O setor de seguros brasileiro demonstrou um crescimento sólido no primeiro semestre de 2025, com um lucro líquido consolidado de R$ 16,5 bilhões. O valor representa um aumento de 16% em comparação com o mesmo período do ano anterior, quando o setor registrou R$ 14,2 bilhões.
Os dados, compilados pela consultoria Siscorp com base em informações da Susep (sem incluir saúde), mostram o ganho de escala dos grandes conglomerados financeiros e a melhoria dos resultados técnicos, acelerados por um ambiente de menor volatilidade.
Os líderes do mercado e a ascensão de concorrentes
O ranking de lucro líquido apresentou uma mudança no topo. O Banco do Brasil assumiu a liderança, com R$ 3,2 bilhões de lucro, uma alta de 26% em relação a 2024. Já o Bradesco, que liderou no ano anterior, ficou em segunda posição com R$ 2,4 bilhões, registrando uma queda de 12%.
No entanto, é importante ressaltar que, ao incluir a área de saúde (fiscalizada pela ANS), o Grupo Bradesco Seguros mantém a liderança do setor, com um lucro líquido de R$ 4,737 bilhões no semestre.
A Caixa Econômica Federal manteve-se na terceira colocação com R$ 2,05 bilhões, seguida pelo Itaú Unibanco com R$ 1,26 bilhão.
Entre os grupos estrangeiros, a SulAmérica teve um crescimento expressivo, subindo do oitavo para o quinto lugar, com um lucro de R$ 852 milhões, uma alta de 74%. Porto Seguro e Tokio Marine disputam a sexta posição, com lucros de R$ 832 milhões e R$ 792 milhões, respectivamente.
Por outro lado, a Prudential registrou uma retração de 4% e caiu da quinta para a oitava posição.
Outras companhias também se destacaram. A Zurich praticamente dobrou seu lucro, atingindo R$ 520 milhões. A Seguros Unimed e a Icatu também apresentaram resultados positivos, subindo de posição no ranking.
A rentabilidade média do setor, medida pelo Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE), também melhorou, passando de 25% em 2024 para 28% em 2025.
O Banco do Brasil se destacou com um ROE de 88%, enquanto a XP Vida e Previdência registrou um dos maiores crescimentos percentuais, com 41%.
Previdência privada em alerta
Enquanto o setor de seguros como um todo demonstra força, a previdência privada enfrenta desafios. A Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (Fenaprevi) reportou que a captação líquida do VGBL foi negativa em R$ 3,1 bilhões no primeiro semestre. A entidade atribui a queda à cobrança de IOF no produto, que gerou insegurança e instabilidade regulatória.
O presidente da Fenaprevi, Edson Franco, enfatizou a importância do VGBL como um instrumento de proteção previdenciária e defendeu a revogação do IOF.
A CNseg, por sua vez, ainda não atualizou a projeção de crescimento do setor para o ano, que antes era de 10%. A confederação concentra seus esforços na preparação para o novo Marco Legal dos Seguros e na agenda climática.
Concentração de mercado e eficiência operacional
O levantamento da Siscorp indica uma crescente concentração de lucros nos grandes grupos financeiros, que se beneficiam da diversificação e dos canais de distribuição bancários.
O relatório também aponta que companhias independentes como SulAmérica, Porto Seguro e Tokio Marine estão ganhando terreno com estratégias diferenciadas e eficiência operacional, mostrando que, mesmo em um cenário de alta concentração, ainda há espaço para crescimento fora do eixo bancário.