradantes não deveria ter acesso a créditos oficiais nem aos recursos da política de subvenção ao prêmio do seguro rural. Além disso, essas práticas devem ser responsabilizadas judicialmente.
Em uma perspectiva mais ampla, observa-se um aumento na consciência dos consumidores sobre essas questões. Em alguns países, legislações já exigem que as informações sobre a origem dos produtos sejam rastreáveis e indicadas nos rótulos, permitindo maior transparência.
Embora essa realidade ainda não esteja ao alcance de todas as classes sociais, é uma tendência crescente em mercados mais exigentes e nos países que importam produtos agrícolas do Brasil.
No contexto do Seguro Agrícola, o conceito de risco está passando por transformações, tanto em decorrência dessas questões socioambientais quanto por conta das mudanças climáticas. As seguradoras precisam estar atentas a essas mudanças e adaptar suas estratégias, especialmente em relação à subscrição de apólices e ao desenvolvimento de novos produtos.
Como consumidores e cidadãos, temos um papel importante nesse cenário. Devemos buscar informações sobre a procedência dos produtos que consumimos. Aparência não é tudo, o que realmente importa é a essência.
Consulta a áreas embargadas:
Ibama – Consulta Pública de Áreas Embargadas
Terras Indígenas:
Consulta de Terras Indígenas