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Conjuntura

Tendências que impactam o mercado de seguros

Luis Rasquilha mapeia direcionamentos para o corretor de seguros e afirma que os empreendedores do futuro estão mais focados em resolver os problemas do mundo

Inova
A Inova desenvolveu um relatório com 78 tendências que permitem a tomada de decisões empresariais

O mercado de seguros, assim como as demais indústrias, vivem momentos de transformação. Inclusive, a única situação permanente é a mudança. É o que afirma Luis Rasquilha, CEO da Inova, parceira da Mapfre Seguros. Frente a essa conjuntura, em que a engrenagem não finda, para continuar relevante no mercado é preciso inovar. 

O pensamento inovador requer eixos de sustentação baseados na identificação de cenários e tendências. Com isso, Rasquilha explica que, em conjunto com seu time, a Inova desenvolveu um relatório com 78 tendências que permitem a tomada de decisões empresariais sobre cenários, caminhos e planos de ação

“Dois eixos são fundamentais para o pensamento inovador. O primeiro é entender que as tendências são alterações e movimentos que de fato impactam os negócios e o comportamento das pessoas. O segundo é buscar fazer aquilo que é fundamental incorporar para tomar as melhores decisões em termos de gestão”, explica.

Tipos de tendências

As megatendências são tudo aquilo que está acontecendo em larga escala, que tende a impactar decisivamente o futuro de todos. Já as tendências comportamentais são a maneira com que as pessoas se comportam sabendo que vão envelhecer e que vão durar mais tempo, por exemplo. Sabendo ainda que a tecnologia está pautando as regras da gestão. E também como cuidam do planeta que estão inseridos. “O comportamento humano é tudo aquilo que depende da capacidade das pessoas de entender o contexto, sendo que o contexto é a soma dos possíveis cenários com as tendências”, afirma o CEO.

Já as tendências nos negócios são as mudanças do mercado resultantes da atuação dos players, do comportamento dos consumidores e das realidades econômicas, políticas e sociais, que influenciam a forma como as empresas tomam decisões em seus negócios, considerando áreas de atuação e portas estratégicas para o futuro.

Há também as tendências emergentes. São acontecimentos que se materializam de forma rápida escalável no curto prazo e que condicionam e direcionam a realidade dos negócios, tais como o trabalho híbrido. E ainda existem as tendências específicas de determinados negócios. “O importante é mapear as tendência para ter ideias estratégicas para o direcionamento empresarial”, descreve.

Direcionamentos para o mercado segurador 

O relatório da Inova ‘What’s Next’, contendo as 78 tendências até 2030, está dividido por forças motrizes. São elas: tecnologia e conectividade; ambiente e clima; política e economia; social e humano; saúde e bem estar; e educação, empresas e negócios. Pasquilha separou aquilo que é mais relevante para o mercado segurador. “Trata-se de um recorte inicial para olharmos o setor e observarmos o impacto dessas tendências para o negócio do corretor de seguros e o que ele pode fazer com essas informações”, descreve.

Tendências: Evolução tecnológica

O fenômeno dos smartphones colocou tudo a um clique disponível em milhares de apps que se tornaram presentes na vida de todo ser humano, fruto da simplicidade e queda de preço com que a tecnologia nos envolve. O que é preciso levar em consideração são: a indústria 4.0; transformação e up skilling digital (qualificação) das pessoas e negócios; conectividade em toda a linha; gestão da reputação e comunidades digitais; e o novo mindset comportamental.

Tendências: Envelhecimento e explosão demográfica

Hoje, a sociedade aumenta três meses de vida a cada ano. Nos próximos anos, a expectativa de vida aumentará mais de 1 ano por ano. “Isso significa que chegaremos a 120 anos na próxima década, tendo o planeta atingido a marca de 8 bilhões em 2023. Teremos que criar novas realidades com coexistências entre várias gerações. Isso demonstra a evolução que a humanidade está vivendo”, conta Rasquilha.

É necessário observar a intergeracionalidade; diversidade, inclusão e equidade das gerações; diferentes abordagens dos negócios; discursos e mensagens (e atitudes) segmentadas; alargar a mente para segmentos de mercado etário; o quanto as pessoas estão usando isso para pensarem em novos produtos. 

Tendências: Transformação permanente e novos negócios

Com o crescimento do movimento empreendedor, e a proliferação do mundo digital e conectado, a par de uma mudança de comportamento do consumidor, as regras de gestão e do mundo estão em causa e sendo alteradas de forma regular. “Novos negócios estão dando o tom do futuro, alterando todas as bases de vida que nos trouxeram até aqui, mas que gradativamente não nos levarão para o futuro”, analisa.

Segundo Rasquilha, é preciso observar e levar em consideração: a mentalidade de startup (as pessoas precisam ser mais ágeis); explorar novos territórios; testar novas abordagens de gestão; utilizar a inovação disruptiva como método; e fortalecer a visão crítica e empática como driver (condutor) de gestão. 

Tendências: Empreendedorismo

Os empreendedores do futuro estão mais focados em resolver os problemas do mundo. Nunca como agora se criaram tantas empresas e tanta gente se mobilizou para mudar as bases nas quais o mundo se assenta. “Isso quer dizer que se as pessoas não fizerem o que desejam para mudar o mundo dentro das empresas que trabalham, irão criar novas empresas que garantam esse movimento”, garante o CEO.

