“Não seremos substituídos pela tecnologia, seremos substituídos por humanos que usam a tecnologia melhor do que nós.”
O profissional mais desejado em qualquer área do conhecimento é aquele que, daqui por diante, equilibrar suas habilidades entre as competências relacionadas ao comportamento humano e as habilidades técnicas que compõem as competências práticas dos profissionais. Isso porque para ter sucesso no ambiente tecnológico que se forma, o valor está em o profissional ser humano, empático e ético, sabendo usar o máximo da tecnologia.
Sendo assim, começar a fazer bem o feijão com arroz é primordial, depois deve-se investir em carreira estratégica, formações, idiomas, qualificações, aprendizagens e entendimento das tecnologias. Ou seja, antes de se aprender um ofício é necessário aprender a trabalhar, a conviver e a se relacionar.
Esse foi o tema principal da palestra “Mentalidade Inovadora”, ministrada na 7a Convenção Nacional da Lojacorr, em Curitiba, com o patrocínio da Universeg Bradesco Seguros. A condução foi feita por Martha Gabriel, ícone multidisciplinar na América Latina nas áreas de negócios, tendências e inovação. Autora dos best sellers “Você, Eu e os Robôs: como se transformar no profissional digital do futuro” (finalista do Prêmio Jabuti), “Marketing na Era Digital” e “Inteligência Artificial: do zero ao metaverso”. Futurista pelo IFTF, engenheira (Unicamp), pós-graduada em Marketing e design, mestre e PhD em artes pela ECA/USP e formação executiva pelo MIT Sloan.
Martha citou que antigamente as coisas mudavam mais lentamente, mas a partir da metade do século passado, a velocidade começou a acelerar, e hoje a transformação dobra a cada dia. “Para entender e acompanhar todo esse processo, é necessário buscar aprender as regras do jogo e usar a tecnologia a seu favor. Por mais competente que a pessoa seja, o novo é sempre algo que se precisa conhecer para compreender”, explica.
A futurista levou a plateia à reflexão quando explicou como a cultura corporativa pode fomentar a inovação, passando pelas pessoas. Pensando que todos estão em contato com todos e que a Inteligência Artificial fará cada vez mais parte da rotina da população, há um cenário desafiador e ao mesmo tempo cheio de oportunidades. Isso porque a velocidade é um obstáculo que precisa ser administrado, mas por outro lado é também um estímulo. “Há estudos que falam o quanto as pessoas precisam estar atualizadas para acompanhar o mundo e hoje o índice é de 60% delas”, expõe.
Entretanto, para acompanhar a inovação ou mesmo criá-la, gerando valor a algo novo, é preciso ter foco e entender que a transformação traz novos comportamentos. “Um ótimo exemplo é o quanto hoje nos incomodamos em receber ligações que não foram permitidas antes. Essa é uma mentalidade digital”, cita a especialista.
Habilidades do futuro
Entre as competências do hoje e do amanhã, Martha Gabriel passeia por algumas delas e explica o quanto são importantes para estar mais preparado para o mundo. “Além de entender as regras do jogo e estar aberto a essas oportunidades, com o foco em soluções, ter pensamento crítico e analítico dá direcionamento, pois afeta a forma como enxergamos e julgamos as coisas, pessoas e acontecimentos”, conduz.
Uma forma de fazer isso é propiciar aos filhos essa oportunidade de questionar, para que haja uma discussão sobre diferentes parâmetros do mesmo assunto, sem defender posicionamentos, mas sim por meio do ceticismo amável, proporcionando vieses cognitivos, mas com argumentação e retórica. Esse comportamento gera repertório, através da diversidade. Outro viés da inovação é a criatividade e, para criar, é preciso conhecer coisas novas, expandir nichos, colaborar e ouvir. Para dar sentido e saber conduzir todo o repertório, ser humano, empático e ético é o que gera emoção. “Emoção é o que faz o coração do outro bater, ética é o que regula os relacionamentos e que garante que a humanidade dure, e empatia é prestar atenção no outro”, relata Martha.
Além de tudo isso, a futurista explica que adaptabilidade, resiliência e colaboração estão entre as habilidades do agora. “As maiores empresas do mundo tem parcerias umas com as outras e a era da cooperação é o que tem oferecido grandes oportunidades de desenvolvimento”, acredita.
Quando se trata de tecnologia, Martha defende que o futuro é híbrido, nenhuma máquina substituirá as habilidades do que é uma competência humana. Todavia, a tecnologia recria a realidade todos os dias. Não seremos substituídos pela tecnologia, só seremos substituídos por humanos que usam melhor a tecnologia que nós. Por isso, para entender, dominar e usar melhor, tem que experimentar”, finaliza.