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Economia

Dívidas? Saiba como se livrar delas e orientar seus clientes

O corretor de seguros tem um papel importante ao trazer informação financeira para a sociedade

Dívidas
Colocar as contas em dia exige disciplina e negociação. O corretor pode estimular a saúde financeira na sociedade!

É sabido que o cliente do corretor de seguros chega até o profissional em busca de segurança para o futuro. E é importante fazê-lo entender que o seguro integra um guarda-chuva maior chamado planejamento financeiro. Infelizmente, esse tema ainda é um desafio para os brasileiros.

Um dos principais dilemas são as dívidas. De acordo com a Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), elaborada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o índice de endividamento dos brasileiros recuou de 78,1% para 77,4% em agosto, menor resultado desde junho de 2022. É o segundo mês consecutivo de queda do nível de endividamento das famílias brasileiras. Por outro lado, a proporção de pessoas com dívidas atrasadas, e das que afirmam que não conseguirão quitar os atrasos, cresceu.

Como o  brasileiro médio tem muitos problemas com dívidas, quais seriam as dicas para evitá-las? Para a diretora Financeira da Lojacorr, Ludmilla Concon, seria importante que os brasileiros recebessem instruções sobre educação financeira de forma periódica. “Me refiro a pequenas pílulas de conhecimento enviadas de forma recorrente, no sentido de orientá-los ao longo do tempo. Isso porque a falta de instruções básicas em finanças leva as pessoas a se endividarem e não terem condições de sair desse cenário no curto prazo”, lamenta a executiva. 

Ela explica que existem ações simples que podem evitar o endividamento. Para isso, é preciso que elas sejam internalizadas desde cedo. 

A diretora Financeira da Lojacorr, Ludmilla Concon, traz dicas valiosas para a saúde econômica das famílias.

– Desde a entrada no mercado de trabalho o ideal é guardar entre 10% e 20% da remuneração mensal recebida. Dessa forma, a pessoa sempre terá um montante disponível para fazer algumas compras à vista ou para usar em situações de emergência;

– É possível precaver-se para momentos difíceis, tais como períodos de desemprego. Se você tiver uma reserva financeira, poderá buscar a recolocação no mercado com mais serenidade;

– Não faça compras parceladas: procure juntar o dinheiro e pagar à vista. Isso porque, além de você ter um maior poder de barganha para pedir descontos, sempre saberá quanto vai gastar no fim do mês;

– Lembre-se: o valor baixo das parcelas distorce o real poder de compra;

– Cuidado com o uso do cartão de crédito e limites bancários. Eles são produtos que incentivam os gastos e podem levar a uma falsa sensação de poder de compra;

– Muito cuidado com o cheque especial! Quando você fica no vermelho na conta corrente, paga juros muito altos;

– Atenção nas compras online! Hoje está muito fácil fazer compras pela internet, pois temos uma gama enorme de ofertas de produtos e facilidades nas formas de pagamento. Respire fundo e compre somente o essencial. Sempre se pergunte: “Eu realmente preciso disso?”;

– Crie um orçamento mensal de despesas e faça a gestão mensal dos gastos orçados versus o realizado, ficando atento para não sair da meta proposta. 

Conversar com os familiares é fundamental para que todos assumam o compromisso de cortar gastos.

Como sair das dívidas?

Para clientes que se encontram endividados, o corretor de seguros também pode representar um apoio, estimulando a renegociação com o banco. “A pessoa precisa iniciar pela renegociação da dívida. Isso passa por uma consulta no mercado sobre as taxas de juros disponíveis e prazos de pagamento para fornecer suporte na renegociação a ser efetuada. É importante que, na renegociação, o endividado assuma parcelas que poderão ser honradas após a negociação. Seja sincero no momento de negociar e faça uma análise prévia das despesas fixas mensais versus a remuneração recebida, para propor parcelas realistas”, sugere Ludmilla.

Ela traz ainda um check-list para quem se encontra nessa situação difícil. É possível sair das dívidas!

Check-list para quem está endividado

Para saber se tem dívidas, verifique a página na internet da Serasa e SPC, e consulte o seu CPF.

– Faça um orçamento realista e certifique-se de que as suas despesas não excedam a sua renda;

–  Nessa hora é importante realizar uma reunião familiar, pois todos estão juntos no mesmo barco. É fundamental ter transparência, sem querer aparentar o que não se tem. Todos precisam segurar as despesas juntos;

– Reduza seus gastos atuais para sobrar caixa no fim do mês com a finalidade de honrar as parcelas acordadas. Nessa redução de despesas, é importante eliminar gastos supérfluos; 

–  Quanto aos gastos primordiais, faça uma cotação de preço no mercado com o intuito de manter o serviço em uso pelo preço mais barato;

– Busque trabalhos adicionais ao que você já faz com o objetivo de receber uma renda extra para ajudar a pagar o endividamento;

– No caso de empresas, foque no crescimento de receitas adicionais;

– Elabore um plano de negócios sólido para recuperar a saúde financeira da empresa, incluindo metas, estratégias de crescimento e um cronograma realista;

Não desista!