Nesse sentido, deve-se levar em consideração: o fortalecimento da cultura de inovação; empoderar as pontas; abrir-se ao ecossistema de startups e unicórnios; integrar plataformas de negócios; e incentivar a geração de ideias.

Tendências: Data driven enterprise

É fundamental entender que a experiência anterior das empresas não garante sucesso no mercado digital. A hora é de olhar para o futuro e não há forma de fazer isso se a companhia não tiver informação qualificada. “Falamos de dados e a habilidade de trabalhá-los. É necessário ter uma cultura guiada por dados, na qual as informações certas são captadas constantemente, servindo como base para as tomadas de decisão”, expõe.

Para isso, Rasquilha diz que é preciso estimular a mentalidade orientada a dados; desenvolver a capacidade de transformar dados em conhecimento; adotar a gestão colaborativa e integrada de dados; cruzar inteligência artificial com dados para gerar outputs (resultado num processo de produção) amplos; mudar de big data (funciona para integrar, encontrar e corrigir erros de dados armazenados) para smart data (fornece insights).

Tendências: Uso racional de recursos

Reforçando os movimentos sustentáveis, a preocupação com o não desperdício e o uso correto (e racional) dos recursos é tema corrente nas pautas da gestão. Não apenas por uma questão de pressão externa, mas também pela adoção empresarial de posturas mais responsáveis com o devido impacto no crescimento e nos resultados. Por isso, é preciso considerar a cultura da sustentabilidade dominando a agenda; a pauta ESG em plena implementação; novos modelos de negócios posse versus uso; adotar novas práticas em toda a cadeia produtiva; e implementar e comunicar evoluções. 

Tendências: Colaboração e cocriação

Os heróis trabalham juntos, compartilham conhecimento e ideias, e conjuntamente desenvolvem soluções ajustadas aos contextos em que vivem. “Capacitar para o trabalho colaborativo ajudará a ultrapassar as barreiras que a avizinham. Neste contexto, ninguém sabe tudo, todos sabem um pouco”, descreve.

Sendo assim, deve-se levar em consideração a liderança mais colaborativa; reforçar a segurança psicológica; dar maior foco no clima da autenticidade; equilibrar as competências técnicas com as comportamentais e de gestão; e manter o life long learning na agenda.

Tendências: Ambidestria corporativa

A evolução tecnológica, a mudança do comportamento do consumidor, a turbulência política e a incerteza econômica reafirmam aos gestoras a importância da adaptabilidade (a capacidade de se mover rapidamente em direção a novas oportunidades e se ajustar a mercados voláteis e evitar complacências), sem prejudicar o negócio atual. “Para uma empresa ter sucesso a longo prazo, ela precisa dominar a adaptabilidade e o alinhamento – um atributo conhecido como ambidestria”, cita. 

Sendo assim, o que levar em consideração são o equilíbrio e eficiência operacional com busca pela inovação; praticar escala e produtividade com criatividade e velocidade; adotar exploitation (melhoria) e exploration (descoberta) como drivers; auditar permanentemente o contexto de ambidestria; e fazer a jornada de forma consistente e longeva.

Tendências: Cultura ágil e estratégia adaptável

A cultura ágil tem ajudado muitas equipes a encarar a imprevisibilidade através de entregas incrementais e ciclos iterativos, sendo uma alternativa aos métodos tradicionais. “A capacidade de entender e manter uma análise permanente sobre o ecossistema e suas transformações e definir uma forma proativa as melhores ações, que permita construir uma diferenciação face aos outros players, que gere vantagem competitiva pelo maior período de tempo possível, reflete uma abordagem estratégica mais flexível, que transformará o planejamento e a gestão tradicionais”, especifica.

Dessa maneira, o que levar em consideração são que a estratégia deve ser prospectiva – olhando para o futuro; a cultura ágil pauta a forma de gestão (antes da metodologia temos que ter a cultura); revisitar constantemente as práticas de gestão; adotar uma análise constante dos modelos mentais praticados; reservar tempo para prática constante destas novas abordagens.

Mais que uma metodologia é uma mentalidade: inovar suportado pela lente das tendências. “Está provado, ano após ano, que as iniciativas de sucesso são aquelas que olham para fora, identificam cenários e tendências e, com esse conhecimento, se viram para dentro para desenvolver iniciativas alinhadas com o que os mercados estão solicitando”, informa Rasquilha. 

É necessário levar em consideração a construção de uma cultura de prospectiva e foresight (método que tem como objetivo fazer reflexões sobre o futuro da empresa); adotar e manter atualizados os mapas temporais de negócios; adotar o mapeamento de tendências como parte da gestão; criar a cultura de business insights (compreensão de uma causa e efeito específicos dentro de um contexto específico); e definir espaços formas de agenda para debater o tema.

Luis Rasquilha sugere ainda que o corretor de seguros pegue essas tendências e anote quais as oportunidades que o corretor vê nelas, quais os desafios que elas apresentam e quais as ideias surgem dessas tendências.

“Após mapear os cenários e as tendências, o empreendedor tem uma bela estrutura para começar a inovar. Afinal, inovação é o resultado da nossa capacidade de construir o entendimento sobre o contexto que está exposto nos cenários e nas tendências”, finaliza.