Portal Corretora do Futuro: Como foi o início da previdência na sua vida?
Nilton Molina: Em primeiro lugar é importante conceitualizar o que é ser previdente. Quando nasceu meu primeiro filho, eu tinha cerca de 23 anos de idade. Logo em seguida, tive a segunda filha. Com muito sacrifício comprei para eles o curso completo do primário, ginásio e colegial nos colégios Marista, privado de classe média. Comprei 11 anos de educação dos dois filhos. Naquele momento, não foi barato, sendo cerca de 1 milhão de reais. Fiz uma previdência. Antecipei um gasto e ao mesmo tempo abri mão de consumo de curto prazo. Com aquele milhão poderia ter comprado dois carros bons, mas fiquei com meu fusca e paguei a educação dos meus filhos. Esse é o conceito do que é ser previdente. Tirar um dinheiro do curto prazo, que estaria endereçado ao consumo, olhar para o futuro e fazer um investimento na vida.
Na época eu era publicitário. Entrei para o mercado de seguros cerca de seis anos depois. Isso é muito importante em termos de educação financeira. Hoje sou vendedor de planos de previdência. Aos 30 anos, deixei a empresa que eu trabalhava e virei sócio de uma corretora de seguros. Hoje, aquela empresa é a precursora da holding que controla a Mongeral. Na época eu comecei a comercializar seguro de vida individual para o GBOEX – Gremio Beneficente dos Oficiais do Exército.
Portal Corretora do Futuro: Como foi para você ser sucedido pelo filho, Helder, e agora manter-se no Conselho de Administração da MAG, uma das companhias mais importantes de Vida e Previdência do Brasil?
Nilton Molina: Qualquer processo sucessório é um grande desafio. De pai para filho é 10 vezes maior o desafio. Ele tem o mérito de ter vencido toda essa dificuldade e passar a entender do negócio, pois ele não era da operação. Além disso, a segunda dificuldade dele foi ser filho do Molina, substituir alguém que é reconhecidamente um especialista do assunto, um líder. Helder ficou um ano nos Estados Unidos estudando para depois consolidar a sucessão e firmou-se na companhia independente do pai.
Para mim, foi uma transição difícil porque passei de telhado de vidro a atirador de pedras. Mais de anos comandando não é fácil abrir mão. São muitos processos de renúncia, mas terminamos de forma virtuosa. Sou feliz e tive a sorte de fazer uma sucessão tranquila, harmoniosa, amiga e com muito amor para o meu filho.
Hoje, já estamos indo para a terceira geração da minha família e do Fernando Mota, ex-presidente e Conselheiro da Mag Seguros. Contratamos a Fundação Dom Cabral para os netos e bisnetos para ensiná-los e acompanhá-los, para quem sabe serem executivos da empresa, acionista ou membros do conselho.
Tanto eu quanto o Fernando Mota já estamos prontinhos para sair do conselho. Queremos subir os filhos para o conselho e ficar apenas como pai mesmo. Continuar lendo, estudando, falando enquanto nos suportarem (fala com divertimento).
Portal Corretora do Futuro: Conte para nós como foi iniciar a cultura da previdência no Brasil ao participar ativamente de todo o processo de criação e desenvolvimento da legislação previdenciária? Quais os desafios enfrentados naquela época que ainda estão em processo de aculturamento no país?
Nilton Molina: O primeiro grande desafio foi que os planos de seguro de vida com visão de previdência não são coisa nova. Entretanto, no início com a inflação dos ano 4 viraram pó, pois não havia correção monetária, apenas juros. Dessa forma, o assunto perdeu credibilidade. Depois da revolução, nos anos 60 surgiram as entidades de previdência sem fins lucrativos, mas sem legislação. Assim, nascem os montepios (as manifestações mais antigas de previdência social), planos sem correção monetária. Quando veio a legislação em 1977, novamente estava instalado um descrédito. Todavia, as seguradoras não participaram da legislação. Quem fomentou foram os 10 principais montepios da época que tinham associação e os primeiros fundos de pensão. Ambas verticais de entidade aberta e fechada se unem em associação e começam a estimular o governo a se preocupar com o tema. Começou a regulamentação da previdência privada no Brasil. O país já tinha correção monetária. Nasce, então, toda a estrutura legal que suporta até hoje os planos de previdência privada.