Seguro é sinônimo de saúde financeira

Existe uma relação significativa entre o mundo dos seguros e a saúde financeira das famílias e empresas. “Posso citar como exemplo o seguro automóvel. Se uma pessoa o possui, dificilmente será surpreendida num momento de sinistro com a necessidade de se endividar para arrumar o carro, pois a seguradora fará isso. O mesmo vale para o seguro saúde. Quando a pessoa não possui seguro saúde e entra numa situação de emergência em que o SUS pode trazer lentidão no atendimento, muitos acabam se endividando para pagar o atendimento na rede privada”, exemplifica Ludmilla.

No momento da escolha dos tipos e níveis de seguros a serem contratados, o corretor deve orientar plenamente seus clientes para garantir que as coberturas atendam às necessidades futuras. Corretor, seu papel na vida financeira de seus clientes é fundamental!

Como saber se estou endividado?

Em tese, podemos considerar endividada a pessoa que tem compromissos a vencer. Então, mesmo que ela não tenha contas atrasadas, e sim parcelas a vencer, já se trata de uma dívida, não é mesmo? A diferença é se você irá conseguir honrá-la no prazo. 

Para a situação em que não se consegue pagar as parcelas em dia, tem-se de fato a dívida. Elas podem ser referentes a gastos no cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, crédito consignado, empréstimo pessoal, cheque pré-datado, prestação de carro e de casa, viagens e por aí vai.

De acordo com os dados da pesquisa da CNC, o momento vivido hoje pelos brasileiros representa uma “saída do sufoco”. Um bom momento para apertar o cinto, pagar as contas e evitar novas dívidas.

Segundo a economista responsável pela pesquisa da CNC, Izis Ferreira, dois pontos contribuem para essa redução. “Um contexto mais benigno de inflação mais baixa em comparação com o ano passado e um mercado de trabalho resiliente, absorvendo pessoas de menor grau de instrução. Isso tem levado as pessoas a terem uma folga no orçamento e um volume menor delas busca o crédito como meio para o consumo de bens e de serviço.”

Qual a diferença entre dívida e inadimplência?

Apesar da queda registrada em agosto no número de endividados, cresceu a taxa de inadimplentes no país, que são as pessoas efetivamente com contas atrasadas. O índice de agosto foi de 30%, mesmo resultado de dezembro de 2022.

“Estamos falando de um consumidor [por exemplo] que tem dois, três cartões de crédito e um crédito pessoal ou consignado, um financiamento. Com mais modalidades de dívida, fica difícil de esse consumidor conseguir pagar todas dentro do prazo de vencimento”, avalia a economista Izis Ferreira.

Também preocupa o número de pessoas que atualmente afirmam que não poderão pagar contas futuras, ou seja, continuarão inadimplentes. São 12,7%, o que representa a maior taxa da série histórica iniciada em janeiro de 2010. São pessoas com renda média de até três salários mínimos.

“Isso mostra que, mesmo com uma inflação trazendo uma trégua para esse orçamento doméstico, ainda é um desafio conseguir negociar ou pagar uma dívida que está atrasada há mais tempo e que sofre mais com esses juros altos, que aumentam o custo da dívida e acabam tornando o valor muito significativo, e essa família não consegue pagar”, explica Izis.

Cuidado com o cartão de crédito!

Conforme a pesquisa da CNC, o cartão de crédito é o grande vilão do orçamento das famílias. Entre os endividados, 85,5% fizeram dívidas usando esses “plásticos”. Os outros principais causadores de dívidas são os carnês (17,1%), crédito pessoal (9,2%) e os financiamentos de carro (7,9%) e casa (7,5%).

Programa Desenrola Brasil ajuda endividados

Para quem tem dívidas, o governo federal tem disponibilizado o programa Desenrola Brasil. Com ele, é possível fazer a renegociação de valores. Na etapa em curso, podem entrar dívidas de até R$ 20 mil, mas com prioridade àquelas de até R$ 5 mil. Brasileiros com renda mensal de até 2 salários mínimos (R$ 2.640) ou inscritas no CadÚnico puderam participar da primeira etapa em setembro, num total de 32 milhões de pessoas. O valor médio das dívidas chegou a R$ 421. 

Como participar do Desenrola Brasil?

No dia 9 de outubro, o governo federal lança a nova etapa do programa. É preciso ter uma conta no portal gov.br nível prata ou ouro. Todo o processo é realizado pela internet. O próprio site do Desenrola irá disponibilizar a lista de dívidas com possibilidade de renegociação. Além disso, ali irão constar o desconto oferecido pelos credores e a situação de cada uma delas.