As recentes enchentes que atingiram o Jardim Pantanal, na Zona Leste de São Paulo, e diversas localidades do interior do estado, como Pariquera-Açu, reacenderam a preocupação sobre os impactos dos alagamentos em veículos segurados.
Com ruas e avenidas inundadas, motoristas enfrentaram prejuízos consideráveis, levantando dúvidas sobre a cobertura do Seguro Auto nesses casos.
Cobertura compreensiva e suas exigências
A cobertura compreensiva, ou “seguro total”, é a opção mais completa do mercado e inclui proteção contra roubos, furtos, colisões, incêndios e danos causados por fenômenos naturais, como enchentes. No entanto, mesmo com essa cobertura, há critérios que podem levar à recusa do sinistro.
De acordo com especialistas do setor, o seguro cobre danos causados por alagamentos desde que a situação de risco tenha sido inevitável. Ou seja, se o nível da água subir repentinamente enquanto o motorista tenta sair de uma área perigosa, o sinistro pode ser aceito.
“Você só será amparado se o dano for realmente acidental, como a água subindo repentinamente enquanto o motorista tenta sair de uma situação perigosa para proteger sua família. Caso contrário, a seguradora pode negar o reembolso”, explica José Marcos Alonso, diretor regional do Sindicato dos Corretores de Seguros em Ribeirão Preto.
Porém, se for constatado que o condutor tentou atravessar um local já alagado, a seguradora pode interpretar como exposição intencional ao risco e negar a indenização.
Quando o seguro pode não cobrir os danos
Casos em que o motorista se arrisca ao dirigir em áreas alagadas podem ser enquadrados como negligência, levando à recusa da indenização. Por isso, é fundamental alertar os segurados sobre os riscos de trafegar em enchentes e a importância de seguir as recomendações das autoridades locais.
Além disso, muitos condutores contratam apenas o seguro contra terceiros, que não cobre prejuízos ao próprio veículo. Esse tipo de apólice protege o segurado apenas de responsabilidades civis, mas não cobre danos como os causados por alagamentos.
O papel do corretor na orientação ao cliente
Diante dos transtornos causados pelas chuvas, a atuação do corretor de seguros se torna ainda mais essencial. Além de esclarecer os detalhes da cobertura no momento da contratação ou renovação, o corretor deve orientar o cliente sobre a melhor forma de proceder em caso de sinistro para evitar negativas indevidas.
O ideal é que o segurado consulte seu corretor antes de acionar a seguradora, garantindo que o pedido seja feito corretamente. Um erro de comunicação na abertura do sinistro pode comprometer a indenização.
Contexto atual e impacto das enchentes em São Paulo
Nas últimas semanas, o Jardim Pantanal e outras regiões do estado enfrentaram volumes de chuva muito acima da média. Em Pariquera-Açu, por exemplo, choveu em poucas horas o equivalente ao volume esperado para todo o mês de fevereiro, levando o município a decretar estado de emergência.
Com as mudanças climáticas aumentando a frequência de eventos extremos, a conscientização sobre os seguros e suas coberturas se torna indispensável. Corretores bem informados desempenham um papel fundamental na educação dos clientes, ajudando-os a evitar prejuízos financeiros e a tomar decisões mais seguras para proteger seu patrimônio.