Portal Corretora do Futuro – Conte sua trajetória profissional até chegar à gerência de Operações em Seguros da Lojacorr. Foram muitos desafios?
Eder Santos – Sem dúvida, foram muitos desafios. Eu comecei a trabalhar desde muito cedo, antes da maioridade, aos 15 anos, apoiando meus pais como ajudante de manutenção e reformas em alguns prédios e imóveis comerciais na cidade de Curitiba. Geralmente eram escolas/cursinhos preparatórios para o vestibular e mercado de trabalho. Trabalhávamos aos sábados e domingos para ajudar a acelerar a entrega, mas também porque não se podia trabalhar durante a semana em função das aulas que aconteciam, que não podiam ser interrompidas. Lembro por muitas vezes de entrar em uma sala de aula vazia qualquer, parar e observar, tentando entender tudo que estava no quadro. Alguns professores esqueciam de apagar e me despertava muita curiosidade. Além da sensação de que as pessoas que haviam aprendido tal conteúdo inevitavelmente poderiam ter muito conhecimento, sucesso e uma vida melhor.
Depois, quando eu estava cursando o ensino médio no período da manhã, comecei a trabalhar à tarde como auxiliar administrativo/office boy, apoiando meu cunhado Marcelo Schultz, que é corretor de seguros. Ele fazia parte do grupo de corretores que, desde o início, era parceiro Lojacorr e havia me dado essa oportunidade de trabalhar na corretora em meio período. Nesse início minhas principais tarefas eram realizar pagamentos das parcelas nas agências bancárias. A modalidade de pagamento em cheque para a primeira parcela do prêmio do seguro era explorada por muitas corretoras, onde era necessária uma visita ao segurado para pegar o então valor da entrada. Com isso, uma visita comercial nesse momento fazia grande diferença, tornando esse tipo de atendimento um diferencial. Além disso, após a emissão das apólices eu catalogava, postava via correio e entregava as vias físicas aos segurados. Nessa época, pouquíssimas seguradoras trabalhavam com vias digitais do documento. Foi aí que comecei a ter os primeiros contatos com o mundo do seguro e, inevitavelmente, fui me apaixonando por todo o contexto que envolve o mercado segurador.
Quando completei 18 anos, assim como muitos jovens brasileiros, me alistei ao serviço militar, servindo a Aeronáutica (FAB, Força Aérea do Brasil), na base aérea do Cindacta 2, localizada no bairro Bacacheri na cidade de Curitiba. Em função disso, precisei temporariamente me ausentar da atividade em seguros e cumprir as obrigações militares. Foram quase 4 anos de muito aprendizado e valores, os quais são importantes em minha vida até hoje.
Após isso retornei a corretora, trabalhando novamente com o Marcelo Schultz. Desta vez, em tempo integral. Na corretora, comecei fazendo a parte operacional ou seja recepção e atendimento ao cliente, cotações, transmissões, apoio em agendamentos de assistência 24h. À medida que o tempo foi passando, comecei a trabalhar também na parte comercial, relacionamento e vendas, pois como a corretora atuava de maneira enxuta, era possível navegar em todas essas frentes de trabalho. Isso foi muito importante, pois assim fui adquirindo novas habilidades e competências essenciais para fazer frente ao desafio diário da corretora. Foram cinco anos de muito aprendizado e dedicação.
Em 2013, passei a trabalhar na Sede Administrativa da Lojacorr como assistente de expansão na área de expansão da empresa que, na época, seguia evoluindo com planejamento de aumentar a capilaridade em todo Brasil, por meio do avanço com criação de novas Unidades de Negócios. Assim, alavancando e apoiando de maneira sustentável o crescimento de novas corretoras parceiras da empresa. Como assistente de expansão, entre as minhas principais atividades estavam abertura e padrão de códigos junto às seguradoras. E ainda, no programa Treinacorr, apoiava as Unidades com cronogramas e listas de presenças nos encontros. Fazia a gestão de logins e senhas nas seguradoras dos times da sede e das corretoras, atualização de versão de cálculos das seguradoras no sistema interno, gestão e contingência dos parâmetros e acessos do Multicálculo às corretoras e sustentação de pós vendas ao fornecedor da ferramenta. Nesse mesmo ano, havia iniciado a Faculdade de Administração, com ênfase em Processos Gerenciais.
