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Coluna do influenciador

O custo do seguro: muito além do valor do veículo

É necessário entender os vários fatores que as seguradoras consideram ao precificar o seguro

O custo do seguro: muito além do valor do veículo

Muitos clientes ainda acreditam que o custo do seguro está diretamente ligado ao valor do veículo. Essa percepção é bastante comum, especialmente entre aqueles que não estão tão familiarizados com os detalhes do mercado de seguros. Para um corretor experiente, porém, fica claro que o cálculo do prêmio envolve muitos outros fatores além do valor de mercado do carro. Ao focarmos apenas no preço do veículo, deixamos de lado a complexidade do que realmente compõe o custo do seguro.

Em média, a cada 10 sinistros que resultam em indenizações pelas seguradoras, apenas dois correspondem a perdas totais. Isso mostra que a principal causa de aumento no custo do seguro não é a perda total do veículo, mas os danos parciais e os danos causados a terceiros. Essas coberturas, além do risco de roubo, são o que realmente impacta o preço do seguro.

Outro conceito importante é o de “salvado”, ou seja, o veículo danificado que a seguradora mantém após uma perda total. Mesmo quando a seguradora paga o valor integral do carro, ela consegue recuperar parte desse valor com a venda do salvado, reduzindo o impacto financeiro da indenização. Isso significa que, para a seguradora, o risco de uma perda total não é tão grande quanto pode parecer à primeira vista.

Quanto custa um seguro e por quê?

O seguro de um Porsche 911, avaliado em mais de R$ 1 milhão, custa R$ 30.923,75. Embora o valor do seguro represente 3% do valor do veículo, esse custo é extremamente competitivo quando consideramos o risco envolvido e os elevados custos de reposição e manutenção de peças.

Aqui estão alguns dados relevantes sobre o seguro desse veículo:

Valor do seguro: R$ 30.923,75

Franquias:

Franquia total (casco): R$ 63.752,00

Para-brisa: R$ 4.124,80

Farol principal: R$ 20.285,00

Lanterna LED: R$ 10.577,58

Retrovisores: R$ 3.514,56

Custo das peças:

Para-brisa: R$ 15.000,00

Farol principal: R$ 64.000,00

Lanterna traseira: R$ 20.000,00

Retrovisor (lente): R$ 3.974,67

Custo total (farol + retrovisor + lanterna): Aproximadamente R$ 100.000,00

Esses valores exemplificam como o alto custo das peças de reposição e a tecnologia embarcada no Porsche impactam diretamente o preço do seguro. Com peças tão caras, um pequeno acidente pode gerar um prejuízo muito alto, refletindo diretamente no custo da apólice. O valor do seguro, portanto, é um reflexo não só do valor do carro, mas dos custos elevados associados à manutenção, reposição de peças e risco global do veículo.

Embora o seguro de R$ 30.923,75 represente 3% do valor do carro, ele está em um patamar competitivo quando consideramos o risco global assumido pela seguradora. Esse custo reflete os riscos elevados devido ao alto valor das peças, à tecnologia avançada e à manutenção especializada necessária para veículos desse porte. Além disso, o risco de roubo e os custos com a reparação especializada de um veículo como o Porsche impactam diretamente no valor do seguro.

Interessante notar também que, apesar do alto valor de mercado e da sofisticação do Porsche, existem seguros de caminhões com valores de prêmio bem próximos ao do Porsche, mas com custos que podem ser contratados por menos de R$ 20.000. Esse exemplo reforça ainda mais a ideia de que o valor do seguro não está apenas atrelado ao preço do veículo, mas a diversos fatores relacionados ao risco total que a seguradora assume.

Outro fator importante a ser considerado é a constante valorização dos custos das peças. Nos últimos anos, o preço das peças subiu cerca de 4% ao mês, o que tem um grande impacto no cálculo do seguro. Além disso, as seguradoras compram essas peças diretamente das concessionárias, o que aumenta o custo, já que elas precisam pagar o valor mais alto devido à exclusividade da montadora e à marca das peças.

Por fim, o perfil do condutor também é um dos fatores determinantes no cálculo do seguro. O tipo de uso do carro, se ele é usado para fins comerciais ou particulares, e a presença de bônus por não sinistro, são aspectos que afetam diretamente o valor do prêmio. Estatisticamente, proprietários de veículos novos tendem a ser mais cuidadosos, o que reduz o risco de sinistros e pode resultar em um seguro mais barato. Por outro lado, veículos mais antigos podem ter um seguro mais caro devido à dificuldade de encontrar peças de reposição e ao risco maior de danos.

Ao analisarmos todos esses fatores, fica claro que o custo do seguro não é simplesmente uma porcentagem do valor do carro. O que realmente determina o preço são os riscos envolvidos, como a possibilidade de danos parciais, o risco de roubo, o perfil do condutor, e especialmente os custos com a reposição de peças e serviços de reparação. Ao compreender e explicar esses aspectos para o cliente, conseguimos quebrar a objeção baseada apenas no valor do carro e esclarecer como o preço do seguro é justo e bem fundamentado.

Com essa compreensão, fica muito mais fácil discutir o custo do seguro de forma clara e objetiva, permitindo que o cliente entenda como o valor da apólice reflete a análise detalhada de vários fatores, todos baseados no risco real do veículo e do motorista. Isso facilita o fechamento do seguro de maneira mais tranquila e consciente, com a certeza de que o valor do prêmio é adequado e calculado com precisão.

Hugo Mariano também fala sobre este conceito em um post na página da Anko Seguros no Instagram: confira!