Alta nos roubos de carga impulsiona crescimento do seguro no Brasil, com foco em soluções tecnológicas e gestão de risco
O seguro contra roubo de cargas no Brasil teve um aumento expressivo de 29% na arrecadação no primeiro semestre de 2024, alcançando R$ 628,4 milhões, segundo dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg). Este crescimento está diretamente relacionado ao aumento da criminalidade, sobretudo em estados do Sudeste, como São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, que concentram a maior parte das ocorrências.
As seguradoras desembolsaram R$ 252 milhões em indenizações para cargas roubadas entre janeiro e junho de 2024, representando um aumento de 2,4% em comparação com o mesmo período de 2023.
O estado de São Paulo lidera o ranking de indenizações pagas, com R$ 148,7 milhões. Minas Gerais, no entanto, registrou o maior crescimento percentual, com um salto de 67,2%, chegando a R$ 29,7 milhões em indenizações.
O aumento dos roubos de carga tem impactado a reputação e as finanças das empresas. Segundo Ricardo Diniz, Diretor Comercial de Seguro de Transporte de Cargas da Transprime Seguros, “o roubo de carga impacta a empresa de muitas formas, tanto financeiramente, já que há a perda de um patrimônio importante, quanto em relação à sua imagem, que pode sair prejudicada caso ela não invista em formas de aumentar a segurança.”
Tecnologia como aliada
Com o aumento das ocorrências, empresas e seguradoras têm buscado soluções tecnológicas para minimizar o risco. O uso de sistemas de rastreamento veicular, por exemplo, tem permitido que as transportadoras monitorem seus veículos em tempo real, facilitando a intervenção das autoridades quando necessário.
“A tecnologia ajuda a transformar o cenário de roubos de carga atual, criando metodologias e ferramentas que aumentam a segurança do transporte,”, afirma Diniz. Ele destaca também o uso de roteirização inteligente, que permite evitar trajetos repetitivos, reduzindo a exposição a criminosos.
Datas sazonais, como Black Friday, Natal e Ano Novo, são períodos críticos, com maior incidência de roubos. Durante essas épocas, o transporte de produtos eletrônicos e alimentícios, como castanhas, frutas importadas e carnes congeladas, aumenta consideravelmente.
De acordo com Diniz, “as empresas procuram principalmente nessa época do ano não ficar sem o seguro de cargas, já que a incidência de roubo aumenta muito devido ao tipo e volume de produtos transportados.”
Regiões mais afetadas
A região Sudeste segue sendo a mais afetada pelos roubos de carga, com Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais respondendo pelos maiores números de ocorrências. Esses estados são os de maior movimentação de mercadorias, além de representarem uma significativa parcela da economia brasileira, o que eleva a sinistralidade nessa área.
“Sendo estes os estados de maior representatividade econômica, é natural que também concentrem o maior número de roubos de cargas,”, explica Diniz.
Gestão de risco e consultoria personalizada
Além do uso de tecnologias, Diniz destaca a importância de uma gestão de risco eficiente e do suporte especializado de corretores de seguros. Ele defende que o atendimento personalizado e a conscientização dos clientes sobre os riscos inerentes ao transporte são fundamentais para mitigar prejuízos.
“É preciso dar um atendimento personalizado para cada cliente, oferecendo uma consultoria de gestão de risco junto às cláusulas do contrato de seguro. Isso aumenta o conhecimento do cliente sobre o risco que ele corre em sua operação logística e o conscientiza a adquirir uma apólice com um corretor que realmente conheça o produto e ofereça suporte quando necessário.”
Dessa forma, o aumento das indenizações pagas e a adoção de novas tecnologias e práticas de segurança mostram que o setor deve estar preparado para lidar com as mudanças e desafios impostos pela criminalidade.
