A desistência da Amazon em atuar em vender seguros no Reino Unido, apenas 1 ano e meio depois de anunciar sua entrada no segmento nos traz algumas lições importantes.
Quem me acompanha sabe que sempre estou enaltecendo os avanços tecnológicos, pois é graças a eles que vamos ganhar cada vez mais escala, qualidade e segurança nas vendas. Porém não podemos ser seduzidos pela empolgação de algumas promessas, como a de que a venda on-line vai dominar todos os produtos e segmentos.
Isso pode até acontecer um dia, mas, em minha opinião, é um futuro muito distante e deve ser um processo construído aos poucos, de forma sustentável e principalmente em conjunto com os corretores de seguros.
Mas não se trata somente de distribuição, se trata também de gestão de riscos, onde se precifica um evento incerto, tão incerto quanto a indenização de um sinistro.
Isso é muito diferente de vender bens de consumo, que são padronizados e que tem absoluta previsibilidade. Hiperautomação, uso de dados, algoritmos e IA ajudará sim as empresas que estão habituadas a tomar riscos no nosso ecossistema, mas exigirão cada vez mais especialização.
Podemos pegar exemplos de outros segmentos que mostram ainda a importância da venda humana e consultiva. Pode ser que você que está lendo esse texto não saiba, mas a Decolar.com, uma das líderes nacionais em venda de passagens, hospedagens e pacotes turísticos (segmento muitíssimo consolidado no e-commerce), já abriu 13 lojas físicas no Brasil e deve abrir mais em breve.
O mundo on-line é movido por muita empolgação, por isso, devemos sempre dosar nossa expectativa. Quem não se lembra do Second Life? E o que dizer do tão falado Metaverso, do qual em pouco tempo a Meta (dona do Facebook e Instagram) retirou substancialmente os investimentos. Posso citar também a rede social Threads, da mesma empresa, que conquistou seus primeiros 2 milhões de usuários em 2h, 100 milhões em 5 dias e hoje está largada às traças. E olha que esse lançamento foi há cerca de 6 meses…
Moral da história: não existe modelo milagroso, não existe arranha-céu sem um profundo alicerce. O futuro do mercado de seguros no Brasil, e ouso dizer, no mundo, passa pelo equilíbrio entre o físico e o digital, ou seja, o “Fígital”. Os avanços de verdade em nossos negócios só vão ocorrer e tornarem-se permanentes na medida que seguradoras, corretores e os demais players do seguro continuarem caminhando juntos, trocando experiências, fazendo correções de curso etc, sempre primando por aproveitar o melhor do que a tecnologia e o ser humano tiverem a oferecer.