Durante o G20 Favelas, especialistas destacaram a importância de adaptar seguros para a realidade das comunidades, gerando inclusão, emprego e empreendedorismo
O mercado de seguros no Brasil está vivenciando um movimento de transformação, com foco em uma inclusão que visa ampliar a oferta de produtos acessíveis às favelas, um setor até então marginalizado em muitos aspectos.
Durante o evento G20 Favelas, realizado entre os dias 14 e 17 de novembro, especialistas discutiram como a adaptação de seguros às realidades das comunidades periféricas pode abrir um leque de oportunidades para a população local e para o mercado como um todo, incentivando o empreendedorismo e criando novos postos de trabalho.
Mercado em expansão e com potencial econômico
De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), as favelas abrigam mais de 16 milhões de pessoas, representando uma parte considerável da população brasileira. Além disso, o setor econômico dessas regiões é expressivo, com cerca de 958 mil estabelecimentos comerciais em operação.
Essas estatísticas reforçam a ideia de que as favelas não devem ser vistas apenas como áreas de risco, mas sim como espaços dinâmicos, com grande potencial econômico e de inovação.
Glauce Carvalhal, diretora jurídica da CNseg (Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais, Previdência Privada e Vida, Saúde Suplementar e Capitalização), compartilhou sua visão sobre o tema durante o evento. Ela ressaltou a importância de desenvolver seguros que atendam às necessidades específicas das favelas, mas que também sejam acessíveis, didáticos e transparentes.
Para Glauce, a inclusão de novos produtos deve considerar a realidade econômica das comunidades, oferecendo soluções claras sobre coberturas e riscos. “É essencial que esses produtos sejam entendidos pela população, com preços acessíveis e informações que ajudem no processo de tomada de decisão”, explicou a executiva.
Outro ponto levantado foi a questão da distribuição dos produtos de seguros. Glauce manifestou otimismo ao sugerir que os próprios moradores das favelas, como conhecedores da dinâmica local, possam atuar como agentes de vendas, criando uma conexão mais forte entre seguradoras e consumidores.
O modelo proposto busca formar uma rede de até 120 mil moradores atuando como distribuidores de seguros em um período de cinco anos. Essa iniciativa impulsiona a inclusão social e fomenta o empreendedorismo local, gerando novas oportunidades de emprego.
O painel contou também com a participação de figuras chave do setor, como Airton Almeida Filho, da Susep (Superintendência de Seguros Privados), e Helder Molina, CEO do grupo MAG, que reforçaram a importância da inclusão das favelas no mercado de seguros.
Os especialistas destacaram que, além de oferecer proteção para as comunidades, a adoção de seguros em áreas periféricas também pode ser um fator de desenvolvimento econômico, promovendo uma relação mais estreita entre o mercado segurador e a população.
Com esses avanços, a previsão é que, em breve, a prática de contratar seguros se torne algo comum nas favelas e comunidades, trazendo benefícios tanto para as pessoas que vivem nessas comunidades quanto para as empresas do setor, ampliando o alcance e promovendo a sustentabilidade do mercado de seguros no Brasil.