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Gestão

Líder do futuro une metas com saúde emocional da equipe

Gerente de Gente & Gestão da Lojacorr, Luciana Grande dá dicas para engajar equipes no longo prazo

Líder do futuro une metas com saúde emocional da equipe

Nunca foi tão importante contar com líderes bem preparados. De acordo com levantamento da Gallup, 70% do desempenho de uma equipe tem relação com a qualidade da liderança do gestor. Porém, segundo a Forbes, somente 11% das empresas consideram sua liderança “forte” ou “muito forte”. Isso mostra o desafio enfrentado pelas organizações, pequenas ou grandes, para formar a liderança do futuro.

Para a gerente de Gente & Gestão da Lojacorr, Luciana Grande, um bom líder é aquele profissional responsável pela gestão de pessoas, mas também por seu desenvolvimento. “Ao mesmo tempo, fica a seu cargo a produtividade da equipe, as entregas e resultados. Podemos dizer que ele faz a ponte entre empresa e colaboradores”, salienta Luciana. 

Com tanta responsabilidade, se não for bem orientado e treinado, o líder acaba sobrecarregado. Segundo pesquisa da Reconnect Happiness at Work em parceria com a Feedz, sobram cansaço, desânimo e vontade de mudar de emprego entre os executivos entrevistados.

Por isso, o líder não pode descuidar de sua própria saúde mental, nem de seus times. “Ao mesmo tempo em que esse gestor tem que estar de olho na parte prática, seja quantitativa, analítica, assertiva do negócio, ele não pode tirar os olhos ou se descuidar da sua equipe”, explica Luciana. Ela define a liderança do futuro como híbrida: “Não é nem um líder super humano e com resultados pífios, nem aquele líder tubarão, que entrega muito mas tem uma equipe sobrecarregada e doente. O líder do futuro precisa priorizar a saúde emocional, uma equipe unida, coesa, saudável, que gera resultados que vão se perpetuar a médio e longo prazo.”

Como as pequenas empresas podem liderar melhor?

Para as pequenas empresas, como muitas corretoras de seguros, liderar melhor seus funcionários começa com práticas que promovam um ambiente de trabalho positivo e produtivo. 

  • Comunicação transparente: Garanta canais de acesso claros e acessíveis, de forma que os funcionários se sintam à vontade para trazer reclamações e novas ideias
  • Metas claras: Nem sempre a pequena empresa estabelece metas específicas. Elas precisam ser realistas e mensuráveis. Todos devem saber o que é esperado deles no fim do mês – e do ano.
  • Reconhecimento….esse grande desafio! É comum ouvir funcionários reclamando de sua empresa. E como favorecer o sentimento de pertencimento e satisfação? Em primeiro lugar, demonstre apreço pelo trabalho dos funcionários reconhecendo suas contribuições, seja por meio de elogios, recompensas ou oportunidades de crescimento.
  • Bom ambiente: Muita gente coloca o local de trabalho agradável acima até mesmo do bom salário. Cultive um clima de trabalho saudável, incentivando o respeito mútuo, a colaboração e a diversidade de ideias.
  • Encoraje o desenvolvimento pessoal e profissional: As equipes precisam de oportunidades de treinamento e desenvolvimento para que os funcionários possam melhorar suas habilidades e avançar em suas carreiras.
  • Seja um exemplo: Líderes que demonstram integridade, ética e comprometimento servem de modelo para os funcionários. Aja de acordo com os valores da empresa e seja um exemplo do comportamento desejado.
  • Facilite um equilíbrio entre trabalho e vida pessoal: Reconheça a importância do equilíbrio entre trabalho e vida pessoal e promova políticas que apoiem essa harmonia, como horários flexíveis ou dias de trabalho remoto.
  • Ouça ativamente: Esteja aberto para ouvir as preocupações e sugestões dos funcionários. Mostre interesse genuíno pelo que têm a dizer e tome medidas quando apropriado.
  • Delegue responsabilidades: Capacite os funcionários dando-lhes responsabilidades e autonomia para tomar decisões dentro de suas áreas de atuação.
  • Avalie e ajuste continuamente: Realize avaliações regulares para entender como as políticas e práticas estão impactando os funcionários. Esteja disposto a ajustar e melhorar com base no feedback recebido.

O líder de uma pequena empresa lida com vários papéis: muitas vezes ele é o chefe de RH, de operações etc. Mas nunca pode deixar de se envolver com os funcionários e abrir espaço na agenda para eles. 

Como desenvolver um bom líder?

O alerta de Luciana para pessoas em posição de liderança com perfil mais pragmático é desenvolver o lado relacional. “E quem já tem esse olhar para o ser humano, com muita empatia, também vai ter que desenvolver skills de lógica, resultado, business. Por isso o líder do futuro é mais híbrido, tem essas duas facetas. Consegue gerar resultado, consegue olhar para o negócio, inovar e, ao mesmo tempo, desenvolver as equipes.”

