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Perspectivas

CNseg projeta crescimento de 8% do mercado de seguros em 2026, mesmo com incertezas sobre IOF na Previdência

O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, e a diretora de Sustentabilidade, Claudia Prates, na coletiva de imprensa
O presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, e a diretora de Sustentabilidade, Claudia Prates, na coletiva de imprensa

O mercado segurador brasileiro deverá crescer 8% em 2026, mesmo diante das incertezas geradas pela cobrança do IOF sobre os planos de Previdência Aberta. A projeção foi apresentada pela Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) durante coletiva de imprensa realizada na última quinta-feira (11/12), em São Paulo.

Segundo a entidade, a estimativa considera todos os segmentos do setor, com exceção da Previdência Aberta, que ficou fora do cálculo devido à imprevisibilidade dos impactos do IOF e às mudanças previstas para a regra de tributação a partir de 2026.

De acordo com o presidente da CNseg, Dyogo Oliveira, o novo desenho do IOF dificulta qualquer projeção de comportamento do consumidor. “Até 2025, aportes de até R$ 300 mil por seguradora estavam isentos. Em 2026, o limite sobe para R$ 600 mil, mas passa a valer de forma agregada, considerando o total investido pelo cliente em uma ou mais seguradoras. Não há como antecipar como o consumidor irá reagir”, afirmou.

Mesmo assim, Dyogo destacou que o desempenho esperado é positivo. “Com uma inflação estimada em torno de 4%, estamos falando de um crescimento real próximo de 4%, distribuído entre vários ramos, o que demonstra a resiliência do setor segurador”, reforçou.

Dyogo Oliveira e Claudia Prates

Cenário macroeconômico mais favorável em 2026

A CNseg também apresentou suas projeções macroeconômicas para o próximo ano. A expectativa é de que o PIB brasileiro cresça 1,95% em 2026, percentual ligeiramente acima das estimativas do mercado financeiro. A entidade projeta ainda inflação de 4,08%, câmbio médio de R$ 5,38 por dólar e queda da Selic para 12% ao final do ano, ante os 15% estimados para 2025.

Para a Confederação, a redução dos juros tende a favorecer o crédito, os investimentos e o consumo, criando um ambiente mais propício para a expansão dos seguros, especialmente nos ramos ligados ao mercado imobiliário, automotivo e de infraestrutura.

Seguro Automóvel mantém trajetória de expansão

Entre os destaques para 2026 está o seguro Automóvel, que deve registrar crescimento de 7,7%. O desempenho é sustentado pela estabilidade da sinistralidade – que ficou em 59,8% até setembro de 2025 – e pelo avanço nas vendas de veículos, especialmente elétricos e híbridos, cujos emplacamentos cresceram mais de 50% no acumulado do ano, segundo dados da Fenabrave apresentados pela CNseg.

A entidade avalia que a maior eficiência energética e o avanço tecnológico desses modelos ampliam o interesse do consumidor e impulsionam a demanda por seguros mais especializados.

Seguro Habitacional acompanha aquecimento do mercado imobiliário

Outro segmento com perspectiva positiva é o seguro Habitacional, cuja arrecadação deve crescer 10,2% em 2026. O avanço acompanha o bom momento do mercado imobiliário, impulsionado principalmente pelo programa Minha Casa, Minha Vida, responsável por quase 30% do crescimento nos lançamentos residenciais em 2025.

Estudo da ABRAINC, em parceria com a Brain Inteligência Estratégica, aponta que a intenção de compra de imóveis segue elevada nos próximos 24 meses, especialmente entre consumidores da Geração Z, dos quais 62% manifestam algum grau de interesse em adquirir um imóvel – fator que sustenta a demanda por seguros associados ao crédito habitacional.

Transporte e Garantia ganham força com logística e investimentos públicos

No segmento de Transportes, a CNseg projeta crescimento de 6,6% em 2026, puxado pela expansão do comércio eletrônico e pela demanda logística. A expectativa é reforçada pela integração do seguro ao controle regulatório do transporte rodoviário, o que tende a ampliar a fiscalização e a formalização das apólices.

Já o seguro Garantia deve avançar 12,1%, beneficiado pelo aumento das obras públicas, concessões, licitações e pela maior demanda por Garantia Judicial. A projeção leva em conta o volume de investimentos do PAC, estimado em R$ 1,7 trilhão até 2027, além dos efeitos da Reforma Tributária e da nova Lei de Seguros.

Seguro Rural segue como ponto de atenção

Apesar do cenário geral positivo, o seguro Rural permanece como o principal ponto de alerta para o setor. A expectativa é de crescimento de apenas 2,3% em 2026, abaixo da inflação. O desempenho reflete a inadimplência elevada em 2025, que atingiu 11,4% em outubro, além das incertezas relacionadas ao orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR).

Em 2025, o PSR cobriu cerca de 2,2 milhões de hectares, menos de 5% da área agricultável do país. A CNseg, no entanto, destaca que o cenário pode melhorar caso avance o Projeto de Lei nº 2.951/2024, que transforma a subvenção ao seguro rural em despesa obrigatória da União e abre caminho para a criação de um Fundo de Catástrofe, com aportes públicos de até R$ 4 bilhões.

Setor reforça papel estratégico na economia e na sustentabilidade

Além das projeções econômicas, a CNseg reforçou durante a coletiva o papel estratégico do setor segurador na proteção financeira de famílias, empresas e do próprio Estado, especialmente diante do aumento dos eventos climáticos extremos e dos desafios fiscais enfrentados pelo país.

A diretoria de Sustentabilidade da CNseg, Claudia Prates, destacou que, nos nove primeiros meses de 2025, o setor pagou quase R$ 200 bilhões em indenizações, benefícios, resgates e sorteios, evidenciando sua relevância para a estabilidade econômica e social. Para a Confederação, o crescimento projetado para 2026 confirma que o seguro segue como um dos pilares de proteção e desenvolvimento do Brasil.