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Catástrofes naturais

Consultoria apresenta análises sobre o Furacão Melissa

Aon amplia proteção contra riscos climáticos com título de catástrofe para a Jamaica após impacto do fenômeno

Consultoria apresenta análises sobre o Furacão Melissa

A consultoria e corretora global Aon anunciou a estruturação de um título de catástrofe (cat bond) de US$ 150 milhões para fornecer cobertura paramétrica à Jamaica contra perdas causadas por tempestades nomeadas, com vigência até dezembro de 2027. O instrumento financeiro foi projetado para garantir pagamentos rápidos e automáticos ao país em caso de eventos climáticos extremos, como o Furacão Melissa, que recentemente atingiu o Caribe com intensidade recorde.

Contexto e importância da cobertura

O novo título — chamado IBRD 136 Jamaica — é resultado de uma parceria público-privada entre o governo jamaicano, o Banco Mundial e investidores internacionais. Ele funciona como uma apólice de seguro paramétrica, ou seja, os pagamentos são acionados automaticamente com base em parâmetros físicos do evento (como velocidade dos ventos ou pressão atmosférica), sem necessidade de cálculo de perdas reais.

Segundo a Aon, esse tipo de estrutura é fundamental para países vulneráveis a desastres naturais, pois reduz o tempo de resposta e garante liquidez imediata para reconstrução de infraestruturas críticas e apoio às comunidades afetadas.

Lições do passado e novos alertas

Dan Hartung, Global Head of Event Response da Aon, destacou a relevância histórica e o aprendizado trazido pelo Furacão Gilbert, que devastou a Jamaica em 1988.

“O Furacão Gilbert continua sendo a tempestade mais custosa da história da Jamaica, com perdas econômicas ajustadas pela inflação de US$ 4,1 bilhões e perdas seguradas de apenas US$ 215 milhões. Essa lacuna ressalta um desafio persistente — a baixa penetração de seguros na região — que continua a deixar comunidades expostas ao impacto financeiro total de eventos climáticos extremos”, explica Hartung.

Com o Furacão Melissa, o especialista observa que o país volta a enfrentar um teste de resiliência. “Gilbert serve como um parâmetro de alerta. Mecanismos como o título de catástrofe da Jamaica ajudam a preencher essa lacuna ao fornecer financiamento imediato e pré-acordado para a recuperação”, acrescenta.

Desempenho do título e resposta ao Furacão Melissa

De acordo com Chris Lefferdink, Head de Insurance Linked Securities (ILS) para a América do Norte na Aon, os primeiros dados indicam que o Furacão Melissa pode ter atingido níveis que acionam o pagamento total da apólice:

“A pressão se manteve abaixo de 900 milibares em várias áreas — um sinal claro da potência desta tempestade. Sob o título IBRD 136 Jamaica, esse nível de intensidade poderia acionar um pagamento de 100%, uma vez confirmado por um revisor independente.”

Lefferdink ressalta que, embora os números finais ainda estejam sendo verificados, o mecanismo “está cumprindo o que foi projetado para fazer: levar fundos essenciais ao país rapidamente após um grande desastre”.

Avanço dos títulos de catástrofe

Os títulos de catástrofe têm se consolidado como ferramentas inovadoras de financiamento climático. Segundo a Aon, o mercado global de cat bonds cresceu mais de 50% desde o fim de 2022, alcançando quase US$ 55 bilhões em emissões. O aumento reflete a confiança dos investidores nesse tipo de ativo, que alia retorno financeiro ao impacto social positivo.

“Esses títulos são um ótimo exemplo de como novas formas de seguro podem rapidamente fornecer financiamento após eventos climáticos extremos. A inovação na modelagem de risco e em finanças estruturadas é essencial para construir resiliência quando as comunidades mais precisam”, afirma Lefferdink.

Perspectivas e relevância regional

O sucesso da operação da Jamaica reforça o papel da Aon como uma das principais facilitadoras globais de soluções de transferência de risco climático, apoiando governos e instituições financeiras em toda a América Latina e Caribe.

Nos últimos anos, o modelo paramétrico tem se expandido também para países como México, Chile e Colômbia, além de iniciativas em discussão no Brasil — especialmente diante do aumento da frequência e intensidade de eventos climáticos, como secas, enchentes e tempestades tropicais.

Para a Aon, o objetivo é claro: fechar a lacuna de proteção e acelerar a recuperação econômica em um mundo cada vez mais exposto ao risco climático.