Nos últimos dois anos, o Brasil viu um salto significativo nos roubos de carga durante a noite. O relatório “Análise de Roubo de Cargas”, divulgado pela nstech, revela que essas ocorrências representaram 45,2% do total no primeiro trimestre de 2025 — quase o triplo do índice de 15,6% registrado no mesmo período de 2023.
O estudo também destaca a interiorização desses crimes. Embora a região Sudeste concentre 72% dos casos, essa participação caiu em relação a 2023, quando representava 83,2%. Em contrapartida, estados como o Maranhão registraram alta expressiva, passando de 0,9% para 11,3%. São Paulo e Rio de Janeiro continuam sendo os estados com maior número de prejuízos, somando mais de 60% das perdas nacionais.
Os principais alvos são cargas fracionadas (44,1%), alimentos (36,6%) e eletrônicos (8,1%), sobretudo em operações urbanas e de curto trajeto. As rodovias BR-316 e BR-116 lideram o ranking das mais perigosas para o transporte dessas mercadorias.
Esse panorama impõe novos desafios ao setor de transportes, que busca soluções mais eficazes para proteger as cargas. João Paulo, CEO da corretora Mundo Seguro, sediada no Vale do Aço (MG) e especializada em seguros para transporte de cargas desde 2014, observa que “esses produtos costumam trafegar em rotas curtas e previsíveis, o que facilita a ação criminosa. Por isso, atualmente, não basta contar apenas com o seguro obrigatório. É essencial contratar coberturas como RCTR-C e RC-DC e investir em tecnologias de rastreamento e gestão de riscos”.
A corretora de seguros, que gerencia ativos e passivos que somam cerca de R$ 3 bilhões mensalmente e atende mais de 5 mil clientes, tem percebido um aumento na demanda por apólices mais completas e personalizadas. Esse movimento acompanha o crescimento do mercado segurador para transporte de cargas: dados da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) mostram que o seguro contra roubo de cargas cresceu 29% em arrecadação no primeiro semestre de 2024, somando R$ 628,4 milhões.
João Paulo reforça que acompanhar essas mudanças é essencial: “O mercado de transporte está em constante evolução, e as estratégias de proteção precisam avançar junto. Hoje, investir em tecnologia e na análise de riscos deixou de ser um diferencial — tornou-se uma necessidade para garantir a segurança das cargas e a continuidade das operações”.
Ele conclui: “Quanto maior a exposição, maior deve ser a proteção. Um seguro bem estruturado, aliado a tecnologias de gestão de risco, é fundamental para mitigar perdas e manter a continuidade dos negócios”.