Facebook Pixel

Automóvel

Vendas de carros elétricos disparam no Brasil e desafiam setor de seguros

Explosão de vendas de elétricos pressiona seguradoras a criar novos produtos e capacitar equipes

Vendas de carros elétricos disparam no Brasil e desafiam setor de seguros

As vendas de veículos elétricos continuam em ritmo acelerado no Brasil. Segundo dados divulgados pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), no primeiro semestre de 2025 foram emplacadas 30,4 mil unidades de BEVs (Battery Electric Vehicles), o que representa uma alta de 33% em relação ao mesmo período de 2024.

Já os números da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) mostram um avanço ainda mais robusto quando considerado o conjunto de veículos eletrificados — que inclui híbridos leves, híbridos plug-in e elétricos puros. No total, 111 mil unidades foram comercializadas de janeiro a junho, garantindo ao segmento uma participação de 10% do mercado brasileiro de automóveis. A variação é de 41,9% acima do volume registrado no ano anterior, consolidando um novo patamar de consumo no país.

Fatores por trás do crescimento

Especialistas do setor apontam que a combinação de incentivos fiscais, expansão da infraestrutura de recarga e maior oferta de modelos – desde compactos urbanos até SUVs premium – tem contribuído para a popularização da tecnologia. Além disso, a agenda ESG das empresas e a busca dos consumidores por soluções mais sustentáveis reforçam a demanda.

“O veículo elétrico tem menos complexidade mecânica, o que tende a reduzir alguns custos de manutenção. Mas o desafio no Brasil ainda está em ampliar a infraestrutura de recarga, especialmente para motoristas de aplicativos”, explica Luccas Souza, especialista em eletromobilidade.

Impactos no mercado de seguros

Esse boom, no entanto, traz desafios imediatos para o setor de seguros. Entre eles:

  • Precificação de riscos – Com um mercado ainda de baixa escala e custos elevados de reparação, as seguradoras têm dificuldades para definir prêmios competitivos.
  • Capacitação técnica – Oficinas credenciadas e reguladores de sinistros precisam de treinamento específico para lidar com baterias de alta tensão e tecnologias embarcadas.
  • Produtos sob medida – A criação de seguros específicos para elétricos, cobrindo desde assistência especializada em recarga até riscos ligados à substituição de baterias, já está em curso em algumas companhias.

A Bradesco Seguros, por exemplo, registrou crescimento de 300% nas contratações de seguros para veículos elétricos no 1º semestre de 2025. A companhia já oferece coberturas exclusivas, como proteção para bateria, reboque até pontos de recarga e cobertura para carregadores portáteis.

Para a Suhai Seguradora, o seguro para elétricos tende a seguir as mesmas bases dos veículos a combustão – roubo, furto, colisão, danos a terceiros e assistência 24h –, mas com adaptações específicas. “O mercado precisa se estruturar para dar suporte adequado a esses veículos, desde oficinas capacitadas até assistência técnica especializada”, afirmou a companhia.

Já a Gente Seguradora reforça que, em muitos casos, os valores de apólice já se aproximam dos seguros para carros a combustão, embora existam preocupações adicionais relacionadas à bateria e à disponibilidade de reparo.

Segurança e percepção do consumidor

Apesar de dúvidas e mitos, especialistas reforçam a confiabilidade da tecnologia. “O veículo elétrico é totalmente seguro, com risco de incêndio até menor do que os veículos a combustão”, destacou o diretor de uma empresa de recarga no Nordeste, em entrevista recente.

O que esperar para os próximos anos

Projeções da indústria indicam que a participação dos eletrificados pode dobrar até 2030, acompanhando a tendência global de descarbonização da frota. Para o consumidor, isso significa mais opções, maior competitividade de preços e soluções inovadoras em serviços financeiros e de mobilidade.

Para o mercado segurador, o desafio é antecipar-se, investindo em inovação, treinamento e novos modelos de cobertura. Afinal, a transição energética da mobilidade não é mais uma hipótese futura: já está em curso e promete redefinir toda a cadeia automotiva.