No fim de outubro, a Bolsa de Valores do Brasil (B3) assinou contrato para ser a fornecedora de infraestrutura tecnológica para a primeira Sociedade Processadora de Ordem do Cliente (SPOC) do mercado de seguros. A “Guru SPOC” é uma nova empresa que funcionará como provedora de utilidades para os intermediários de seguro e seus clientes.
Essa nova entidade do setor de seguros surge no contexto do ‘open insurance’, sistema aberto de compartilhamento de dados, e permite que ele possa avançar. Resumidamente, as SPOCs são empresas credenciadas pela Superintendência de Seguros Privados (Susep) para realizar atividades de processamento de pedidos dos clientes, entre outros serviços. O funcionamento pleno dessas novas empresas deve se dar após maio de 2024, quando termina a Fase 3 do Open Insurance. Na prática, as SPOCs serão agregadoras ou comparadoras de diferentes serviços. Será uma forma do cliente comunicar um sinistro, contratar ou realizar a portabilidade de uma apólice, por exemplo.
Entenda o Open Insurance
Apesar de o Open Insurance já estar sendo ativado há alguns meses no Brasil, o consumidor ainda tem muita dificuldade de usufruir de seus benefícios. Para ajudar nesse processo de digitalização do setor é que surgem as SPOCs.
Conforme o diretor de Tecnologia e Operações da Lojacorr, Sandro Ribeiro dos Santos, “o Open Insurance traz a proposta de democratizar os dados, facilitando aos consumidores o acesso às suas informações para poder usufruir melhor delas”. Apesar de essas iniciativas já estarem em andamento, ainda restam vários desafios. “Um deles é a adaptação dos provedores à infraestrutura necessária, o que deve levar um certo tempo”, pondera Sandro. Isso porque é longo o trajeto até a exploração de fato de todo o potencial desse mercado.
Entenda melhor o funcionamento das SPOCs
A SPOC traz a proposta de digitalização dentro das iniciativas do Open Insurance, assim como a Sociedade Iniciadora de Pagamento (SIP) faz no mercado financeiro. No futuro, a ideia é que haja total sinergia e conexão digital entre o mercado de seguros e o financeiro. No fundo, a proposta é facilitar o acesso ao consumidor e a gestão dos serviços.
“Após o devido consentimento, a SPOC poderá centralizar os dados do segurado como uma verdadeira carteira digital”, explica Sandro. “Outro benefício é manter seu histórico ao longo do tempo, permitindo atuar como um facilitador para a movimentação e aquisição de novos produtos e fonte de informação e educação.”
O diretor da Lojacorr explica ainda que existe a possibilidade de junção dos dados e formas de trabalhar mais criativas, o que irá empoderar os segurados e melhorar as suas conexões com os corretores. Para ele, isso será um diferencial e ponto-chave de sucesso para as SPOCs.
“Pela dinâmica do mercado e apetite de risco atual, é normal que muitos seguros não sejam renovados nas mesmas seguradoras, mas permaneçam com o mesmo corretor. Isso se dá graças à expertise e relacionamento de confiança que esses profissionais conquistam junto a seus segurados. Com a SPOC, surge uma ferramenta digital para que esse corretor e seus segurados encontrem os melhores produtos na hora certa.”
O objetivo principal é que os segurados tenham clareza dos serviços que contratam e se sintam mais tranquilos. “A SPOC vem colaborar com segurados, corretores e seguradoras, como um meio digital de conexão para que todos possam focar suas energias em suas maiores expertises”, conclui Sandro.
Entenda a relação da Bolsa de Valores com o mercado de seguros
A Bolsa de Valores brasileira (B3) atua em parceria com a Lina Infratech, empresa de tecnologia, para compartilhamento de dados com mais segurança. Esse processo vem desde dezembro de 2021, quando a B3 passou a auxiliar as seguradoras a cumprir com exigências regulatórias no contexto do Open Insurance. Só assim será possível tornar tudo isso realidade e dar o próximo passo, que será a integração com o Open Banking – criando assim o “Open Finance”.