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Riscos

Com ciberataques em alta, prêmios de seguros cibernéticos no Brasil avançam 11 vezes em cinco anos

Explosão dos crimes digitais impulsiona demanda por apólices especializadas, mas mercado brasileiro ainda está em fase inicial e precisa ampliar prevenção, governança e educação em riscos cibernéticos

Com ciberataques em alta, prêmios de seguros cibernéticos no Brasil avançam 11 vezes em cinco anos

O avanço da criminalidade digital no Brasil transformou o seguro cibernético em uma das linhas de maior crescimento do mercado segurador. Dados do relatório “Cybersegurança no Brasil e no Mundo”, elaborado pela corretora de resseguros Guy Carpenter, mostram que entre 2019 e 2024 os prêmios emitidos nesta modalidade saltaram de R$ 21,4 milhões para R$ 237,5 milhões, um crescimento de 11 vezes em apenas cinco anos – equivalente a uma taxa média anual de 62%.

Somente no primeiro trimestre de 2025, foram registrados R$ 66,3 milhões em prêmios, dos quais 72,5% foram cedidos ao resseguro, o que reforça a percepção de alto risco e a necessidade de pulverização dessas exposições.

Seguro cibernético: mercado em construção

Apesar da expansão acelerada, o setor ainda é incipiente no Brasil. Para Pedro Farme, CEO da Guy Carpenter, a tendência é de contínua maturação: “Com o aumento dos ataques cibernéticos no Brasil, organizações estão buscando soluções para proteger informações críticas e garantir a continuidade operacional de seus negócios. O seguro é crucial para a transferência de riscos, e o setor está evoluindo para oferecer soluções personalizadas que atendam às necessidades específicas dos clientes, incluindo serviços de resposta a incidentes.”

Além da cobertura financeira, as seguradoras vêm agregando pacotes de serviços de prevenção e resposta, como monitoramento, consultoria em governança de dados e suporte em crises de reputação.

Quatro pilares de segurança

A análise da Guy Carpenter aponta que a estratégia das empresas deve se apoiar em quatro pilares:

  • Detecção – identificar rapidamente comportamentos suspeitos e vulnerabilidades;
  • Prevenção – implementar camadas robustas de proteção digital;
  • Resposta – estruturar protocolos de reação imediata a incidentes;
  • Transferência de risco – utilizar o seguro como ferramenta para reduzir perdas financeiras e operacionais.

Nesse contexto, a Inteligência Artificial Generativa surge como um novo fator de preocupação. O uso desordenado da tecnologia amplia riscos relacionados à produção de desinformação, ataques automatizados, violações de privacidade e ausência de governança. O 20º Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial, em parceria com a Marsh McLennan, alerta que esses elementos já estão entre os principais desafios de segurança cibernética global.

Cenário de ameaças e histórico de ataques

O Brasil ocupa posição de destaque em volume de ataques cibernéticos na América Latina. Casos de ransomware, vazamento de dados e fraudes financeiras se multiplicam, impactando desde pequenas empresas até grandes grupos corporativos.

Um episódio recente reforçou a dimensão global desse risco. Em julho de 2024, ocorreu o maior ciberataque da história, quando uma atualização mal-sucedida da empresa de segurança CrowdStrike paralisou milhões de sistemas Windows no mundo inteiro, inclusive em setores críticos como aviação, bancos e saúde. O episódio evidenciou como falhas em fornecedores estratégicos podem desencadear crises em escala planetária.

Perspectivas

Com o avanço da digitalização, a dependência de sistemas conectados e a sofisticação dos criminosos, o seguro cibernético deve ganhar cada vez mais protagonismo no Brasil. Para especialistas, o próximo passo será ampliar a educação das empresas sobre riscos digitais, ajustar modelos de subscrição e desenvolver produtos mais acessíveis para pequenas e médias companhias, hoje ainda pouco representadas na carteira.

Fonte: análises Guy Carpenter com dados Susep