O corretor de seguros Cauê de Paula Damião, de Curitiba-PR, iniciou no setor em 2014, mas seus pais atuaram por décadas com seguros. O pai, Aristides Damião Jr., se aposentou na seguradora Tokio Marine, e antes trabalhou na Bradesco e no Bamerindus. A mãe, Rosangela Paula dos Santos, abriu uma corretora de seguros em 2001, a Canaxan, que trazia as iniciais dos três filhos: Cauê, Natalie e Xandai. Em 2009, ela mudou de segmento e paralisou as atividades da corretora.
Empreendedorismo no setor
Anos depois, Cauê, que trabalhava na empresa AMBEV, cansou de ser funcionário e decidiu empreender. Conversando com sua mãe descobriu que o CNPJ da corretora ainda estava ativo, e resolveu fazer o curso de habilitação de corretores de seguros, na Escola de Negócios e Seguros (ENS). Enquanto estudava começou a vender seguros, utilizando o registro da mãe, até se formar.
Assim que assumiu o negócio, em 2014, ele achou que o nome da empresa não era muito vendável, e mudou para CNX Seguros. Outra decisão importante foi o ingresso na Lojacorr. “Na época estava bem restrita a entrada de novos corretores, mas abriu uma vaga ali e eu acabei ingressando. Tudo começou bem lentamente, como é todo negócio, sofrido, como continua sendo até hoje, mas as coisas estão se direcionando”, declara.
No início da CNX Cauê trabalhava sozinho, na sala de sua casa, onde permaneceu por um ano. Depois se mudou para uma sala comercial, em cima da panificadora que era o novo negócio de sua mãe, onde ficou por mais dois anos.
Formação de sociedade
Foi quando seu amigo Guilherme Cavanholi o convidou para tomar um café, e sugeriu que mudasse a corretora para um coworking em Curitiba, pois em sua visão poderia ter mais networking para gerar negócios. “Em três meses no coworking foi uma virada de chave. Saí do ambiente isolado que ficava, mesmo fazendo muitas visitas ao longo do dia. Passei a estar em um ambiente com outras empresas, outros negócios, entender melhor a dinâmica das empresas e fazer mais negócios. A partir de então as coisas evoluíram muito”, recorda. “Tanto que no início tive medo de não conseguir sustentar a estrutura de coworking, mas em pouco tempo estava pagando toda a conta e começando a sobrar dinheiro”.
Cauê então convidou Guilherme, que estava procurando um novo negócio para empreender, para ser sócio na CNX. “Convidei ele para assumir a gestão comercial da empresa, ele topou, e desde 2018 está comigo”, diz.
Depois de um ano juntos no coworking, Guilherme se mudou para Medianeira-PR, por questões familiares, mas preferiu continuar na corretora. Foi quando a CNX iniciou de fato em seguro rural. “A atuação em seguro rural foi o que mudou de vez a história da corretora para se desenvolver hoje, talvez, como uma empresa de médio porte, já que temos sete funcionários”.
Foco no rural
Houve um período de dificuldades, com safras ruins de agro. “Vínhamos nos estruturando, quando as seguradoras tiveram prejuízo gigantesco, ficando praticamente dois anos sem disponibilizar produto de agro para nós, e foi quando passamos aperto na corretora. No início de 2023 tivemos que reestruturar, mandar gente embora, reduzir pró-labore e todos os custos que podíamos. Hoje, no fim do ano, estamos batendo recorde, chegamos próximos à nossa meta, e estamos novamente reestruturando, contratando mais gente, porque 2024 promete, queremos triplicar o tamanho de 2023”, afirma Cauê.
O foco da corretora hoje é seguro rural. “Representa 55% do nosso faturamento, estamos tentando diminuir um pouco essa diferença, trazer outros produtos, mas acho que nos próximos três ou quatro anos não iremos conseguir. A tendência é que o agro só aumente, acredito que deva chegar até uns 75% nos próximos três anos e depois começaremos a investir em outras frentes”, analisa.
