As recentes enchentes que devastaram o Rio Grande do Sul causaram prejuízos graves ao agronegócio, com perdas estimadas em R$ 3 bilhões, conforme dados da Federação da Agricultura do Estado (Farsul).
O impacto, que afeta diretamente mais de 2 mil produtores rurais, poderá levar até uma década para ser superado, reforçando a necessidade de uma proteção maior por meio de seguros adequados para desastres climáticos.
O levantamento realizado pelo projeto S.O.S Agro RS apontou que 347 produtores já relataram perdas de R$ 467,6 milhões, números ainda considerados preliminares. Segundo Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, os dados ainda não contemplam todas as áreas afetadas, nem perdas em colheitas já realizadas, o que pode agravar ainda mais o cenário.
Os pequenos produtores, que compõem cerca de 73% dos afetados, estão entre os mais atingidos e enfrentam dificuldades financeiras severas, exacerbadas por secas anteriores. Muitas dessas propriedades estão vinculadas ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), o que limita suas possibilidades de acessar seguros ou crédito emergencial.
Gedeão Pereira, presidente da Farsul, destacou a vulnerabilidade do setor e a necessidade urgente de medidas emergenciais, incluindo novas linhas de crédito a longo prazo e com condições favoráveis. A Farsul propõe a criação de créditos com prazos de 15 anos, dois anos de carência e juros reduzidos para ajudar na recuperação dos produtores.
O governo federal anunciou uma linha de crédito de R$ 600 milhões para o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), visando auxiliar cerca de 140 mil produtores severamente impactados. Contudo, há incertezas sobre o impacto dessa medida no longo prazo para o setor de seguros, que precisa se adaptar a eventos climáticos extremos cada vez mais frequentes.
Especialistas defendem a revisão das apólices de seguro agrícola e a criação de produtos que cubram danos físicos e perdas financeiras prolongadas. A educação e conscientização dos produtores sobre a importância de seguros adequados são vistas como fundamentais para mitigar os riscos de novas catástrofes naturais e garantir a resiliência do agronegócio gaúcho.