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Acelera Corretor

Tendências do mercado de Seguro Auto para 2024

Eletrificação, dirigibilidade, assistências e produção estão na mira das companhias seguradoras.

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Em todo o país, são 60 milhões de automóveis em circulação (dados de 2022)

Quatro das maiores companhias seguradoras debateram nesta terça, dia 31 de outubro, as principais tendências do Seguro Auto. A live, que reuniu mais de mil participantes, recebeu a HDI Seguros, a Bradesco Seguros, a Zurich Seguros e a Tokio Marine. 

Na oportunidade, a visão das companhias para 2024 sobre o produto que mais vende no Brasil foi embasada na conjuntura nacional e compartilhada com os corretores de seguros, somada à vivência de Stênio Max, sócio da Nossa Broker Administradora e Corretora de Seguros Ltda, vice-presidente da Fenacor, delegado do Sincor-RN e presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL – Mossoró), com mediação de André Moreno, diretor Regional SP Centro Norte da Lojacorr.

Como já é de conhecimento do mercado, cerca de 30% da frota de veículos nacional está segurada. Segundo André Moreno, que atua em uma das maiores praças do Brasil, há necessidade de diversificação de carteira e o seguro auto é uma porta de entrada para começar a ofertar outros produtos para proteger a sociedade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga que apenas na cidade de São Paulo são quase 19 milhões de automóveis em circulação. Em todo o país, são 60 milhões de automóveis em circulação (dados de 2022). 

Impactos no seguro auto

Para o diretor, as oscilações dos preços dos veículos novos e seminovos em 2022, aliadas ao boom da tabela FIPE, têm relação direta com a contratação de seguro para automóveis. Da mesma opinião compartilha Paulo Ricardo Cesário Costa, vice-presidente (VP) da HDI Seguros. O gestor diz que enxerga o mercado brasileiro atual com bons olhos. 

De acordo com ele, o setor de seguro auto teve um crescimento de 14,5%, mesmo com a desaceleração dos últimos meses. Ele atribui essa queda ao mercado de automóveis no Brasil, cuja produção caiu 35%. “Ainda existe uma dificuldade do Brasil em se recuperar em relação às vendas de veículos novos, que não atingiu ainda os níveis de antes da pandemia. Os preços na tabela FIPE explodiram e isso afetou o mercado de seguros devido ao aumento das cotações e variações de preços grandes. Por outro lado, há hoje outras boas possibilidades que dependem também de fatores externos. Entre eles, o incentivo ao crédito para venda de veículos novos e os veículos híbridos, que podem gerar oportunidade de crescimento para o corretor de seguros”, diz.

Por outro lado, o VP conta que já observa uma queda no preço dos usados e estabilização dos novos, mas não tem visto isso nas peças, o que acaba afetando ainda a dinâmica do mercado de seguros. “Em linhas gerais, estamos vivendo um bom momento e sabíamos que o mercado não ficaria como antes da pandemia. Mas aos poucos o consumidor retoma o poder de compra do seguro”, afirma o gestor, que se dedica à excelência em atendimento e crescimento, e busca unir performance e liderança humanizada em sua gestão.

Muitos carros sem seguro

Considerando o ticket médio do seguro auto baixo, há oportunidade de fazer novos seguros. Para obter mais ganho, o corretor precisa fazer mais negócios. André Moreno diz que trata-se de um trabalho de médio prazo para um seguro acessível a mais pessoas. Já Leonardo Pereira de Freitas, diretor Comercial da Bradesco Auto/RE, conta que ainda existem muitos carros sem seguro no brasil, mas que a percepção sobre a necessidade da proteção tem aumentado nos últimos anos. 

“O índice de penetração já diminuiu de 30% para 25%, sendo hoje cerca de 17 milhões de automóveis segurados. Isso acontece devido a algumas variáveis, tais como capacidade financeira da população que diminui. Da mesma forma que o aumento do preço médio do veículo, motivado pelo aumento da FIPE. A sofisticação dos carros também encareceu os preços, assim como a necessidade de manutenção adequada”, explica. 

Leonardo Freitas acrescenta que a chegada dos veículos elétricos foi uma variável para o encarecimento do preço do seguro, que aumentou o preço das peças. O conceito de veículo popular mudou e hoje encontra-se esses automóveis de entrada por R$ 70 mil. Dessa maneira, para uma parcela da população, o seguro deixa de ser prioridade. “As pessoas passam mais tempo com os carros e estão deixando de fazer seguro dos veículos mais antigos. Por isso, a aderência ao seguro está abaixo do esperado. Por outro lado, há necessidade de continuar uma conscientização sobre os riscos, que ainda é um empecilho para a conversão de novos seguros”, ressalta.

Em contrapartida, o diretor descreve que uma dica para o corretor é de buscar a proteção adequada para esses novos veículos elétricos que estão em circulação, assim como a proteção de cargas, que está em ascensão e requer possibilidades de customização de frotas. “Outra possibilidade é que o período de férias se aproxima e, com os altos preços das passagens aéreas, as pessoas estão optando por viajar de carro. Assim, haverá mais necessidade de assistências, o que facilita a venda de novos seguros e oportuniza benefícios para o corretor”, explica Leonardo Freitas, que iniciou sua carreira no Grupo Bradesco Seguros em 1994, e hoje é referência na capacitação de parceiros e melhoria de experiências dos clientes. 

