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Saúde

ANS define reajuste de 6,06% para planos de saúde individuais em 2025

Decisão impacta 8,6 milhões de beneficiários e representa um dos menores índices dos últimos anos; fatores econômicos, políticos e setoriais influenciaram o resultado

ANS define reajuste de 6,06% para planos de saúde individuais em 2025

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciou, nesta segunda-feira (23/06), o índice de reajuste para os planos de saúde individuais em 2025, fixado em 6,06%. O percentual atinge cerca de 8,6 milhões de usuários, o que corresponde a aproximadamente 17% dos beneficiários da saúde suplementar no país.

O índice é inferior ao aplicado em 2024, que foi de 6,91%, e figura entre os menores da última década — embora não supere o histórico reajuste negativo de 2019, de -8,19%. Especialistas avaliam que o percentual reflete uma busca por equilíbrio entre os custos operacionais do setor, o cenário econômico e as pressões sociais e governamentais.

Como é feito o cálculo do reajuste

A fórmula adotada pela ANS considera dois fatores principais: o Índice de Valor das Despesas Assistenciais (IVDA), que tem peso de 80%, e o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), com peso de 20%.

De acordo com a ANS, os custos assistenciais subiram de R$ 240 bilhões, em 2023, para R$ 256,8 bilhões em 2024. Por outro lado, a sinistralidade — que mede a proporção entre o que as operadoras arrecadam e o que gastam com serviços de saúde — caiu de 87% para 83,8%, indicando uma leve redução no uso dos serviços em relação à receita. No mesmo período, o IPCA subiu de 4,62% para 4,83%.

Influência do cenário político e econômico

Para o advogado e ex-diretor da ANS, Elano Figueiredo, o percentual reflete a convergência de diversas pressões e interesses “Esse cálculo é complexo e sofre influência direta de fatores externos. Havia uma tensão entre o governo, que buscava conter a inflação; a sociedade, pressionando diante dos lucros expressivos das operadoras; e, por outro lado, as próprias empresas do setor, com forte atuação e interesses próprios”, explica.

Figueiredo acrescenta que a participação do Ministério da Fazenda no processo foi decisiva: “O índice precisou passar por validação do Ministério da Fazenda, e isso certamente teve peso no resultado final”, afirma.

Projeções e expectativas do mercado

Antes da divulgação oficial, estimativas do mercado — como do Citi e da consultoria especializada Milliman — projetavam que o reajuste poderia variar entre 6,2% e 6,5%. A própria FenaSaúde, entidade que representa as operadoras, chegou a sinalizar que o percentual deste ano poderia ser o menor dos últimos 17 anos.

Apesar dos lucros recordes do setor, que somaram R$ 7,1 bilhões apenas no primeiro trimestre de 2025, esse fator não entra diretamente na fórmula de reajuste. No entanto, segundo a ANS, a melhora na sinistralidade e o equilíbrio nas despesas assistenciais foram determinantes para manter o percentual em patamar mais baixo.

Perguntas e Respostas — Reajuste dos Planos de Saúde Individuais em 2025

De quanto será o reajuste dos planos individuais em 2025?

O reajuste autorizado pela ANS é de 6,06%.

Quem será impactado por esse reajuste?

O reajuste vale exclusivamente para os planos de saúde individuais e familiares contratados a partir de janeiro de 1999 ou adaptados à Lei nº 9.656/98, que representam cerca de 8,6 milhões de beneficiários, ou 17% dos usuários da saúde suplementar no Brasil.

Quando começa a valer?

O reajuste é aplicado na data de aniversário do contrato, ou seja, no mês em que o plano foi contratado. Vale para o período de maio de 2025 a abril de 2026.

Por que o reajuste foi menor que o do ano passado?

O índice reflete fatores como a redução da sinistralidade (menos utilização dos serviços em relação à receita das operadoras), além de influência do cenário econômico, controle da inflação e negociações com o próprio governo.

Os lucros das operadoras entram no cálculo do reajuste?

Não diretamente. O reajuste considera os custos assistenciais (quanto as operadoras gastam com consultas, exames, internações etc.) e o IPCA. Entretanto, a situação financeira saudável das empresas pode ser levada em conta na análise de equilíbrio do setor.

Quem fiscaliza se o reajuste está correto?

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é o órgão responsável por regular e fiscalizar o setor, inclusive autorizando e supervisionando os reajustes.

Esse reajuste vale para planos coletivos?

Não. Planos coletivos (empresariais e por adesão) têm negociações diretas entre operadoras e contratantes, sem limite pré-estabelecido pela ANS.

É possível contestar o reajuste do plano?

Se houver suspeita de cobrança incorreta ou abusiva, é possível registrar reclamação na ANS (Disque ANS 0800 701 9656) ou no Procon de cada cidade.