Os resultados do cenário econômico brasileiro surpreenderam neste segundo semestre e devem afetar positivamente o setor de seguros também. O mercado financeiro tem revisado seguidamente para cima o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, estimado em 2,64% para 2023, conforme o boletim Focus do Banco Central.
Já em 2024, a estimativa é de crescimento de 1,47%. Para o consultor Francisco Galiza, a previsão otimista deve muito aos bons resultados do agronegócio. Mesmo os altos índices de endividamento da população brasileira, em que 67 milhões são considerados inadimplentes (ou R$ 4 mil de dívida em média por habitante), não chegam a abalar as previsões. “Esse é um dado já absorvido nas previsões econômicas”, avalia Galiza.
Mesmo com leve alta da inflação nos últimos meses, não há pressão inflacionária que seja considerada uma ameaça ao cenário econômico. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), índice oficial que mede a inflação brasileira, subiu 0,23% em agosto, devido especialmente ao aumento da energia elétrica e combustíveis. Ainda assim, a taxa ficou abaixo das previsões do mercado financeiro.
Dessa forma, o cenário atual reúne maior crescimento econômico com baixas taxas de inflação, uma situação normalmente considerada contraditória por economistas, mas que se tornou possível graças a fatores estruturais e conjunturais. Entre eles, commodities com cotações em queda e maiores volumes vendidos ao mercado externo, somado à ampliação do mercado interno. Conta ainda a reabertura da economia chinesa e a valorização do real brasileiro.
Cenário econômico: perspectivas para o mercado de seguros
Em meio aos bons resultados, o mercado de seguros demonstra potencial para crescer mais. “Trata-se de um setor que sempre depende do crescimento da economia, pois a correlação é grande. O setor sofreu, como todos os demais, durante a pandemia, com queda de receita e diminuição nas taxas de crescimento, sobretudo em 2020 e 2021. Mas, a partir de 2022, os indicadores se normalizaram. E o crescimento brasileiro tem tudo para gerar rentabilidade ao setor de seguros”, pondera o economista.
No primeiro semestre de 2023, a arrecadação do mercado segurador somou R$ 181,77 bilhões, alta de 7,7% sobre o primeiro semestre de 2022. Já entre indenizações, resgates e sorteios, o setor retornou um total de R$ 113,64 bilhões pagos entre janeiro e junho. As informações são da Superintendência de Seguros Privados (Susep). Para Galiza, o brasileiro pode ampliar muito sua cultura de seguros e poupança por meio de campanhas educativas, como o movimento que estimula a adoção do seguro de vida (leia aqui).