De acordo com pesquisa feita pela Câmara Americana de Comércio (Amcham Brasil) em que foram ouvidos 694 empresários brasileiros, as principais tendências de investimento para 2024 são: inteligência artificial e ASG. A sigla se refere aos aspectos ambientais, sociais e de governança nas organizações.
Mas será que essas três letras têm relação com empresas pequenas? Sim! Isso porque toda empresa presta conta a diferentes públicos. E eles se encaixam em algum aspecto da sustentabilidade.
No caso de uma corretora de seguros, ela tem vários públicos: primeiro, o consumidor final, para quem presta o serviço de corretagem. Além disso, as seguradoras parceiras. Também as entidades de classe, que regulam o setor, e entidades governamentais. Entram ainda os colegas de profissão. E funcionários, que são o público interno. Entre outros!
Em todas essas relações existem práticas de sustentabilidade que devem ser seguidas. Tanto para cumprir com a legislação, quanto pela exigência dos próprios consumidores.
“As corretoras podem começar com o básico, provendo produtos e serviços que são sustentáveis”, sugere o professor da Escola de Negócios e coordenador da Especialização em Sustentabilidade Empresarial: Estratégias ESG nas Operações da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Pablo Carpejani.
Numa indústria, isso fica mais óbvio, como na fabricação de bolachas ou carros. Mas no setor de seguros, que integra o ramo dos serviços, também é possível, sim, realizar a sustentabilidade de várias formas.
Veja algumas dicas de sustentabilidade para corretoras de seguros:
- Boas práticas das seguradoras: quando o corretor inicia uma cotação de seguro, normalmente busca várias seguradoras para encontrar o produto ideal ao perfil do cliente. Seja para segurar um automóvel, residência ou a própria saúde e vida das pessoas, o cliente nem sempre busca apenas o menor preço. Cada vez mais, as pessoas desejam preço justo, mas também seguradoras que apliquem boas práticas de sustentabilidade. Essa cadeia de valor desemboca no corretor, que é o porta-voz desses valores ao cliente.
- Relatórios de sustentabilidade: um passo inicial para uma pequena empresa entrar para o mundo ASG é realizar um raio-x de suas práticas. Isso significa analisar o impacto de tudo que ela faz em relação ao meio ambiente, sociedade e governança. E nada melhor do que investir num relatório de sustentabilidade para obter essas informações e tomar boas decisões quanto ao futuro.
Quando a empresa está começando a analisar os quesitos de sustentabilidade, pode se valer da experiência de clientes e fornecedores. “Muitas vezes, os parceiros da empresa já possuem uma estrutura de sustentabilidade formada. Isso contribui com a sustentabilidade de toda a cadeia, formando uma verdadeira cadeia de valor”, sugere o professor.
Outra forma muito importante de ser sustentável é saber gerenciar os impactos negativos do negócio, sejam diretos ou indiretos. Outra dica é ter pronto um plano de gestão de crise.
Atuação social
Uma empresa nunca está situada numa bolha. “Pode ser que essa corretora de seguros esteja instalada num bairro onde exista alguma vulnerabilidade social. Nesse caso, a empresa pode contribuir com melhorias. Por exemplo, com programas e projetos para colaborar com aquela comunidade. Outra forma de agir é ativar ações internas. Isso pode incluir o reuso e reaproveitamento da água, a destinação correta de resíduos, o gerenciamento de práticas de Recursos Humanos, e a prática da inclusão”, explica Pablo. São pequenas ações, mas é preciso começar de algum ponto.
Governança e boa gestão são a resposta!
Não adianta fazer ASG sem boas práticas de gestão. Um ponto importante para pequenas empresas é realizar um planejamento estratégico que permita à corretora crescer e angariar mais clientes, além de reter os atuais, de maneira sustentável. Isso significa que todos os gastos e investimentos explicados nesta matéria precisam ser previstos, planejados, lançados no orçamento anual. O importante é começar!
Uma última dica: dentro da boa governança está a correta separação do dinheiro da pessoa jurídica da física, ponto em que muitas empresas pequenas esbarram. Até porque é necessário reinvestir capital na empresa, com sabedoria e consciência.
Vamos lá?