Até o final de 2024, o Banco Central deve lançar o Drex, nome dado à versão digital do real. A nova moeda baseada em blockchain tende a trazer impactos positivos ao mercado de seguros, tornando contratações mais acessíveis e ágeis, além de outras facilidades operacionais.
O Drex deve alimentar iniciativas de inovação da área de seguros, como o Open Insurance (sistema de dados compartilhados do setor) e o SRO (sistema de registro de operações a partir das apólices).
Para Alessandro Octaviani, superintendente da Susep (Superintendência de Seguros Privados), a economia tokenizada, que inclui as moedas digitais com o Drex, poderá impulsionar o uso do SRO para que os contratos e os serviços ofertados pelo setor de seguros sejam mais transparentes.
“Essa tecnologia poderá permitir que o SRO, que é basicamente o fiscalizador, tenha todas as informações do que todas as nossas empresas fiscalizadas fazem a qualquer tempo e just in time, de qualquer contrato, qualquer movimentação financeira”, disse em sua participação na última quinta-feira, 07 de dezembro, no Encontro Anual Drex 2023, promovido pelo Banco Central do Brasil.
Em sua fala, o superintendente Alessandro Octaviani comentou sobre as iniciativas da Susep relacionadas à economia digital e seus vários processos e de que formas essas ações se conectam com o Drex. A primeira ação destacada pelo superintendente foi o Open Insurance. “É uma enorme tentativa de trazer o consumidor para uma ambiência contratual, na qual ele tem muita transparência de informação”, explicou.
Octaviani também mencionou os avanços proporcionados pelo Sistema de Registro de operações (SRO). “Com o sistema, o fiscalizador tem todas as informações do que as fiscalizadas fazem em tempo real. Não voltaremos a fiscalizar em papel, ou meramente as auditorias de final de ano. Estamos digitalizando a nossa economia”, acrescentou.
Os riscos, segundo o superintendente da Susep, da nova realidade ultraconectada e dinâmica é de grupos criminosos desenvolverem sistemas análogos ou falsificações do mesmo ativo (tokenizado). Por isso, Octaviani defende fiscalização mais rigorosa sobre o setor. “Grandes poderes, grandes responsabilidades”, disse.
Apesar dos desafios, o tema é um caminho sem volta, frisou. “Vamos migrar para o Open Insurance e para uma regulação altamente digitalizada. Não vamos voltar a fiscalizar em papel”, afirmou Octaviani.
Encontro Anual Drex 2023
O evento, que ocorreu em Brasília (DF), na sede do Banco Central do Brasil, promoveu um debate aberto sobre o futuro digital do sistema financeiro e apresentou o andamento da Iniciativa Drex.
Junto com representantes de outros reguladores do sistema financeiro, Alessandro Octaviani participou do painel “O papel do regulador na economia digital”. Compuseram o painel, além do superintendente, Fabio Araujo, consultor do Departamento de Operações Bancárias e de Sistema de Pagamentos do Banco Central do Brasil; Jorge Alexandre Casara, gerente de Inteligência em Supervisão de Riscos Estratégicos da Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Fabiana Rodopoulos, auditora de Finanças e Controles da Secretaria do Tesouro Nacional (STN); e Fernando Duarte Folle, coordenador de Normas de Investimentos da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC). A mediação foi feita por Danielle Teixeira, líder de Projetos de Inovação da Federação Nacional de Associações dos Servidores do Banco Central (Fenasbac).
O Encontro Anual Drex 2023 tratou, ainda, de temas como finanças “tokenizadas”, economia verde, e contou com a participação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que, na abertura do evento, falou sobre o Futuro Digital do Sistema Financeiro Nacional.
O evento foi transmitido e pode ser assistido no Canal do Banco Central no YouTube.