Em 2015, fui convidado pelo então gerente da área de Operações, Alex José Martins, e pelo diretor de Operações, André Ogliari Duarte, para atuar junto à coordenação da área, com a missão de simplificar processos, agilizar fluxos, atuando na parte tática com liderança, gestão e desenvolvimento de pessoas. Nosso foco sempre foi colocar o atendimento às nossas corretoras parceiras em primeiro lugar, com um backoffice aderente às melhores práticas e ferramentas do mercado. Trabalhando com eles pude aprender como o comportamento de uma grande liderança pode, pelo exemplo e confiança, provocar mudança de mentalidade no dia a dia do time, potencializando entregas e otimizando resultados. Em 2016, iniciei o MBA em Gestão Estratégica de Empresas, o que alavancou meu conhecimento, podendo compartilhar melhorias na rotina de toda operação.
A partir de 2017 recebi um novo desafio: assumir a Gerência de Operações sob a Diretoria de Luiz Longobardi Junior, com o desafio de continuar o trabalho desenvolvido até então, mas também trazer inovação, conectando a parte estratégica e tática no âmbito operacional, fortalecendo a relação de atendimento junto às corretoras, assim como todos os integrantes da Lojacorr. Para fazer frente ao desafio de gestão da área de Operações da Lojacorr, iniciei em 2018 os estudos com uma Pós-Graduação em Liderança e Inovação Estratégica, que proporcionou muitos insights de aplicação prática, principalmente nos projetos envolvendo práticas e ferramentas com inovação. Uma delas adotada, que vem se tornando divisor de águas, foi automação de processos nos fluxos operacionais, ou seja, passamos a automatizar fluxos como parcela pendente e acompanhamento de status de emissão, recusas, cancelamentos, extratos e repasses de comissão, fazendo com que a informação sobre cada negócio fechado chegue mais rápido ao conhecimento e gestão do corretor, liberando tempo, mantendo-o no controle de tudo o que ocorre durante a vigência de seus negócios em sua carteira.
Atualmente, sob a Diretoria de Tecnologia & Operações de Sandro Ribeiro, os times seguem avançando com entregas em projetos importantes como: responsividade do Broker e Central de Notificações. Seguimos trabalhando na otimização do fluxo para o ramo empresarial em seguros com grandes riscos. A cada projeto que avançamos, o nível de complexidade e desafio sob as necessidades dos corretores aumenta em grande escala, pois o mercado e suas tendências evolutivas não param. Para tanto, finalizei recentemente em 2023 o MBA em Gestão Avançada de Seguros pela ENS (Escola Nacional de Seguros), com o objetivo de aprofundar o conhecimento e poder aplicá-lo na jornada de experiência do corretor.
PCF – Você chegou a planejar a sua vida pessoal e profissional, conciliando as atividades para alcançar esta posição ou abraçou as oportunidades que foram se abrindo em sua vida? Como foi esta construção?
ES – Sim, houve um planejamento primeiramente na vida pessoal e, na sequência, um equilíbrio com a vida profissional. Na vida pessoal, eu e minha esposa casamos jovens e, desde então, passamos a planejar todas as fases que viriam a seguir, como casa própria, filhos, trabalho, estudo, automóvel e assim por diante. Com relação a jornada profissional, eu diria que houve um pouco das duas coisas. Ou seja, eu sempre busquei desenvolvimento profissional e, para isso, conciliava o estudo para potencializar meus resultados. Mas também ficava atento às oportunidades, a fim de estar preparado para qualquer desafio profissional.
PCF – Como você costuma conciliar a atenção aos negócios e à família? Conte um pouco sobre sua família, costumes, hobbies e o que gostam de fazer juntos? Tem filhos e pets?
ES – Conciliar atenção com a família, trabalho e estudo sempre é um grande desafio em função do equilíbrio de tempo que cada momento desse nos impõe. Eu e minha esposa planejamos e conversamos com frequência sobre cada um deles e sempre tomamos decisões conjuntas. Desde as mais simples como, por exemplo, quem vai no mercado no final de semana, até as mais complexas como a chegada de um filho. Hoje, ainda somos eu e minha esposa. Não temos filhos. Meu pet é um pastor alemão carinhosamente chamado de Urso, que curiosamente não tem “capa preta”, pois ele é todo amarelo e gosta de comer dois pães (francês) no começo do dia e no fim da tarde (risos). Gostamos de viajar e fazer turismo, passear por Curitiba, visitar os pontos turísticos, como Jardim Botânico, Parque Tanguá e Ópera de Arame que, em nossa opinião, são os mais bonitos da cidade. Contudo, gostamos também de passar um tempo em casa, aproveitando o conforto e segurança em momentos de descanso, sempre que possível.
