Por Christianne Piola*
Com o avanço de tecnologias como reconhecimento facial, aplicativos de rotas de trânsito, análise de comportamento do consumidor, ChatGPT, criou-se a ideia de que a Inteligência Artificial (IA) é capaz de resolver qualquer problema e irá acabar com diversas profissões, substituindo humanos por robôs. Mas há limitações e desafios para chegar ao modelo ideal de utilização, especialmente no setor de saúde.
A IA consiste basicamente na utilização de recursos tecnológicos, como os softwares de gestão ou os dispositivos de IoT, para otimizar tarefas simulando habilidades cognitivas do cérebro humano. A ideia é que as ferramentas inteligentes atuem de modo racional para facilitar o dia a dia das pessoas.
Na saúde, essa tecnologia contribui com atendimentos e diagnósticos mais rápidos e precisos, reduzindo custos e melhorando a experiência de pacientes e de profissionais. Com melhores recursos de monitoramento e diagnóstico, a inteligência artificial pode influenciar drasticamente a saúde.
Ao melhorar as operações de instalações de saúde e organizações médicas, a IA pode reduzir os custos operacionais e economizar dinheiro. Especialmente, a IA pode ser fundamental em regiões com recursos e infraestrutura limitados.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) vê a Inteligência Artificial como grande promessa para melhorar a prestação de serviços de saúde em todo o mundo, podendo ser utilizada para melhorar a velocidade e a precisão do diagnóstico e da triagem de doenças, auxiliar no atendimento clínico e fortalecer a pesquisa em saúde, bem como o desenvolvimento de medicamentos. Também pode apoiar diversas ações de saúde pública, como vigilância de doenças e gestão de sistemas.
Os benefícios da inteligência artificial na saúde reforçam a importância de incluir cada vez mais tecnologia no dia a dia da área. Alguns dos principais benefícios são: diagnósticos efetivos e velocidade no tratamento; softwares de gestão em saúde mais precisos; análise inteligente de sintomas; notificações instantâneas de emergências; participação de robôs e assistentes virtuais em cirurgias; organização e histórico de dados; diminuição da sobrecarga dos profissionais; detecção de fraudes e gestão de suprimentos.
No entanto, assim como não é possível confiar em escrever um artigo pelo ChatGPT sem fazer um refinamento, a comunidade médica ainda desconfia da IA, que não a vê como uma tecnologia segura, já que a qualidade das informações que alimenta os algoritmos médicos é definidora da qualidade e segurança dos resultados e sua eficiência ainda precisa ser validada.
Ao trabalhar com a inteligência artificial, os processos clínicos ficam mais acurados e rigorosos, o que é imprescindível para um setor que não permite erros ou negligências. Mas, tal qual como buscar informações para escrever um artigo que depois é finalizado por um profissional humano, pode ser meio caminho andado para indicar soluções médicas.
Para limitar os riscos e maximizar as oportunidades do uso da IA para a saúde, a OMS divulgou diretrizes quanto ao uso ético dessa tecnologia, que devem guiar o trabalho dos profissionais.
Seis pontos destacados pela OMS:
- O controle de sistemas de saúde e a tomada de decisões devem ser tomadas por humanos, e não inteiramente por inteligência artificial;
- Desenvolvedores responsáveis pela tecnologia implantada devem monitorar e garantir o pleno funcionamento de todas as ferramentas, além de atender todas as normas de segurança;
- Desenvolvedores também são responsáveis por publicar os dados e informações quanto ao desenvolvimento dos produtos e como devem ser manuseados, garantindo a transparência em todas as etapas;
- Sistemas de saúde que adotam a IA devem garantir o treinamento e capacitação dos profissionais responsáveis pelas ferramentas;
- As tecnologias utilizadas devem respeitar e serem treinadas com uma base de dados com diversas nacionalidades, gêneros e raças, com o objetivo de promover a diversidade e evitar algoritmos “viciados”;
- As ferramentas de IA devem ser continuamente avaliadas com base em sua performance, para que caso haja algum tipo de problema, seja rapidamente identificado e devidamente corrigido.
Conclusão
É certo que a IA pode automatizar algumas tarefas atualmente realizadas por médicos, mas é muito difícil que substitua o trabalho humano, pois os profissionais desempenham um papel fundamental na interpretação dos resultados gerados pelos algoritmos de IA e trazem habilidades e conhecimentos únicos ao cuidado dos pacientes.
Espécie de alívio em meio a esse mundo em ebulição, ainda existem coisas que a inteligência artificial não consegue fazer, notadamente as tarefas que envolvem qualidades exclusivamente humanas, como a inteligência emocional e o pensamento criativo.
*Christianne Piola é executiva com mais de 15 anos de experiência no mercado de seguros. Formada em Administração, possui MBA em Marketing e diversos cursos de especialização e gestão. É membro da Sou Segura.