Desafio da diversificação
O maior desafio da CNX é vender outros seguros para o cliente de agro. “Como o produto agro ainda é novo para nós, faz quatro anos que atuamos, ainda não encontramos uma forma de atingir o agricultor. Quem consegue vender outros nichos é quem está dentro da propriedade rural conversando com o agricultor todos os dias”, explica.
“Nossa estratégia inicial no agro foi trabalhar através de parceiros, fomos até revendas de agro e cooperativas para tentar vender nosso produto. Funcionou super bem, mas nunca tivemos acesso direto ao agricultor, isso nos dificulta para fazer um cross-seling de outros produtos”.
Para tentar trazer outros produtos, a corretora tomou como estratégia no último ano a contratação de vendedores que ficam na rua atendendo o agricultor, além de continuar atendendo no canal de parceiros. “Temos hoje dois canais: com vendedores próprios, em que conseguimos fazer o cross-selling, e as parcerias de canais. Acreditamos que demore um pouco de tempo mesmo até os agricultores se adaptarem com o nome da empresa, porque as corretoras que estão hoje no agro são muito antigas, conhecidas. Quando tem um novo entrante este acesso é um pouco mais difícil. Então, com paciência, estamos tentando crescer dentro dos canais de parceiros, que é de onde vem o maior volume, mas ao mesmo tempo desenvolvendo um pouco essa carteira do varejo através de colaboradores próprios, para trabalhar com cross-selling”, conta.
“Queremos investir em tecnologia, aplicativos para trazer este agricultor para dentro da corretora, ter acesso a suas apólices, para que ele possa a longo prazo ir se adaptando a utilizar sistemas. Lidamos no agro com um público um pouco mais velho, geração menos tecnológica, o que dificulta as tratativas. Já utilizam bastante o Whatsapp, o que ajuda nossa comunicação, mas para outros aplicativos e sistemas é mais difícil. As próximas gerações tendem a aderir à modernidade, aí sim poderemos trazer melhorias que podem gerar mais negócios”.
Oportunidades com a Lojacorr
Para Cauê, a Lojacorr abriu portas para a empresa. “A Lojacorr disponibiliza diversos produtos em diversas seguradoras, o que, para os corretores quando começam, é muito difícil conseguir sozinhos. Apesar de a minha mãe já ter a corretora há muito tempo, estava sem faturamento nenhum, então eu não poderia me comprometer com as seguradoras de que teria tanto de produção, ou tanto de sinistralidade. A negociação com as seguradoras é muito difícil e a Lojacorr de fato veio para resolver essa situação de bate-pronto”.
A melhor solução para o momento do início. “Foi a melhor coisa que poderia ter acontecido, o que precisávamos naquele momento era de produtos e, a partir do momento que entramos na Lojacorr passamos a ter todos”.
O foco de Cauê nunca foram os seguros massificados. “Eu não atendia seguro de automóvel, sempre pensei em atuar em produtos com ticket médio considerável, mas não esses que têm muito custo operacional e pouca rentabilidade de carteira, então sempre focamos em outros produtos. Tanto que o primeiro seguro que fechei foi de riscos de engenharia, e tem corretores com muitos anos de mercado que nunca atuaram neste ramo, é um produto bem especifico, mas sempre foi nosso objetivo buscar produtos diferentes do que os corretores normalmente trabalham, então a Lojacorr me ajudou bastante nessa diversificação”.
Expansão dos pontos de atendimento
A corretora começou em Curitiba, onde ainda possui endereço fiscal. O sócio Guilherme se mudou para Medianeira em 2019 e Cauê se mudou para Londrina em 2022. “Mudei minha residência muito por conta do agro, então a ideia é desenvolver para atender esse nicho especifico”, diz. A CNX também tem hoje uma unidade em Realeza, interior do Paraná, onde atende um cliente especifico no âmbito do agro, e tem uma unidade em Campo Grande-MS, onde fica outro colaborador que atende clientes de agro. “A tendência é que sigamos expandindo, através de colaboradores, em regiões que ainda não atuamos. Em cada local estruturamos bem a operação, fazemos o negócio andar e abrimos um ponto de atendimento. Essa é nossa estratégia para crescer”.