PCF – Tem alguma espiritualidade? Pratica esportes? O que costuma fazer nos momentos de lazer?
ES – Sou católico. Costumamos frequentar a Paróquia Sant’ana, muito tradicional no bairro Abranches em Curitiba, que remonta mais de 100 anos de existência, sendo uma referência para toda comunidade próxima. Gosto de jogar Futebol, fazer churrasco com família e amigos, jogar videogame com meus sobrinhos e ouvir música.
PCF – Você prefere TV ou livro? Indique um filme ou série e um livro que lhe trouxe bons ensinamentos?
ES – Gosto de ambos, ultimamente me dediquei mais às séries e filmes, pois minha lista de pendências havia ficado muito grande. Então tive que equilibrar. Uma série e um filme que considero ótimas referências são Band of Brothers e Perdido em Marte, ambos com grandes ensinamentos em vários aspectos, que podem ser traduzidos para a vida pessoal e profissional. Um livro super atual que recomendo para quem gosta do tema empresarial chama-se ‘Organizações Infinitas: O segredo por trás das empresas que vivem para sempre’, dos autores Junior Borneli, Cristiano Kruel e Piero Franceschi. Atualmente estou lendo ‘Insights para um Mercado em Transição’ do autor Walter Longo.
PCF – A sua trajetória profissional começou com a Aeronáutica, Conte um pouco sobre como esse perfil ajuda sua atuação profissional hoje em dia.
ES – Servir a Aeronáutica foi muito importante, pois esse período contribuiu para que eu pudesse enxergar a vida de outra maneira, aprendendo e valorizando aspectos como apresentação pessoal, respeito com horários e combinados, espírito de equipe e trabalho em time, atenção e cuidado com planejamento, além de muita disciplina e persistência em superar limites físicos e mentais. Costumo dizer que aprendi o que fazer e o que não fazer para ter sucesso nos objetivos.
PCF – Nosso mercado visa proteger pessoas e patrimônios. Como você trabalha junto à sua equipe a valorização profissional e o papel desse time na sociedade?
ES – Nosso time de Operações hoje conta com 39 colaboradores, sendo uma das maiores áreas em número de pessoas da empresa, 82% perfil feminino e, deste total, 42% são mães com filhos em diversas idades. Os outros 18% tem perfil masculino. Somos compostos por aprendizes, auxiliares, técnicos, analistas e coordenadores. Gostamos de trabalhar a diversidade, mantendo compromisso com a equidade e inclusão. Nossa cultura e clima permitem o crescimento e oportunidades do time em todos os níveis. Com isso, procuro trabalhar treinamento e desenvolvimento, através das políticas e programas como avaliação de desempenho, PDI (plano de desenvolvimento individual) e, mais recentemente, o rosa dos ventos, em parceria com a área de Gente e Gestão, valorizando nossos talentos internos.
Cada um de nós possui suas responsabilidades e desafios, mas todos com a mesma missão: prestar suporte técnico operacional, acompanhando cada negócio (propostas/apólices), oferecendo simplificação, soluções com qualidade, atendimento ágil especializado. Com isso, liberamos mais tempo e foco nas corretoras da rede, no crescimento e prosperidade de suas carteiras. A área de Operações desempenha um papel fundamental na empresa que, por sua vez, é refletido na sociedade, atuando como o alicerce que promove sustentação e contingência. É responsável por coordenar e executar as atividades nos fluxos de pós vendas das corretoras, conectando-as com as seguradoras. Acreditamos que, dessa forma, contribuímos para o desenvolvimento econômico e social, permitindo que as pessoas enfrentem desafios com maior resiliência e segurança.
PCF – Como você acredita que a Lojacorr apoia o ecossistema de seguros no Brasil na busca pela proteção da sociedade?