O segundo desafio do sistema é que para o brasileiro abrir mão de algo que muitas vezes ele nem vai aproveitar é difícil. Porém, o sistema do seguro social do país paga hoje benefícios de até cinco salários mínimos. Só que a média de ganho do brasileiro é de no máximo três salários. Portanto, 85% da população está abaixo do guarda-chuva do seguro social e contribui para o plano de previdência estatal. No futuro, em cerca de 20 anos, o maior benefício do seguro social será de um salário mínimo. Os jovens de hoje vão se aposentar com isso. Esse é o cenário social que fará com que a sociedade não tenha recursos dos benefícios do tamanho que é hoje. Por isso, meu conselho é para que as pessoas poupem.
Portal Corretora do Futuro: Na sua palestra, durante a Convenção Nacional da Lojacorr, foi mostrado que a longevidade deve ser foco da criação de novos produtos no mercado para atender essa demanda da sociedade, devido inclusive a diminuição dos benefícios do seguro social. Você percebe que as companhias já estão se movimentando para atender essa necessidade?
Nilton Molina: As companhias especialistas estão sim olhando para isso.
Portal Corretora do Futuro: Neste pós-pandemia e considerando o cenário econômico e político, é o momento dos seguros e da previdência?
Nilton Molina: As pessoas são sensíveis nos momentos que casam, nascem filhos, morre alguém da família, por exemplo. A pandemia significou isso, mas a memória é curta. Estamos há um ano e meio do pico. Daqui a três anos as dificuldades voltam para o mesmo lugar. Por isso, vender seguro de vida individual é uma consultoria e muito poucos profissionais são especialistas. Esse é um desafio.
Portal Corretora do Futuro: O que costuma fazer para se manter atualizado e inovador?
Nilton Molina: Um idoso saudável é aquele que tem autonomia física e mental, que teve a sorte de não ser atropelado por uma moléstia limitante. Para isso, é importante cuidar do corpo e da mente. Se alimentar direito, fazer exercício quase todos os dias, e estar com as antenas ligadas para o mundo. Ler, buscar coisas diferentes, alimentar a sua cabeça com cultura e conhecimento, e sonhar. Eu sonho, eu vivo!
Nilton Molina é presidente do Conselho de Administração e acionista controlador da MAG Seguros e membro Conselho Consultivo da CNSeg. Ao longo de mais de 56 anos de atuação no mercado segurador, Nilton Molina acumulou ampla experiência que hoje o coloca entre os mais conceituados especialistas do ramo de seguro de vida e previdência. Esteve à frente de grandes iniciativas do setor, tanto no aspecto empresarial como institucional, tendo participado ativamente de todo o processo de criação e desenvolvimento da legislação previdenciária, desde a elaboração da Lei 6435 de 1977. Durante a carreira, foi membro do Conselho Nacional de Seguros Privados e do Conselho de Seguridade Social do Governo Sarney entre 1985 e 1990. De 2014 a 2018 foi designado membro titular do Conselho Nacional de Previdência Social.
Sobre a MAG Seguros
Seguradora especializada em vida e previdência do Grupo Mongeral Aegon, a MAG Seguros tem como propósito oferecer soluções de proteção individual nos diversos momentos de vida de todos os brasileiros, buscando atender às necessidades de segurança financeira de nossos clientes e estar ao seu lado como uma referência de confiança e solidez, com produtos completos e flexíveis.
Com mais de 5,8 milhões de vidas seguradas, possui também um capital segurado superior a R$785 bilhões. A MAG Seguros está presente em 47 unidades pelo Brasil, contando com mais de 1.400 colaboradores, cerca de 800 parceiros de negócio e mais de 5,3 mil corretores.
Com 188 anos de atuação ininterrupta no país, é uma das três empresas mais longevas do Brasil, além de uma das 20 melhores empresas para se trabalhar no Brasil e a segunda melhor do RJ (Great Place to Work 2022).