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Finanças

Neurofinanças: uma nova abordagem para o equilíbrio financeiro

Para entendermos sobre a origem de nosso comportamento financeiro, vamos navegar um pouco pela Neurociência

Foto de jesse orrico na Unsplash
Foto de jesse orrico na Unsplash

Se tomar decisões assertivas já é complexo, tomar decisões financeiras assertivas pode se tornar um martírio na vida de muitos. Ao tratarmos desse delicado tema com um pouco mais de profundidade, explicando a origem do comportamento financeiro que está cristalizado em cada um de nós, passamos a compreender a origem de determinados comportamentos e a correção de rota ficará muito mais fácil.

Para entendermos sobre a origem de nosso comportamento financeiro, vamos navegar um pouco pela Neurociência, para compreendermos qual a razão de algumas pessoas terem mais facilidade ou mais dificuldade no trato do controle das finanças. Em 1978, o pesquisador americano Ned Hermann desenvolveu a Teoria da Dominância Cerebral, na qual descreveu que “há diferentes padrões de como o cérebro recebe e processa as informações”. Dessa forma, ele dividiu o cérebro em quatro quadrantes: Realizador e Analítico: lados superior e inferior esquerdo; Inovador e Apoiador: lados superior e inferior direito. Cada pessoa possui dominância em determinado quadrante e seu comportamento está perfeitamente alinhado de acordo com essa característica. Como o cérebro é plástico, podemos ter comportamentos de todos os quadrantes, quer seja de forma espontânea quanto programada. Contudo, sempre haverá um quadrante dominante que determinará o padrão de comportamento em evidência. A grosso modo, pessoas com dominância cerebral esquerda são mais práticas e analíticas e tendem a ter maior facilidade para o equilíbrio financeiro. Ao contrário das pessoas com dominância direita, por suas características peculiares experimentais e relacionais. Em suma, trata-se apenas de uma tendência e não de uma regra matemática. Você sabia que 95% de nossas decisões de consumo são irracionais? Assustador, não é mesmo? Nosso cérebro procura justificar o que decidimos inconscientemente. Alguma vez você já comprou algo e logo após ficou numa conversa interna, explicando a você mesmo por que comprou aquilo, onde vai usar e por que merecia aquela aquisição? Pois bem, só por isso já começamos a entender que realmente há algo de irracional em nossas decisões de consumo.

Para complementar o tema, a Teoria do Cérebro Trino, do Neurocientista Paul MacLean, explica que os seres humanos dispõem de um cérebro composto por três estruturas funcionais diferentes: a primeira e mais primitiva é o Reptiliano, responsável pelas necessidades básicas e essenciais como, por exemplo, fazer a digestão, respiração, batimento cardíaco, ou seja, ações de caráter mecânico e instintivo. A segunda estrutura é o sistema Límbico, comum a todos os mamíferos e responsável pela proteção, emoções e sentimentos. Este sistema é capaz de aprender e transformar as emoções em memória. A terceira e mais recente estrutura é o Neocórtex. Esta parte nobre do cérebro (exclusiva dos seres humanos) deu-nos uma consciência e um raciocínio lógico argumentativo. É essa estrutura que nos distingue dos outros animais.

No que diz respeito a finanças, quem tem que ser dominado é o Reptiliano, pois é essa estrutura que toma decisões irracionais, com base nas experiências e emoções que estão cristalizadas no sistema Límbico. Portanto, treine seu Reptiliano e registre informações positivas no seu Límbico, para que seja possível controlar os ímpetos de consumo, tornando-os o mais ‘consciente’ possível. O famoso contar até 10 funciona bem para barrar decisões de consumo impensadas. E para “ajudar”, existe uma descarga do neurotransmissor dopamina, que é responsável por nos dar prazer momentâneo. É a dopamina que vicia, quando fazemos apostas ou consumimos. Por isso, às vezes, a euforia de uma aquisição passa rápido. Diante dessas informações, já podemos enxergar a ponta do iceberg, ou seja, sabemos que existe muita coisa para entendermos e que está escondida sob a água, mas nem sempre teremos (ou queremos ter) acesso a elas. Observamos também como nossa história de vida, estrutura familiar, a imposição da sociedade, crenças etc. podem influenciar em nossas decisões de consumo, hoje. A intenção deste artigo é instigar o conhecimento de cada um em busca do equilíbrio financeiro. Em nossas finanças pessoais, não fazer nada e continuar errando, também é uma decisão que pode ser tomada. Errada, mas, mesmo assim, tomada. A grande maioria de nós sabe exatamente o que fazer. O clichê de que não existe fórmula mágica se encaixa perfeitamente aqui. De fato, ‘receita de bolo’ não funcionará em finanças. É preciso ter atitude, força de vontade, mas, sobretudo, querer mudar. E agora, fica ou não fica mais fácil decidirmos o que queremos colher no futuro?