ES – Eu acredito muito na nossa causa justa, pois nós trabalhamos para universalizar o acesso à proteção social do seguro a toda população e para fortalecer todos os corretores de seguros como profissionais admirados pela sociedade. Ou seja, a contribuição da Lojacorr para o ecossistema de seguros está ligada à facilitação do acesso a toda sociedade a produtos de seguro, tornando-os mais acessíveis e compreensíveis, proporcionando uma maior conscientização sobre a importância da proteção financeira, sendo o corretor protagonista das relações de negócios.
PCF – O que mais te fascina no âmbito profissional?
ES – O que mais me fascina nesse aspecto é o desenvolvimento profissional, pois tenho muito orgulho e grande paixão pelo que faço, onde considero a oportunidade de aprender, crescer e desenvolver novas habilidades fatores de muita motivação e entusiasmo.
PCF – Sendo gerente de Operações na Lojacorr, você percebe que pode fazer parte da história de milhares de vidas e famílias diretamente ligadas à sua atuação?
ES – Sim, possuo essa consciência. Isso me motiva a agir sempre com muita responsabilidade, respeito, ética, justiça e honestidade, acreditando que posso fazer a diferença a cada dia, direta ou indiretamente, na vida de muitas pessoas.
PCF – O que você diria para aquele profissional que está começando a carreira, ou que já está estabelecido, mas sonha em crescer profissionalmente?
ES – Não desista dos seus sonhos, acredite em você, em suas capacidades, busque conhecimento, aprenda com atenção, compartilhe, ensinando com empatia e paciência, se apresente e faça seu melhor, seja disciplinado e persistente, afinal de contas ninguém poderá cobrar mais de você a não ser você mesmo.
PCF – Como você vê o futuro do mercado?
ES – O mercado de seguros brasileiro teve uma expansão significativa em 2022, superando incertezas causadas pela pandemia. De acordo com Susep, a demanda cresceu 16,2%, totalizando mais de R$ 355,96 bilhões em prêmios arrecadados pelas seguradoras. No entanto, surgiram desafios importantes como a crescente concorrência das insurtechs, e uma grande preocupação com fraudes, que atingiram alarmantes 15% das receitas das seguradoras no Brasil.
Acredito que a experiência do usuário será ponto focal, pois muitas pesquisas revelam que tanto corretores como também segurados anseiam por melhorias nos processos e simplificações digitais. Estratégias centradas no cliente, integração eficiente e uso de inteligência artificial (IA) serão importantes mecanismos para prevenir fraudes, otimizar operações e melhorar a experiência do usuário.
O uso e modernização de novas tecnologias em nosso mercado vem fazendo a diferença com grande margem e escala de avanço em áreas como a comercial, TI, operações e financeira, baseado em automação de processos e inteligência de dados.
O Open Insurance é um tema importante. De acordo com seu escopo, permitirá que consumidores compartilhem informações entre empresas autorizadas, com impactos esperados em todo ecossistema a partir de 2025.
Além disso, nosso setor, apesar da resiliência, poderá enfrentar velhas dificuldades macroeconômicas já conhecidas, como inflação, taxas de juros elevadas e mudanças climáticas. Na minha visão, a cultura de inovação contínua, automação, transformação operacional e inteligência de dados serão divisores de águas para enfrentar esses desafios, melhorando a tomada de decisão, impulsionando a inovação, diferenciando-se da concorrência e promovendo atuação sustentável no mercado.
PCF – Temos falado muito sobre o futuro e as habilidades que precisamos ter e desenvolver para estarmos preparados para ele. Na sua visão, como pensar no futuro, avaliando cenários e tendências, construindo empresas perenes para a sociedade? O que devemos e podemos fazer juntos para apoiar nessa construção?
ES – Na minha opinião podemos adotar uma abordagem estratégica e colaborativa. Isso envolve antecipar tendências e cenários, fomentar uma cultura de inovação, investir em tecnologia e sustentabilidade, desenvolver novas habilidades e promover a adaptabilidade. Além disso, a colaboração e parcerias com diversas partes interessadas, a responsabilidade social corporativa e a adoção de uma visão de longo prazo são essenciais. Ao integrar esses elementos podemos, não apenas se adaptar aos desafios do futuro, mas também contribuir de maneira positiva para a sociedade, promovendo inovação, responsabilidade e sustentabilidade.