Com o distanciamento social imposto pela pandemia, muitos setores deram saltos tecnológicos, bem como houve exponencial aumento do comércio eletrônico. O seguro contra riscos cibernéticos se consolidou neste cenário e sua importância foi reforçada com o advento da nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que pode levar a muitas empresas a serem punidas com pesadas multas por uso inadequado das informações das pessoas.
Sendo um produto da linha de Responsabilidade Civil (RC), o seguro cyber cobre danos a terceiros decorrente do vazamento e perda de dados, seja ele por causa externa ou interna, mas pode oferecer também coberturas para a própria empresa, como custos de restauração dos dados e contratação de especialistas do ramo. As coberturas não são apenas para dados digitais, mas também cobrem os dados físicos, como estoque de arquivos.
A superintendente de Produtos Financeiros da Tokio Marine, Carol Ayub, afirma que o perfil do cliente que busca esse tipo de produto é muito variado. Na Tokio Marine, por exemplo, foi desenvolvido o Tokio Marine Riscos Digitais com foco nas pequenas e médias empresas. Porém, este produto também pode ser contratado por companhias de maior porte, uma vez que toda empresa que armazena dados digitais está exposta a riscos.
“Em nossa experiência, temos percebido o interesse desde pequenas empresas até Sociedades Anônimas, com exposição no mercado de capitais nacional e estrangeiro. Também há grande heterogeneidade na atividade das empresas: desde pequenos escritórios locais até grandes grupos financeiros e petroquímicos”, revela a executiva.
Hoje, o Brasil é um dos principais alvos de ataques cibernéticos no mundo e toda empresa que armazena informações no meio digital está exposta a riscos cada vez maiores. “Há, sem dúvida, um mercado amplo a ser protegido por este seguro, o que abre um novo leque de geração de negócios para qualquer corretor”, afirma.
Para ela, o mais importante é que os corretores que se interessem em comercializar este tipo de produto estejam cada vez mais capacitados para esclarecer qualquer dúvida relacionada às especificidades do produto. “Cabe a nós, seguradoras, oferecermos essa capacitação e ferramentas que o auxiliem nessas vendas. Assim, podemos trabalhar juntos no desafio de fomentar a cultura da proteção neste segmento”, aponta Carol Ayub.
Para desmistificar que este é um ramo é complexo e deslanchar, é extremamente importante que os corretores busquem aprender sobre o tema, a atuação dos hackers e a legislação em vigor, entre outros pontos. “Nada melhor do que a informação para desmistificar o que é complexo e transformar o conhecimento em oportunidades de negócios. Ninguém melhor do que o corretor, que desempenha o papel de consultor de proteção, para conscientizar os clientes sobre a necessidade de proteger os ativos digitais da empresa, bem como informações de terceiros e colaboradores”, diz.
As oportunidades são as mais variadas possíveis. Os corretores devem demonstrar a importância da proteção de dados à sua carteira de clientes, bem como apresentar uma série de coberturas sobre os novos riscos cibernéticos que vão surgindo, principalmente diante das exigências da nova Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). “É fundamental que as empresas estejam preparadas e contem com uma proteção caso seu banco de dados seja invadido, pois um ataque cibernético pode abalar a confiança do consumidor e colocar à prova a reputação das marcas. Sem dúvida, a segurança da empresa é uma das grandes vantagens da contratação desse tipo de produto”, analisa.
O número de ataques hacker aumentou mais de 200% desde o início da pandemia e com a LGPD em vigor os clientes estão ainda mais preocupados. A cotação é feita através de um questionário junto às seguradoras que atuam neste ramo e a empresa que tiver um sistema gerenciador e protecional se beneficiará de melhores taxas para a contratação.
Dicas de prevenção
Os crimes cibernéticos existem desde o início da internet e crescem com sua utilização, porém a prática tem se potencializado bastante. Segundo o diretor de Tecnologia da Lojacorr, Sandro Ribeiro dos Santos, criminosos se aproveitam da instabilidade emocional e econômica para fazer com que pessoas caiam em golpes clicando em links maliciosos para roubo de informação.
“Muito além dos aspectos financeiros, o cyber crime também traz muita dor de cabeça, principalmente quando falamos da nossa identidade digital, como roubos/clonagens de celular, whatsapp, e-mails e redes sociais, ou seja, quando os aspectos passam a afetar não apenas a pessoa que perdeu os dados, mas todo o seu roll de contatos”, frisa Sandro.
Ele alerta que em tempos de home office, devemos ficar atentos e acessar apenas fontes confiáveis de informação e plataforma/ ferramentas conhecidas e recomendadas. E também dividir dicas de segurança com os demais familiares em casa que compartilham os mesmos equipamentos, além de orientar e monitorar as crianças que gostam de brincar e instalar jogos da internet, a fim de evitar softwares maliciosos. “Os criminosos sabem que os acessos a plataformas/ferramentas corporativas antes feitos apenas no escritório passaram a ser feitos em casa também, motivo pelo qual ampliam os seus interesses em golpes e roubos de informações. Por isso todos em casa estarem cientes de boas práticas e fundamental”, diz.
Boas práticas para a prevenção, oferecidas pelo diretor:
– Quando receber uma mensagem de uma fonte que não conheça, sempre busque avaliar o conteúdo antes de responder. Também nunca clique em links enviados antes de avaliar o conteúdo, principalmente em e-mails, whatsapp, sms e redes sociais.
– Quando receber e-mails ou mensagens inesperadas, sempre confirme por telefone seu recebimento.
– Sempre tenha autenticação de dois fatores em todos os serviços em que ela estiver disponível.
– Para realizar videoconferências, dê preferência para as ferramentas utilizadas pela empresa ou utilize as mais recomendadas no mercado e que tenham histórico.
– Na medida do possível tenha backup dos seus dados, utilize ferramentas conhecidas como Google Drive, Dropbox, One Drive.
– Só utilize ou baixe ferramentas recomendadas na internet por fontes confiáveis, para celular tablet sempre busque Apples Stores ou Play Store e verifique as recomendações bem como pesquise no Google também.
– Mantenha seus softwares sempre atualizados, principalmente sistemas operacionais, navegadores e antivírus.