No Dia do Engenheiro Agrônomo, comemorado hoje (13), que tal refletir sobre o papel determinante desses profissionais diante dos desafios impostos pelas mudanças climáticas, especialmente no setor agrícola e no setor de seguro agro?
Exploramos as principais questões discutidas por José Luiz Rodrigues, engenheiro agrônomo e sócio da AgroBR – Assessoria em Seguro Rural, sobre como o seguro agrícola está se adaptando às novas realidades do setor.
O impacto das mudanças climáticas na agricultura
Há décadas, a comunidade científica alerta para as consequências das mudanças climáticas e seus impactos em diversas áreas, incluindo a agricultura. Apesar de algumas resistências e negações, os efeitos das alterações climáticas são evidentes e afetam o planeta de maneira global.
Rodrigues destaca que, embora a tecnologia permita prever tendências climáticas com alguma precisão, a realidade muitas vezes supera as previsões. “Hoje temos estudos e ferramentas que podem nos direcionar para o que poderá ocorrer, como a previsão de um verão com fenômenos de La Niña, que trará aumento de chuvas nas regiões Norte e Nordeste e seca no Sul do Brasil”, explica Rodrigues.
Desafios e ações necessárias no setor agrícola
Os efeitos das mudanças climáticas, como altas temperaturas e períodos prolongados de estiagem, têm causado prejuízos à agricultura brasileira.
Para enfrentar esses desafios, Rodrigues sugere uma série de ações fundamentais. “É essencial reduzir o uso de insumos que dependem de recursos fósseis, como o petróleo, e aumentar o uso de insumos biológicos e regenerativos”, afirma.
Além disso, ele enfatiza a importância da difusão de práticas sustentáveis, como sistemas agroflorestais e agricultura orgânica, e a necessidade de políticas governamentais que incentivem essas práticas.
Práticas sustentáveis já são uma realidade
Algumas práticas agronômicas sustentáveis estão ganhando espaço entre os produtores. O plantio direto, por exemplo, alcançou 36 milhões de hectares no Brasil em 2020, representando 54% da área plantada com grãos.
O plantio consorciado de milho com braquiária e a reserva de áreas para o cultivo de plantas regenerativas também estão se tornando comuns. Rodrigues destaca os sistemas agroflorestais, como o “cabruca”, utilizado nas plantações de cacau na Bahia.
“O sistema de cabruca, que combina cacau com outras espécies, contribui para a biodiversidade, controle natural de pragas e preservação das espécies nativas”, exemplifica Rodrigues.
O papel do seguro agro
O seguro agro tem um papel importante na mitigação dos riscos associados às mudanças climáticas. No entanto, com o aumento da sinistralidade, o mercado segurador enfrenta desafios para oferecer produtos adequados a diferentes sistemas de produção.
Rodrigues observa que “o maior emprego de tecnologia para análise de riscos pelas seguradoras tem levado a mais negativas, principalmente para áreas com históricos ruins de produtividade e problemas socioambientais.”
Ele acrescenta que a adaptação dos produtos de seguro às novas práticas e sistemas de cultivo é uma necessidade urgente. “O mercado segurador precisa criar produtos que atendam a sistemas alternativos de produção e oferecer taxas praticáveis”, ressalta Rodrigues.
Ele também destaca a importância de ações concretas para enfrentar os efeitos das mudanças climáticas. “É fundamental que haja uma reflexão sobre o que tem sido feito e o que ainda pode ser feito. Mais do que discursos, precisamos de ações efetivas para alterar o rumo das mudanças”, conclui.
A atuação do profissional engenheiro agrônomo
A atuação dos engenheiros agrônomos e a adaptação do seguro agrícola às novas realidades climáticas garantem a resiliência do setor agrícola.
No Dia do Engenheiro Agrônomo, é importante reconhecer a importância dessas contribuições e o impacto das mudanças climáticas na agricultura e no mercado de seguros.
A busca por soluções sustentáveis e a adaptação dos produtos de seguro são fundamentais para enfrentar os desafios e assegurar a continuidade e sucesso das atividades agrícolas em um cenário de mudanças climáticas.
Seguros de grãos: ferramenta essencial para proteger a produção agrícola
O seguro agrícola desempenha um papel de peso na proteção das finanças dos produtores rurais e na sustentabilidade econômica de municípios dependentes do agronegócio. Em um cenário de mudanças climáticas cada vez mais imprevisíveis, a demanda por seguros voltados para culturas de grãos, como soja, milho e feijão, tem crescido.
No entanto, desafios importantes ainda impedem a ampla adoção dessa ferramenta, segundo Rodrigues.
Principais desafios e oportunidades na comercialização
De acordo com Rodrigues, a comercialização de seguros para culturas de verão, como soja, milho e feijão, começou em maio, com o fechamento das vendas se aproximando. “Estamos na reta final das vendas, algumas seguradoras já encerraram as vendas em municípios onde atingiram a ‘capacidade técnica’, devido à alta concentração de vendas”, explica.
Além disso, os recursos governamentais destinados à subvenção do seguro rural, essenciais para reduzir os custos das apólices, são limitados.
Apesar dos desafios, ele vê um grande campo de oportunidades. “Nos municípios com maior aptidão agrícola, além de grãos, há espaço para comercialização de seguros em outras culturas, como cana, café, frutas e hortaliças”, afirma Rodrigues.
O mercado agrícola brasileiro oferece um potencial de crescimento promissor, desde que os corretores de seguros saibam aproveitar as janelas de contratação e orientar seus clientes de maneira eficiente.