Em meio às palestras tão proveitosas dessa edição do Conec em 2023, um dos questionamentos importantes foi se os corretores de hoje estão preparados para o mundo digital. Para os líderes do setor presentes ao evento, é preciso oferecer suporte para que os profissionais de todas as idades possam abraçar a tecnologia sem medo, mas sem desproteger o cliente e sem esquecer dos valores.
De acordo com Amit Louzon, CEO da Ituran, empresa israelense que fornece serviços de rastreamento e recuperação de veículos roubados, é imprescindível que os corretores estejam atentos a todas as tecnologias digitais disponíveis no mercado, pois há público para todos os produtos e serviços.
Como será a convivência entre corretoras tradicionais e digitais?
Sabe-se que o cliente precisa de um consultor que esteja próximo, disponível e atualizado. De sua parte, o corretor precisa se preparar para o mundo digital, e não apenas para “capturar leads” e vender. Hoje os profissionais mais jovens usam muito as redes sociais, e a entrada de clientes se dá por esses canais.
Com relação ao uso do ChatGPT e outras ferramentas, é preciso estar atento à evolução da tecnologia, pois não vai parar por aí. E o corretor não pode se acomodar, precisa usar o que existe de melhor, com critérios.
“O corretor precisa se preparar para isso. Usar para precificação de cliente, e o sistema pode ajudar a oferecer o produto correto para o cliente em potencial. Sabemos que o cliente da classe C não é o mesmo cliente que tem um HB20 novo. As necessidades são diferentes e também as capacidades financeiras. Se pensarmos que hoje 70% dos proprietários de carros no Brasil não têm seguro, como fazer para captar esse mercado enorme?”, cita o CEO da Ituran.
Corretor não deve resistir à tecnologia
Para Marcelo Mello, presidente de Investimentos, Vida e Previdência da SulAmérica, a inteligência artificial representa um tsunami que estamos vivendo e aprendendo ao longo do caminho. “Precisamos estudar as ferramentas para saber como elas podem ajudar no dia a dia, atualizar-se. É como o papel do analista de investimentos, e vale também para corretores focados em benefícios. “Temos que ter ‘empatia digital’, e não resistência à tecnologia. Procurar entender a ferramenta e como inseri-la naturalmente na rotina, sempre pensando na valorização do corretor. O mais importante é a definição de uma estratégia digital para ajudar na customização de clientes”, destaca Mello. Por outro lado, sabemos que usar bem a IA hoje é um desafio em todos os setores, ressalta o executivo.
IA ajuda a pensar soluções simples
Já Roberto Santos, CEO da Porto Seguro, lembra que o mundo digital é muito mais que as ferramentas. Antes, envolve uma mudança rumo ao ‘mindset digital’. “Precisamos entender e construir soluções procurando atender às necessidades do consumidor. Formar jornadas pensando no segurado, com tecnologia que suporte isso. O consumidor de hoje precisa de simplicidade, velocidade, e ao mesmo tempo resolubilidade. As seguradoras devem apoiar o corretor na utilização dessas tecnologias para podermos manter nosso apelo: vender proteção. O desafio é que o corretor precisa entender a necessidade do cliente”, salienta Santos.
Sem medo de ser feliz
Eduardo Borges, vice-presidente do grupo Autoglass e head da Maxpar Soluções, lembra que a adesão às novas tecnologias é um processo que pode gerar desconforto e medo ao corretor, assim como a qualquer profissional de outro setor. “É importante o envolvimento de todos, pois lideramos pelo exemplo. Para que a transformação digital não gere instabilidade e medo, as equipes devem dar suporte, capacitação e manter firme o propósito. Levar ao empoderamento para o crescimento”, sugere.
Pós-venda pode usar melhor tecnologias
Eduard Folch Rue, CEO da Allianz Seguros, lança alguns questionamentos no contexto digital. Os custos em tecnologias trazem altos investimentos, e como as seguradoras avaliam esse contexto? Será que o corretor está usando todos os recursos que as seguradoras oferecem?
Ele destaca áreas prioritárias. “A primeira é refinar melhor o custo dos produtos. A segunda é no pós-venda, quando, por exemplo, é possível enviar fotos de um sinistro que revelem os danos do carro para escolher melhor o prestador. O uso do chatbot para relacionamento é outra opção, e muitas vezes com índice de satisfação maior que o call center”, revela Rue.
Open insurance
Para Manoel Dantas Matos, vice-presidente da Fenacor, o open insurance traz muitos questionamentos, mas ele ressalta que abraçar o futuro não significa abdicar de valores. “Todo corretor tem um legado de solidariedade e generosidade com o segurado. Ser digital não é usar a tecnologia como ‘arma’, e sim ser contemporâneo. Abraçar o futuro sem desproteger o legado”, sugere.