A forma como escolhemos nossas seguradoras parceiras diz muito sobre quem somos como profissionais. E, paradoxalmente, esse é um dos assuntos que mais tratamos no automático — como se fosse uma decisão técnica, protocolar, quase burocrática.
Durante anos, fomos condicionados a acreditar que o que realmente importa na hora de escolher uma seguradora é, basicamente, a comissão. O percentual que cai na conta. O quanto vamos ganhar por apólice vendida. Um critério objetivo, fácil de comparar, rápido de avaliar e — em muitos casos — perigosamente superficial.
Mas escolher um parceiro de negócio olhando apenas para o dinheiro é uma das maiores armadilhas do nosso mercado. E não porque o dinheiro não importa — claro que importa. Mas porque ele, sozinho, não conta toda a história.
O que deveria realmente pesar na balança
Quando falamos em escolher uma seguradora parceira, precisamos ir muito além da comissão. Existem outros pilares fundamentais que deveriam estar no centro dessa decisão:
O tamanho e a solidez da empresa — porque não adianta uma comissão atrativa se a seguradora não tem capacidade de honrar sinistros ou atravessar crises de mercado.
A reputação real no mercado — não a propaganda institucional, mas o que outros corretores, clientes e até os próprios reguladores dizem sobre a operação no dia a dia.
E, talvez o mais importante de todos: a jornada do cliente.
Porque é aqui que tudo se conecta — ou desmorona.
A jornada do cliente define sua paz
Uma seguradora que entende a importância da jornada do cliente oferece:
- Assistência 24 horas que realmente funciona — não aquela que existe só no papel, mas que atende, resolve e comunica.
- Processos de sinistro ágeis e transparentes — que não transformam cada acionamento em uma batalha burocrática.
- Pós-venda estruturado — que diminui drasticamente a necessidade de você, corretor, atuar como bombeiro, conciliador ou suporte técnico.
Quando a seguradora funciona bem nesses pontos, ela facilita a vida de todos: do cliente, que tem sua expectativa atendida; e sua, corretor, que pode focar no que realmente importa — crescer a carteira, prospectar, construir relacionamentos.
Quando ela falha, você vira refém. E sua reputação vai junto.
O que realmente está em jogo
A escolha certa é aquela que sustenta sua reputação no longo prazo, protege sua carteira de clientes e permite que você entregue, de fato, a experiência que prometeu. Porque, no fim do dia, é exatamente isso que retorna para você: ou a confiança renovada, ou a cobrança silenciosa.
O cliente não está preocupado com o quanto você ganha. Ele está preocupado com o que você entrega.
Ele compra tranquilidade, não comissão.
Compra segurança emocional, não tabela comercial.
Compra a certeza de que, quando algo der errado — e algo sempre pode dar errado —, você e o parceiro que você escolheu estarão lá, presentes, resolutivos, confiáveis.
E é exatamente aqui que muitas escolhas começam a ruir.
O preço invisível de uma parceria ruim
Quando a seguradora emperra um sinistro, é para você que o cliente liga — não para o 0800 da empresa.
Quando a assistência 24h não funciona, é você quem vira suporte técnico improvisado, às 23h de um sábado.
Quando a renovação vira novela burocrática, é sua credibilidade que vai para a mesa de negociação.
Ou seja: seguradora ruim cobra caro — e essa cobrança é emocional, relacional, reputacional.
Muitas vezes, o corretor se vê preso em um ciclo de desgaste contínuo: apagando incêndios que não criou, pedindo favores que não deveria precisar pedir, justificando atrasos que não são seus. Perdendo energia preciosa que poderia estar sendo investida em prospecção, relacionamento, crescimento de carteira.
E tudo isso por causa de uma escolha feita mais pelo bolso do que pela estratégia.
A pergunta que muda tudo
É aqui que a reflexão muda de tamanho.
A pergunta nunca deveria ser “quem paga mais?”.
A pergunta deveria ser:
“Qual parceira me permite entregar exatamente o que eu prometo?”
Porque o corretor que pensa assim não está apenas vendendo apólices — está curando uma carteira, construindo reputação sólida, escolhendo parceiros que fortalecem sua operação, não que drenam sua energia.
É o corretor que entende que qualidade de vida também faz parte da equação. Que tempo é patrimônio. Que paz operacional vale mais do que 3 pontos percentuais a mais na comissão — especialmente quando esses 3 pontos vêm acompanhados de dor de cabeça e desgaste com o cliente.
E, paradoxalmente, esse corretor acaba ganhando mais. Não necessariamente pela apólice individual, mas pelo ciclo virtuoso que cria ao seu redor: menos desgaste, mais foco, mais clientes satisfeitos, mais indicações orgânicas, mais longevidade na carteira.
Construindo o profissional que você quer ser
No fim das contas, toda escolha revela o tipo de profissional que estamos construindo — ou desconstruindo. E toda parceria comercial define, na prática, que tipo de experiência o cliente vai ter com você.
Não é uma questão filosófica. É estratégica, pragmática, urgente.
A pergunta que fica é simples — e direta:
Você quer ser o corretor que escolhe seguradora apenas pela comissão… ou o corretor que escolhe pela experiência completa que quer entregar?
Porque, no fundo, é essa escolha que define quem cresce de forma sustentável — e quem apenas se cansa no meio do caminho.
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E você? Que critérios realmente guiam suas escolhas de parceria?
