Na agricultura, temos basicamente dois grandes grupos de culturas: as temporárias, que se caracterizam por ciclos de vida mais curtos e pela necessidade de um novo plantio após a colheita, como milho, soja, trigo, feijão, entre outras; e as culturas que possuem ciclos de vida mais longos, sem a necessidade de replantio após a colheita, como café, cana e a maioria das frutíferas, chamadas culturas permanentes.
Dentre as temporárias, temos dois grandes calendários: o de inverno, que inclui trigo, cevada, aveia, milho 2ª safra ou safrinha; e o de verão, com soja, arroz, feijão, milho 1ª safra, entre outras. Mas por que é importante entender essa dinâmica para o seguro agro?
O seguro agrícola, diferentemente dos demais ramos, é comercializado muito antes da existência do risco. Fazendo um paralelo com o seguro de automóveis, para facilitar o entendimento do leitor, diria que dificilmente um consumidor faz o seguro de um carro sem antes adquiri-lo. Pois bem, no agro é diferente. Meses antes de o produtor plantar sua lavoura, ele já adquire seu seguro. Os motivos são diversos, e poderei abordá-los em um próximo artigo.
No momento, estamos praticamente encerrando as vendas da safra verão, que ainda está em ritmo lento de plantio, e já iniciamos as vendas do milho safrinha 2025, que terá início de plantio a partir de fevereiro de 2025, na maioria das regiões do país.
Portanto, há uma sazonalidade nas vendas. Para a safra verão, historicamente o início ocorre no final de abril e finaliza em outubro, com o plantio da safra acontecendo de setembro a novembro. A comercialização da safra de inverno geralmente se inicia em novembro de um ano e se encerra em março do ano seguinte, podendo se estender até o final de junho, para atender culturas como trigo, cevada, entre outras.
Já as culturas perenes obedecem a um calendário de vendas distinto. No caso das frutas, há uma interrupção menor nas vendas, que coincide com a colheita e o pós-colheita. Para o café, segue-se a mesma dinâmica. No caso da cana, a comercialização ocorre quase durante os 12 meses do ano, com interrupções pontuais, como aconteceu este ano, devido aos inúmeros focos de incêndio.
Está sendo um ano bastante desafiador para todos. No primeiro semestre de 2024, tivemos uma queda nos preços de algumas commodities, em especial dos grãos e oleaginosas, com uma ligeira recuperação neste semestre.
Associado a isso, houve frustrações na safra de soja 2023/24, redução nas verbas governamentais destinadas à subvenção ao prêmio do seguro rural e descapitalização do produtor rural, principalmente daqueles que produzem em regiões com maior histórico de sinistralidade e que não possuem terras próprias, pagando valores elevados no arrendamento.
O conjunto desses fatores desacelerou a procura pelo seguro agrícola, apesar das incertezas climáticas que enfrentamos e da previsão de El Niño, que deve se estender por toda a safra de verão, segundo especialistas.
Infelizmente, o produtor que tem suas lavouras em regiões com maior histórico de sinistralidade terá mais dificuldades para encontrar cobertura de seguro privado. Portanto, o corretor que atua nessas regiões será mais impactado.
E não me refiro apenas ao seguro agrícola, mas também aos demais ramos, pois o seguro agrícola é uma ferramenta de proteção e sustentação da atividade desses produtores. Descapitalizados e com eventual queda na renda, eles deixam de adquirir mais produtos e serviços.
Notadamente, nas últimas safras, produtores que estão em regiões edafoclimáticas mais privilegiadas e com menor histórico de sinistro estão buscando mais o seguro agrícola. A ideia de que “isso nunca acontecerá comigo” está sendo substituída por “isso pode acontecer!”.
As seguradoras estão investindo mais em análise de risco, separando o “joio do trigo” e ficando mais atentas às questões ambientais.
Há uma busca por especialistas, corretores, reguladores e demais profissionais da área para compor o quadro das seguradoras.
Existe a possibilidade de o governo aplicar menos recursos no PROAGRO, que nos últimos anos tem sido muito questionado, e destiná-los ao Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural.
As commodities agrícolas, principalmente a soja, tendem a entrar em um período de equilíbrio nos preços. Dificilmente atingiremos os valores comercializados nos anos de 2021/22, a menos que haja uma grande frustração de safra nos principais produtores, como Brasil, Estados Unidos e Argentina.
O mercado já abriu as vendas da safra de inverno 2025, mas inúmeras seguradoras devem iniciar a comercialização apenas na segunda quinzena de novembro. Portanto, se você é corretor e tem potenciais clientes no agro, ainda há tempo para ofertar os seguros da safra de verão 2024/25 ou iniciar a oferta da safra de inverno 2025.
Já para as culturas perenes, as comercializações seguem normais, inclusive para cana, que foi interrompida temporariamente, mas voltou à normalidade, assim como o seguro florestal.
Contate-nos, e poderemos, através de negócios compartilhados, oferecer o atendimento que seu cliente merece e precisa.