O setor de etanol e açúcar no Brasil é essencial para a economia nacional, mas enfrenta desafios únicos na gestão de riscos e seguros. Estima-se que os ativos seguráveis das unidades de processamento alcancem R$ 220 bilhões, gerando um potencial de prêmios de seguros anuais de R$ 500 milhões, afirma o especialista e consultor em risco Waldemir Queiroz.
O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar e deve colher esse ano mais de 700 milhões de toneladas que serão esmagadas em 345 usinas para produção de etanol. Em maio, o tema chamou a atenção do setor de seguros com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na inauguração da nova planta industrial de etanol de segunda geração da Raízen.
O Etanol de Segunda Geração avança em importância com o tema “Transição energética” por se diferenciar pelo uso do bagaço proveniente da produção do açúcar e etanol comum para produzir mais etanol. O reaproveitamento, que também envolve ingredientes como palha e outros elementos residuais, proporciona aumento de até 50% na produção, sem aumento de área plantada, e índice 30% menor de emissão de gases de efeito estufa. Cerca de 70% dos equipamentos para o processo de transformação do E2G são produzidos no Brasil. A pegada de carbono é 80% menor que a gasolina comum.
“Embora se pense que o setor está concentrado nos grandes grupos produtores, os dez maiores grupos representam apenas 35% da capacidade total de moagem de cana. Portanto, os médios produtores de etanol e açúcar são a força vital da indústria de biocombustíveis no Brasil”, revela estudo realizado por ele juntos a clientes.
O setor agro tem diversas sugestões para melhorar a relação entre clientes e seguradoras. As Organizações têm avaliado a adoção de estratégias de consolidação de coberturas entre unidades para otimização dos custos, como relatado por Jamil Nasrallah, CFO da Araí Energy, que opera unidades em São Paulo, Goiás e Bahia.
A proteção dos ativos no setor de etanol e açúcar no Brasil requer uma gestão de risco eficaz e inovadora. As experiências compartilhadas pelos líderes do setor destacam a importância de investir em prevenção e adotar uma abordagem estratégica e integrada na gestão de seguros. A implementação de seguros paramétricos, embora promissora, ainda enfrenta desafios devido ao conhecimento limitado e à falta de adoção ampla no mercado. Além disso, a necessidade de equilibrar os custos de seguros com a capacidade financeira das empresas menores continua sendo um obstáculo significativo.
O autor da pesquisa afirma que para garantir a sustentabilidade e o crescimento do setor, é fundamental fortalecer as médias e pequenas empresas, que desempenham um papel vital na produção nacional. “A consolidação de coberturas entre unidades e a integração de departamentos internos podem otimizar custos e melhorar a eficácia das estratégias de mitigação de riscos. Com uma abordagem colaborativa e informada, o setor de etanol e açúcar pode continuar a prosperar, contribuindo significativamente para a economia brasileira enquanto enfrenta um ambiente cada vez mais desafiador”, conclui Waldemor Queiroz.
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Segundo ele, em sua pesquisa, Octavio Quartim, CFO da Rio Amambaí Agroenergia, destaca que não existem “usinas pequenas”. Cada unidade, por menor que seja, apresenta uma complexidade, faturamento e riscos superiores aos de muitas indústrias de grande porte no Brasil.
Os grupos independentes, apesar do tamanho e complexidade, muitas vezes não possuem uma estrutura dedicada à gestão de riscos e seguros. Célido Ricardo, superintendente da Usina Estivas em Arez, RN, relatou na pesquisa que investimentos em segurança desde 2019 resultaram em uma redução de 25% no prêmio de seguro patrimonial.
Desafios Financeiros foi um tema destacado na pesquisa. Pequenos e médios produtores enfrentam dificuldades para equilibrar os custos de seguros com sua capacidade financeira, levando muitos a operar sem cobertura. Carlos Alamon, gerente de controladoria da CBB em Vila Boa, GO, menciona que essa situação prejudica a sustentabilidade e o crescimento das empresas.
David Somlo, da corretora Itsy, aponta a desconexão entre as taxas de seguro e os riscos reais das operações. Ele sugere o uso de benchmarking para diferenciar as usinas mais eficientes. Segundo ele, as seguradoras muitas vezes não entendem completamente o trabalho de prevenção realizado, contribuindo para taxas inadequadas de seguro.
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