Ele ressalta ainda a importância da responsabilidade das companhias nas assistências nesse período pós-pandêmico para a volta de um atendimento de qualidade. Trata-se de um desafio além da responsabilidade de trazer novos entrantes para o mercado de seguro.

Novas oportunidades

A conscientização ambiental mundial é uma tendência que deve estar cada vez mais presente na vida das pessoas. Por isso, é um fator que movimenta o setor automotivo e por sua vez o mercado de seguros. Ou seja, os carros elétricos, que emitem menos co2, poluem menos e contribuem para o meio ambiente devem ser parte mais penetrante daqui para frente na indústria automotiva, como já falado por Leonardo Freitas.

Fabio Leme, diretor Executivo & CMO da Zurich Seguros compartilha da opinião, mesmo a  eletrificação sendo mais presente hoje na Europa e China, engatinhando no Brasil. “Ao longo do tempo essa conta vai se equalizando e os veículos elétricos irão baratear, ficando mais acessível a uma parcela maior da população. Sendo que o custo das tecnologias ficarão mais palatáveis”, fala.

Nesse sentido do meio ambiente, o Brasil, em específico, tem uma questão importante: o  álcool e os veículos flex. “Essa característica junto com a eletrificação tende a ser a grande questão em termos de veículos: carros híbridos e flex (álcool com híbrido). Esse aspecto ambiental veio para ficar”, afirma.

Enquanto isso, a conectividade que as marcas estão trazendo vão permitir uma série de outros serviços. A indústria automotiva tem procurado o mercado de seguro para discutir soluções para o setor. “Isso porque somos especialistas sobre as necessidades do segurado. Muitas informações chegam até nós. O futuro terá captação de dados dos segurados de dirigibilidade para precificação do seguro, o que irá trazer novas coberturas e 

privilegiar o bom risco. Dessa maneira, as seguradoras poderão conscientizar melhor, com o envio de alertas preventivos”, conta.

Evoluções vão acontecer naturalmente, assim como dos carros altamente conectados que vão para as ruas. Com isso, as montadoras irão exigir que as revisões e manutenções sejam feitas em concessionárias autorizadas. “Nesse ínterim, serão desenvolvidos produtos de seguro hiperpersonalizados, com oferta cada vez mais adequada a cada realidade do segurado brasileiro. Inclusive, as seguradoras lançaram mais produtos para tentar ampliar a oferta na prateleira, com atenção maior às assistências”, descreve o diretor que liderou projetos de destaque na HDI Seguros e foi peça chave na criação de uma seguradora digital inovadora. Reconhecido com o Prêmio de Inovação Talanx em múltiplos anos, Fabio Leme é especialista em Ecossistemas de Negócios e mentor de Startups.

Competitividade no seguro auto

Entre as dicas de como vender seguro auto considerando essas tendências, João Luiz de Lima, diretor Comercial Nacional Varejo da Tokio Marine Seguradora, expande que todas as questões já explanadas acima estão na pauta das companhias seguradoras para 2024. “Acreditamos que o mercado continuará competitivo em 2024 e o segundo semestre deve ter uma queda no prêmio médio. Com essa convicção, temos que adotar ações para retenção de renovações e fidelizá-las”, afirma. 

A maneira mais simples e assertiva, segundo ele, é olhar para a base e fazer a oferta certa, buscando oportunidades nos itens novos. Como a indústria auto não dá reação de melhora ainda, o corretor que está na ponta é um grande agente de transformação. Lima consente que o segmento de frotas cresce muito e a Tokio Marine tem apostado em pequenas frotas a partir de 10 itens para 2024. “Estamos ampliando de 200 para 400 atividades, as quais consideramos verde para colocar a cotação na ponta e dar velocidade ao corretor”, declara, destacando a importância também da criação de produtos que cabem no bolso do consumidor, tais como os mais populares que estão à margem do seguro.

“Além disso, mesmo o mercado consumidor estando numa mudança e mais exigente, temos que entregar uma companhia mais digital, com uma operação mais simples, ágil e fácil”, informa o diretor que possui vasta experiência em corretoras de seguros e em áreas técnicas de seguradoras, valoriza imensamente os corretores como pilares da cultura de proteção no Brasil.

Compartilhamento

Stenio Max complementa que os corretores de seguros têm diversas oportunidades de negócios para 2024. Em se tratando de tecnologia, já estão disponíveis os multicálculos que oferecem ao profissional a oportunidade de cotar com mais de 20 companhias ao mesmo tempo. Além disso, ademais, além dos negócios compartilhados – que oportunizam que o corretor entre em mercado que ele não possui domínio, podendo contar com colegas especializados – as SPOCS (Sociedade Processadora de Ordem do Cliente, que fazem parte do Open Insurance, impulsionarão a inovação no mercado.

A Resolução CNSP Nº 450/22 define um SPOC como: “sociedade anônima, credenciada pela Susep como participante do Open Insurance, que provê serviço de agregação e compartilhamento de dados, painéis de informação e controle (dashboards), exclusivamente através do consentimento dado pelo cliente, ou exerce a função de meio de transmissão da ordem dada pelo cliente para serviços de iniciação de movimentação, sem deter em momento algum os recursos pagos pelo cliente ou por ele recebidos, à exceção de eventual remuneração pelo serviço”. 

Somente as Corretoras de Seguros e instituições iniciadoras de transação de pagamento podem se credenciar à SPOC, conforme a regulamentação do Open Finance. “Dessa maneira, nessa segunda do Open Insurance, as companhias poderão compartilhar dados”, finaliza.