O seguro agrícola desempenha um papel de peso na proteção das finanças dos produtores rurais e na sustentabilidade econômica de municípios dependentes do agronegócio. Em um cenário de mudanças climáticas cada vez mais imprevisíveis, a demanda por seguros voltados para culturas de grãos, como soja, milho e feijão, tem crescido. No entanto, desafios importantes ainda impedem a ampla adoção dessa ferramenta, conforme destacou José Luiz Rodrigues, engenheiro agrônomo e sócio da AgroBR – Assessoria em Seguro Rural, em entrevista recente.
Principais desafios e oportunidades na comercialização
De acordo com Rodrigues, a comercialização de seguros para culturas de verão, como soja, milho e feijão, começou em maio, com o fechamento das vendas se aproximando. “Estamos na reta final das vendas, algumas seguradoras já encerraram as vendas em municípios onde atingiram a ‘capacidade técnica’, devido à alta concentração de vendas”, explica. Além disso, os recursos governamentais destinados à subvenção do seguro rural, essenciais para reduzir os custos das apólices, são limitados.
Apesar dos desafios, ele vê um grande campo de oportunidades. “Nos municípios com maior aptidão agrícola, além de grãos, há espaço para comercialização de seguros em outras culturas, como cana, café, frutas e hortaliças”, afirma Rodrigues. O mercado agrícola brasileiro oferece um potencial de crescimento promissor, desde que os corretores de seguros saibam aproveitar as janelas de contratação e orientar seus clientes de maneira eficiente.
Seguros para amendoim e café multirrisco: benefícios e recomendações
Recentemente, foram disponibilizados seguros para culturas como amendoim e café multirrisco, ampliando as opções de proteção para os produtores. Rodrigues enfatiza que o principal objetivo desses seguros é garantir a continuidade da atividade agrícola em caso de intempéries climáticas. “O seguro agrícola é a ferramenta mais ágil e líquida para proteger as finanças do produtor e de uma cadeia que inclui instituições de crédito, cooperativas e até o comércio local”, destaca.
Ele também ressalta a importância de uma abordagem consultiva na venda de seguros agrícolas. “O corretor precisa ouvir atentamente o cliente, entender o que ele planta, onde e em que condições, para, então, oferecer a cobertura adequada”, aconselha. Essa venda personalizada é essencial, pois as características das lavouras e os riscos climáticos variam significativamente de região para região.
Planejamento antecipado para uma proteção eficaz
Para evitar que os produtores deixem para contratar o seguro na última hora, Rodrigues recomenda uma orientação constante e antecipada por parte dos corretores de seguros. “Contratar com antecedência garante uma gama maior de produtos e melhores condições, como taxas menores e uma maior chance de ser contemplado pela subvenção federal”, explica.
Ele acrescenta que as seguradoras estão cada vez mais atentas às previsões climáticas, utilizando tecnologias avançadas, como imagens de satélite, para monitorar as condições das lavouras e ajustar suas janelas de vendas conforme o risco. Esse cuidado torna a contratação antecipada uma estratégia para os produtores que desejam garantir sua proteção.
Expansão do mercado e apoio aos corretores
Com o aumento das adversidades climáticas, a demanda por seguros agrícolas tende a crescer, mas Rodrigues alerta para alguns gargalos que precisam ser superados. “As seguradoras não podem vender mais do que é permitido pelos contratos de resseguro, e os recursos do governo para a subvenção ainda são escassos”, ressalta. Ele defende que o governo federal aumente os investimentos no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural para atender à crescente demanda por seguros no campo.
Além disso, Rodrigues vê a necessidade de um maior apoio aos corretores na comercialização desses produtos. “Na AgroBR, assessoramos mais de 75 corretores ativos em todo o Brasil, oferecendo conhecimento, informações de qualidade e boas opções de produtos para corretores e produtores rurais”, destaca. Essa assessoria é fundamental para ajudar os corretores a se especializarem no seguro agrícola, um segmento com grande potencial, mas que exige conhecimento técnico e uma abordagem diferenciada.
O mercado de seguros agrícolas no Brasil está em expansão, mas ainda enfrenta desafios, desde a limitação dos recursos públicos para a subvenção até a necessidade de capacitação dos corretores.
No entanto, com a crescente conscientização sobre as mudanças climáticas e a importância de proteger a produção agrícola, o seguro rural se consolida como uma ferramenta indispensável para a sustentabilidade do agronegócio. Como destaca Rodrigues, “vale muito a pena dedicar tempo a essa área, pois o potencial é enorme e pode trazer bons negócios para corretores, seguradoras e, principalmente, para os produtores rurais.”
