A procura pelo seguro de crédito tem aumentado ano a ano. Desde 2020 são ao menos dois dígitos em média. Além dos casos de recuperações judiciais, famosos nos últimos anos, as empresas como um todo estão se conscientizando cada vez mais sobre ter proteção nas contas a receber de seus balanços. Isso, principalmente para eventos que não pode prever. E também significa maior compliance interno de seus processos, que mostra uma preocupação com o futuro da empresa no longo prazo.
Isso porque os riscos mais comuns vistos nos últimos anos referem-se ao não pagamento das invoices. Esse é o termo usado para nomear uma fatura emitida em casos de transações comerciais entre uma empresa e clientes que estão em países diferentes. Trata-se da mora prolongada da dívida pelo importador, sendo o tipo de sinistro mais comum.
Geralmente, o prazo de pagamento que exportadores concedem a seus importadores no exterior é mais longo, podendo ultrapassar 180 dias. Assim, ter proteção contra atrasos é muito importante para o exportador. Por conta do prazo longo tem que financiar a venda a seu cliente no exterior. É o que afirma o diretor Comercial da Allianz Trade, Luciano Mendonça.
Segundo ele, o seguro de crédito à exportação é uma ferramenta financeira que protege os exportadores contra o risco de não pagamento por parte de importadores no exterior. “Este tipo de seguro é especialmente relevante nos mercados internacionais. Sobretudo porque há fatores como instabilidade política, mudanças econômicas ou problemas financeiros dos importadores podem aumentar a incerteza e o risco de não pagamento”, afirma.
Porque o brasileiro deve olhar para o seguro de crédito?
O Brasil está caminhando para um cenário de obrigação de registro de todas as duplicatas comerciais do mercado por parte de seus emissores. Isto está começando pelos FIDCs, que têm prazo até novembro deste ano para se conectar com as registradoras e formalizar o registro das duplicatas antecipadas por cedentes. Logo em seguida, empresas terão de registrar suas duplicatas emitidas. Este novo mercado regulatório determinado pelo Banco Central vai aumentar o potencial de crédito B2B no mercado. E especialmente no mercado de crédito não bancário. Definitivamente, isto é uma grande oportunidade para corretores de seguros.
Entretanto, o seguro de crédito é ainda pouco difundido no Brasil, segundo Mendonça. Há oportunidades no setor de fundos de investimento em direitos creditórios, FIDCs, e também no setor de energia. Há a possibilidade de migração de pequenos consumidores para o mercado livre de energia. “Também bancos e instituições financeiras tendem a usar mais o produto de seguro de crédito, trocando o risco de não pagamento de sacados pelo rating das seguradoras, e melhorando o rating médio de duas carteiras de risco”, destaca.
Desafios do seguro de crédito
Sobretudo, qualquer empresa exportadora pode contratar seguro de crédito à exportação para qualquer país do mundo contra importadores segurados pela Allianz Trade. Há exceção de países onde existam restrições políticas e econômicas por conta de deliberações de organismos internacionais como Nações Unidas ou Comunidade Europeia. “Estes países com restrições geralmente não participam do sistema internacional de pagamentos ou não têm reservas internacionais em volume suficiente que permita conversão de moedas nacionais”, conta Mendonça.
Ademais, esse tipo de seguro é bastante especializado. Cada exportador tem uma apólice específica com termos e condições próprios que “veste” sua necessidade e não serve a nenhuma outra empresa. Por isso, a especialização do corretor de seguros neste produto é o que vai fazer a diferença dele no mercado competitivo de corretores e garantir a renovação da apólice por anos à frente.
Como funciona o produto de seguro de crédito à exportação
Em suma, o seguro de crédito à exportação oferece cobertura contra uma variedade de riscos, incluindo:
– Risco comercial: insolvência ou não pagamento das invoices por parte do importador por qualquer razão.
– Risco político: abrange eventos como guerras, revoluções, expropriações, ou mudanças nas regulamentações que possam impedir o pagamento.
– Risco de transferência: relacionado a restrições governamentais no país do importador, como a inconversibilidade da moeda, que dificulta ou impede a realização do pagamento.
Por outro lado, o produto é muito simples. Antes do embarque da mercadoria, o exportador solicita cobertura de crédito sobre o importador no país destino. A seguradora então avalia o risco associado àquele importador e ao país onde ele está localizado. Isto inclui a análise da solvência financeira do importador e a estabilidade política e econômica do país. Com base nessa avaliação de risco, a seguradora emite uma apólice de seguro que detalha os termos e condições da cobertura, incluindo o valor segurado e os riscos cobertos. Por sua vez, o exportador paga um prêmio à seguradora, calculado como uma porcentagem sobre o valor das exportações seguradas.
Em caso de não pagamento por parte do importador, o exportador pode acionar a apólice e solicitar a indenização. A seguradora processa o pedido de indenização e indeniza o exportador conforme os termos da apólice.
Esse seguro tem como um dos principais benefícios a proteção contra a inadimplência, proporcionando segurança financeira ao exportador e assegurando seu fluxo de caixa futuro. Empresas com apólices de seguro de crédito à exportação também podem encontrar mais facilidade na antecipação das invoices junto a instituições bancárias, pois estas vêm estes recebíveis como livres de qualquer risco. “Além disso, possibilita que os exportadores possam explorar novos mercados e importadores com mais confiança, sem o receio de haver não pagamento. Por fim, a garantia do seguro permite uma melhor gestão do fluxo de caixa, fundamental para a saúde financeira de qualquer empresa”, esclarece o diretor.
Oportunidades de negócios para o corretor de seguros
Segundo a FENACOR, no Brasil há aproximadamente 55 mil corretores de seguros registrados na Susep, dos quais 44 mil estão no estado de São Paulo. De todo este número, há não mais do que 20 corretores de seguros especializados em seguro de crédito e, portanto, para um corretor que queira se especializar em um produto novo, este é o produto certo. Entre as mais de 20 milhões de empresas em potencial para prospecção pelos corretores de seguro, estima-se que não existam mais do que 2 mil apólices de seguro de crédito emitidas.
Ademais, o seguro de crédito tem taxas de renovação de mais de 90% e isto constitui uma fidelidade de longo prazo para um corretor de seguros. Especialmente no seguro de crédito à exportação, a apólice Allianz Trade pode ser utilizada para antecipação de recursos junto ao Banco do Brasil no programa de incentivo às exportações PROEX, com taxas especiais para os exportadores que se enquadram nas condições.
O seguro de crédito à exportação pode ser contratado a qualquer tempo no ano. No entanto, os corretores devem estar atentos a produtos que têm embarques concentrados em determinadas janelas do ano, como por exemplo, setor de mármores e granitos e produtos agrícolas.
“Por último, para o corretor de seguros que queira aprender sobre este segmento, a Allianz Trade patrocina os eventos de treinamento Allianz Trade Academy tanto na nossa sede em São Paulo, como em filiais da Allianz Seguros espalhadas pelo Brasil. E mesmo depois do treinamento, nosso time de atendimento acompanha o corretor nas suas primeiras vendas”, acrescenta Mendonça.