Algo que mudou muito na prática das empresas é que o líder hoje também acaba assumindo um papel de educador. “Tem coisas que a escola, a faculdade e algumas vezes nem a família conseguiu fazer, principalmente nas novas gerações que estão entrando no mercado de trabalho. Temos pessoas que entram muito carentes de orientação”, pondera a gestora. Daí a importância de se preparar para estimular as equipes a melhorar, buscar formação continuada, com um olhar formativo.

Luciana Grande: líder do futuro trabalha tanto com metas quanto com o bom ambiente de trabalho.

Como acabar com a “gestão do medo”

Hoje o líder precisa de total sintonia com a cultura da empresa, mas também com as necessidades de suas equipes. Foi-se o tempo da gestão baseada no medo, num controle obsessivo focado apenas em resultados. Pesquisas mostram que o modelo não tem tido um saldo positivo, o que ficou mais claro após a pandemia. Ainda conforme o relatório da Gallup, apenas 23% das pessoas entrevistadas estão engajadas no trabalho, sendo que 59% fazem apenas o mínimo possível para permanecer no emprego – e assustadores 18% têm atitudes deliberadas para prejudicar a organização. 

Tudo isso é a fatura de décadas de uma gestão autoritária, que provoca alto custo com turnover, baixa produtividade e faltas ao trabalho, e, ainda pior, o adoecimento do trabalhador.

Para mudar essa situação, o líder deve ser selecionado não apenas porque realiza bem um trabalho técnico. Para a psicóloga Daniele Jesus, criadora da metodologia de Currículo Oculto, “muitas pessoas se perdem como excelentes especialistas e acabam se transformando em más gestoras” quando são alçadas a um cargo de liderança. Tornam-se vingativas, até, ou seja, é preciso selecionar e treinar melhor. 

E como mudar esse cenário?

Ainda segundo a Gallup, o grupo de trabalhadores entrevistados descontentes com a empresa deram sugestões de melhoria: 41% acreditam que a cultura da empresa precisa ser definida melhor e sedimentada; 28% criticam os salários e benefícios; e 16% desejam maior bem-estar e harmonia entre a vida pessoal e profissional.

Significa que o pagamento é relevante, mas o que mantém as pessoas na empresa são a cultura e a relação com o líder.

Como melhorar o ambiente de trabalho:

  • Analise sempre as demandas versus os recursos do seu time
  • Seja empático para não sobrecarregar ninguém, seja em atividades extras ou cobrando algo que a pessoa não tenha recursos técnicos para realizar. Seja realista.
  • Olhe o indivíduo como um todo, não apenas para as tarefas
  • Avalie se o ambiente de trabalho tornou-se tóxico: existe desrespeito, falta de inclusão e equidade, comportamento não ético, competição e abusos? Nesse caso, soe o alerta e comece de novo.
  • Desenvolva a autoestima das pessoas, por meio de treinamentos, elogios e feedback constante. Valorize conquistas, a evolução, esforços.
  • Invista em relacionamentos de confiança. Desembarque do microgerenciamento, quando o líder desconfia de tudo. Busque justiça e imparcialidade em prol de maior colaboração do time. 

Percebeu que nenhum item da lista envolve grande investimento financeiro? Por outro lado, requer total envolvimento do líder. Mudar hábitos, priorizar o tema na agenda, passar tempo com os times e ser realista no que precisa melhorar.

Por fim, é preciso abraçar as novas tecnologias sem medo de mostrar suas fraquezas: um bom líder sabe aquilo de que não é capaz e confia em pessoas da equipe que saibam fazer melhor. 

Como liderar de olhos no futuro: 

  • Receba as mudanças de braços abertos: as incertezas com o futuro existem, mas não podem paralisar o gestor. Adaptar mudanças em conformidade com a cultura da empresa é crucial para um líder do futuro.
  • Abrace a Inteligência Artificial e Tecnológica: A tecnologia veio para ficar, com IA, automação ou análise de dados, e isso pode auxiliar na tomada de melhores decisões informadas.
  • Inovação e criatividade: Não tenha medo de ouvir novas ideias, incentivar a criatividade, promover a inovação para desenvolver soluções originais aos novos desafios. Mas é preciso ter um norte a guiar o trabalho.
  • Habilidades digitais: As ferramentas e plataformas online podem ajudar a aprimorar processos e a própria comunicação entre equipes.
  • Diversidade inclusiva: Busque entender diferentes perspectivas e promover um ambiente inclusivo que aproveite as habilidades únicas de cada indivíduo.
  • Liderança remota e virtual: Não existe mais a rigidez de formato de trabalho. O líder do futuro precisa liderar equipes híbridas e remotas, com o desafio de manter a coesão e o engajamento, além da produtividade.
  • Análise realista: Para resolver problemas complexos, o líder do futuro precisa desenvolver suas habilidades analíticas e criativas para encontrar soluções inovadoras.
  • Resiliência emocional e mental: Desenvolver a capacidade de lidar com o estresse, promover a saúde mental e apoiar a equipe em tempos de adversidade.

Se a mudança é constante no mundo dos negócios, a determinação do líder do futuro também precisa ser focada. Tanto em resultados quanto no bom ambiente de trabalho. Coragem!